METEOROS

O mundo hoje é dividido em opiniões sobre se estamos sozinhos no universo ou não. Fatos históricos e acontecimentos recentes remetem às possibilidades de que já havíamos sido visitados antes por seres extraterrestres. 

Mesmo com vários fatos e relatos de humanos que avistaram ou até mesmo que foram abduzidos, nada foi comprovado, até o dia que…

— Herbert, acorde! Não está ouvindo o despertador? Vai perder a chuva de meteoros! — gritou a mãe dele.

Ele acordou ainda muito sonolento e levantou. Calmamente pegou seu telescópio e saiu do quarto.

— HERBERTTT! 

— Já acordei! Obrigado, mãe! — disse Herbert indo até a geladeira para beber água.

A Sra. Ana, mãe de Herbert, era viúva e para ganhar o sustento, costurava para uma pequena confecção no interior de Minas Gerais. Para dar conta das várias peças de roupas que lhes rendiam um pouco mais de um salário mínimo por mês, ela ficava até tarde costurando.

O pai de Herbert sofreu algo trágico há cinco anos no hospício. Ele era fazendeiro e, depois da noite de 11 de junho, nunca mais foi o mesmo.

O Sr. Mário foi internado como louco por dizer coisas como ter sido abduzido e que estava com a cabeça repleta de informações alienígenas. Informações que não compreendia. Ele repetia três nomes e fez isso por anos.

Meses depois, o Sr. Mário bateu a cabeça na parede por várias vezes e morreu de traumatismo craniano.

Herbert posicionou o telescópio para a constelação de gêmeos e aguardou a chuva de meteoros que seria ocasionada pelo cruzamento da órbita de um cometa que deixou, em sua passagem, uma nuvem de destroços. Depois de poucos minutos aguardando, ele começou a ver algumas estrelas cadentes. O céu estava limpo e a temperatura agradável.

— Hã? O que é aquilo? — disse Herbert olhando para uma luz no céu que parecia aumentar em sua direção.

De repente uma outra luz muito forte ofuscou sua visão.

— O que é isso?! Você! Tire essa lanterna da minha cara! — tentou ordenar Herbert, frustrado.

— O que está fazendo, seu nerd? Olha! Ele está olhando as estrelas! — disse Léo derrubando o telescópio de Herbert.

Nerd idiota! — disse um dos amigos de Léo que o acompanhava.

— Vamos, galera! Não vamos perder tempo com esse nerd infantil! — disse Viviane, a menina mais cobiçada da cidade.

O grupo de Léo estava indo acampar ali por perto. Herbert os ignorou, levantou seu telescópio novamente e voltou a olhar a chuva de meteoros. Para sua decepção, daquele momento em diante, ele praticamente não viu mais nenhuma luz caindo do céu. Ele recolheu o equipamento e voltou para casa, mas subitamente ele avistou um brilho muito forte.

Ele seguiu em direção à luz. Ouviu gritos e acelerou o passo. Por um instante Herbert hesitou e nesse momento a luz forte desapareceu. Ele, com medo, seguiu cautelosamente até o local onde observou o brilho ofuscante. Chegando ele viu as coisas do grupo do Léo largadas no chão. Sem entender o que havia acontecido, ele olhou para o céu. 

Herbert viu um pequeno ponto de luz que se movimentou rapidamente até desaparecer. Ele concluiu naquele momento que poderia ter acontecido uma abdução, mas estava desacreditado de tal possibilidade, com medo de acharem que estava ficando igual ao pai.

Herbert percebeu que havia pessoas se aproximando. Ele saiu correndo do local sem olhar para trás. Entrou em casa, onde sua mãe ainda estava costurando e sem falar com ela, seguiu para seu quarto. Herbert sentou à beira da sua cama pensativo e nervoso.

— O que houve meu filho? — perguntou sua mãe adentrando ao seu quarto.

Ele hesitou por uns instantes antes de responder.

— Nada, mãe. Só estou cansado. Vou tomar um banho e dormir — disse Herbert sem olhar para ela.

Sua mãe ficou desconfiada, mas como tinha ainda muito serviço para concluir, voltou para as costuras.

Herbert tomou banho, deitou na cama absorto e permaneceu assim até o amanhecer. Ainda bem cedo e sem sono, ele se levantou e foi até a cozinha para comer algo. Sua mãe também havia passado a noite acordada, trabalhando. Ela parecia exausta, mas continuava costurando e assistindo ao noticiário local da manhã.

— Quatro jovens desapareceram na noite passada. Seus pertences foram encontrados na floresta de camping ao sul da cidade… 

— Isso aconteceu aqui perto — disse a Sra. Ana, surpresa.

Herbert continuou vendo o noticiário assustado.

— O que foi meu filho? Você está estranho desde que voltou ontem à noite — disse sua mãe, desconfiada.

