CAPÍTULO 1

“”Jean Renard Rocha, CEO de uma das principais redes de bistrôs, torterias e bookcafés já criados neste país, sendo a Artigianale, a mais importante das franquias, por arrecadar sozinha cerca de 50% dos lucros do conglomerado, com sua série de icecafés refinados, preparados com um espaço para eventos, galerias de arte, além da qualidade de seus produtos autênticos e naturais.

No entanto, de onde veio esse rapaz, que com apenas 33 anos, já se equipara a grandes empresários, que só atingiram o sucesso após anos no mercado…””

— Aaa… Não sei se estou indo bem… O que acha Laís? – reclamo estendendo a folha que eu rascunhei para minha colega de mesa.

 

    Ser redatora e jornalista de um veículo impresso, não tem sido muito fácil na atualidade. Pra piorar, junto com as baixas vendas, vem as demissões e economia de espaço. Agora, o que antes eu fazia em uma mesa toda para mim, tenho que dividir com Lais. O que não é tão ruim por um lado, pois ela ao menos é organizada, discreta e ajuda bastante com suas avaliações de meus rascunhos, mas eu… Bom… Digamos que organizada é uma palavra muito forte.

 

    Como eu disse, trabalhar ao lado da Laís não é tão ruim, se não fosse por ela se meter na minha vida como se fosse minha mãe.

 

    O que importa se não me maqueio, se me visto como se fosse uma senhora, ou se não uso brincos?

 

   Eu uso brincos, sei me maquiar… Só é pouco prático me preocupar com isso todo dia, se no fim das contas vou ter que me livrar de tudo isso quando eu for dormir. É perda de tempo.

 

  E quanto às roupas: eu prezo pelo meu conforto, ora bolas.

 

“Ah! Mas se continuar assim você será uma eterna solteirona…”

 

    Bah! Como se eu fosse querer viver com um cara que só me acha bonita quando estou produzida… Aff!

 

    Não sou mais a tolinha de dezesseis anos que sonhava em viver um romance digno dos livros que já li na vida. Amor à primeira vista, príncipe encantado, alma gêmea, destinos cruzados, cara gostoso bom de cama que só deseja a mesma mulher… Nah! Isso não existe! Sinto muito,mas essa é a realidade.

 

    Todo homem é igual e ponto final. Vão te querer até se cansar, achar algo melhor, depois: tchau!

 

    Ah!!!! Eu e meu péssimo hábito de perder o foco…

 

— Isso não parece um texto para a coluna de fofocas… – questionou Laís analisando meus garranchos com aquele oclinhos finos e cheios de charme que ela sempre usava.

 

— Acredito que seu eu fizer algo mais profissional, talvez passem a matéria para a coluna de economia. É melhor que ficar no meio dos ti ti tis da vida alheia…

 

    E de fato, para quem escrevia sobre empreendedorismo, arte, ecologia e sustentabilidade, ir parar na coluna de fofocas, era meio que uma regressão.

 

— Mas o que você sabe sobre esse tal Jean, que valha um espaço na coluna de economia? – Laís me encarava com a sobrancelha arqueada, por cima do papel que estava a sua frente – Pelo que eu saiba, tudo o que tem para se saber sobre ele nesse espectro, várias revista de empreendedorismo já publicaram. O João quer algo que ninguém sabe. E ninguém sabe sobre a vida pessoal dele…

 

— E por isso, EU, vou ter que virar uma paparatiz mexeriqueira?

 

— Eu sei… Isso é…

 

— Revoltante?

 

— Na verdade eu ia dizer intrusivo. MAS, isso não vai mudar o fato que você vai ter que ir entrevistar esse moço…

 

— Entrevistar é o de menos. – constatei me afundando de vez em minha cadeira – O problema é fazer um cara desses falar de sua vida íntima para uma jornalista que pretende publicar tudo, por mais que na verdade eu não queria… – murmurei ao esconder meu rosto em minhas mãos.

 

— Eliz… Pra que tanto drama? – disse Laís massageando meus ombros ao ver meu stress – Não deve ser tão terrível. Bob e Cida faziam isso com tanta facilidade.

 

— Bob e Cida são fofoqueiros natos! E Bob ainda é blogueiro… Eu não entendi porque o chefinho escolheu logo eu para isso. Até você se daria melhor.

 

— Liz, Liz… Sabe que estamos com pouco pessoal. Bob de férias, Cida em licença maternidade… Mas pense: o cara não gosta de falar de sua vida pessoal para a imprensa. Acha mesmo que ele receberia um jornalista que normalmente só publica nas colunas sociais?

 

    Pensando dessa forma, até que Laís tem razão. Mas eu não iria admitir que eu era pessoa certa para aquela tarefa.

 

    Não mesmo.

 

— Laís… Por favor. – suplique tentando fazer uma carinha de cãozinho pidão – Por favorzinho…! Convença seu pai a colocar outra pessoa.

 

— Fora de cogitação darling… Senhor João está irredutível ultimamente. – disse ela fazendo um careta de quem chupou limão azedo – Até as contas com os anunciantes estabilizarem o caixa, ele não vai melhorar esse humor.

 

— Sei…

 

    Enquanto isso, eu é que pago o sapo.

 

    C’est la vie

0,0
0,0 out of 5 stars (based on 0 reviews)
Excelente0%
Muito bom0%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

There are no reviews yet. Be the first one to write one.

Está curtindo a história da G. S. K. Kitsune? Conheça o seu trabalho!

Apoie o AUTORA para que mais obras sejam disponibilizadas de forma GRATUITA.
Acompanhe seu trabalho nas REDES SOCIAIS.