Ele ainda olhando para o noticiário, que já passava outra notícia, se assustou com o barulho de alguém batendo na porta. Herbert foi atender.

— Desculpe o incômodo. Só vamos fazer algumas perguntas — disse o policial.

O garoto ficou surpreso com a presença de dois policiais na sua porta. Sua mãe apareceu atrás dele.

— O que houve? Em que posso ajudá-los? — perguntou Sra. Ana.

— Estamos investigando o desaparecimento de quatro jovens que ocorreu aqui perto. Se puderem responder a duas perguntas — disse o policial da Silva.

— Sim, pois não? — disse a mãe de Herbert.

— Nome de vocês e o que estavam fazendo ontem à noite?

— Meu nome é Ana e esse é meu filho, Herbert. Eu estava costurando e meu filho estava no quarto, se quiserem podem entrar e ver minha máquina de costura e o que estava produzindo — disse a Sra. Ana com olhar fixo no policial da Silva.

O investigador ficou encarando-a por uns segundos.

— Tudo bem! Desculpe o incômodo. Se acharem algo suspeito, contacte a polícia imediatamente.

A mãe de Herbert acenou com a cabeça confirmando. Os policiais foram embora e Herbert foi para seu quarto refletindo sobre o assunto. A Sra. Ana estava preocupada com o filho, mas não deu muita atenção, pois as costuras estavam atrasadas e ela precisava entregá-las no dia seguinte.

Deu a hora do almoço e Herbert saiu do quarto para comer. Sua mãe havia feito uma pausa para preparar uma comida rápida. Eles se alimentaram em silêncio e Herbert voltou para o quarto. Sua mãe foi até o filho para conversar. Ela ficou parada na porta observando-o e resolveu deixá-lo quieto.

Sr. Ana estava exausta e tentou voltar a costurar, mas foi até sua cama para descansar uns minutos e tentar recuperar o máximo de energia para terminar o trabalho sem erros.

Horas se passaram e Herbert saiu do quarto. Já era noite e ele não encontrou sua mãe. O coração dele acelerou e Herbert correu até o quarto dela. Para seu alívio ela estava dormindo. Herbert foi beber água e da janela viu um ponto de luz forte vindo da direção do local onde estava vendo os meteoros na noite anterior.

Por um instante ele ficou com medo, mas resolveu ir ver de perto. O ponto de luz ficou mais forte. Herbert correu até o local, contudo parou, porque pensou que poderia ser os policiais procurando por algo. Ele resolveu voltar, quando algo penetrou no seu pescoço e ele desmaiou.

 

***

 

— Onde estou? disse Herbert com muita dor de cabeça e deitado em um local frio e estranho.

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— O que é isso? Quero sair daqui! — disse ele vendo alguém estranho se aproximar.

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Herbert sentiu uma forte pressão na cabeça e seus olhos se fecharam lentamente.

 

***

 

— Encontrei — disse um policial.

Os demais policiais se aproximaram com suas lanternas do local onde o companheiro apontava.

— Sim, bate com a descrição de um dos desaparecidos. Tirem-na daqui.

Os policiais levaram a menina identificada como Viviane. Ela parecia não reconhecer onde estava. A garota parecia não se lembrar de nada. Não respondia aos estímulos. Parecia que estava sob efeito de drogas pesadas. Foram feitos exames toxicológicos nela, mas para surpresa dos médicos que estavam cuidando dela, nada encontraram no resultado.

Dois dias se passaram e Viviane disse uma coisa, um nome, repetido várias vezes por dois minutos.

— Herbert, Herbert, Herbert…

Os policiais que estavam cuidando do caso associaram o desaparecimento do menino Herbert com o dos outros garotos que desapareceram na noite anterior à dele. Eles tentaram conversar com Viviane, mas não conseguiram tirar mais nenhuma palavra dela.

Um bom tempo se passou e o caso não teve mais nenhuma resposta. Ele foi arquivado. Viviane foi internada e permanece até hoje em um centro psiquiátrico. Um dia ela recebeu uma visita inesperada.

— Olá! Me disseram que você não conversa com ninguém, mas não tive escolha. Meu sentido de mãe diz que meu filho ainda está vivo. Você há muito tempo disse o nome dele. Vocês desapareceram na mesma época. O que você sabe sobre ele? Por favor, me diga algo! — disse a Sra. Ana, chorando.

Viviane permaneceu olhando para o nada. A mãe de Herbert viu que não ia conseguir nenhuma resposta dela e se levantou desapontada. A menina virou o pescoço para o lado.

— Herbert, Herbert, Herbert…

— Sim, meu filho. O que sabe sobre ele?

Viviane olhou para o chão e depois de uns segundos.

— Herbert, Herbert, Herbert… ele agora é um deles.

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Conto de narrativa interessante

27 de novembro de 2020

5 estrelas

Kelly

Topp

9 de agosto de 2020

Que venham as novas aventuras

Cris