CAPÍTULO

3

AS RAÍZES DO VENTO

Adritiff terminou os procedimentos para deixar o garoto misterioso o mais indetectável possível. Se um drone de patrulha ou identificação o abordasse, ele seria identificado como Drihee. Lillillah preparou sua USaM para prosseguir com os chamados de socorro. Adritiff acionou dois robôs drones Yu e Ya. Eles seriam os meios de auxílio e comunicação segura entre ele e Lillillah. Yu foi com ela e Drihee. 

— Vou pesquisar tudo sobre os Ikihatsunukishi e aquele objeto —  disse Adritiff, empolgado.

— Vou continuar com os atendimentos. Ainda tenho um período de plantão. Ele virá comigo — disse Lillillah, olhando para Drihee.

— Atendimentos? — perguntou Drihee.

— Sim! Eu atendo nairinianos de outras TERRAS que necessitam de auxílio médico e não têm os recursos necessários — respondeu Lillillah.

— Auxílio médico? TERRAS?

Lillillah olhou para Adritiff sem paciência.

— Vamos, garoto sem memória. Explico no caminho.

Eles partiram para atender aos chamados. Uma solicitação de emergência veio da TERRA FIRHIRNETRIDD. Enquanto seguiam para atender o chamado, Lillillah foi explicando pacientemente as coisas para Drihee. Ele fazia muitas perguntas bobas, mas logo foi assimilando as explicações com mais facilidade.

Chegando ao local eles se depararam com uma cidade bem exótica. Os moradores locais olhavam para eles desconfiados. Lillillah detectou a moradia e logo entraram para realizar o atendimento.

— Agradecemos o comparecimento. Venham. É por aqui — disse o ancião Strilhe.

Eles entraram em um quarto e viram a companheira anciã dele deitada e tremendo. Lillillah agiu imediatamente dando-lhe um sedativo. Ela fez um scanner e logo constatou diversos tumores do tipo que ainda não possuíam cura eficiente e em estágio bem avançado.

— Lamento, mas…

— Sim, eu sei — disse Strilhe.

— Deveria ter acionado a emergência bem antes — disse Lillillah.

— Realmente, mas nosso povo não aprova o uso de recursos da TERRA CENTRAL. Apesar de possuirmos o acordo de colaboração assinado por nosso Líder anterior, o atual Líder está cancelando, dizendo que a grande maioria do nosso povo não necessita de tal auxílio.

— Compreendo, mas essa atitude será muito prejudicial ao seu povo. Vocês da TERRA FIRHIRNETRIDD não desenvolvem tecnologias próprias. É um povo com costumes primitivos e se negarem o auxílio podem ser extintos caso contraiam alguma doença grave de forma coletiva.

— Sim, você tem razão, minha jovem, mas a democracia venceu — disse o ancião Strilhe, com olhar triste.

— O senhor pode pedir transferência para a TERRA CENTRAL ou qualquer OUTRA TERRA mais avançada, que não tenha essas culturas primitivas.

O ancião Strilhe se aproximou da companheira que já não se mexia mais e pegou na mão dela.

— Devia ter tomado essa atitude antes, mas ela não queria abandonar o lar de nascença. Agora… Até poderia ir, mas… mas vou encerrar minha vida onde ela encerrou a dela. Ela vai me esperar. Vou deixar acontecer — disse o ancião, chorando.

Lillillah e Drihee não souberam o que fazer. Quando ela ia dizer algo…

— Obrigado! Vocês podem ir. Continuem com os atendimentos abençoados — disse o ancião Strilhe, sem olhar para eles.

Lillillah e Drihee saíram. 

— Estranho! — disse Drihee, enquanto embarcava na USaM.

— Estranho, o quê? 

— A morte! Parece que vivi esse sentimento recentemente — disse Drihee, com olhar confuso.

Lillillah olhou para ele pensativa e quando ia dizer algo, o comunicador de emergência tocou.

— Temos mais um atendimento para fazer. É em uma TERRA vizinha. TERRA NOUHAURRU. É um chamado estranho. Eles têm um sistema de saúde avançado.

Lillillah ignorou esse fato e eles seguiram caminho. Em pouco tempo eles chegaram e sobrevoaram a cidade principal da TERRA NOUHAURRU, que era mais moderna que a TERRA FIRHIRNETRIDD, e seguiram para o sul. A USaM aterrissou em um vilarejo que parecia ser habitado por nairinianos não habituados com tecnologia, mas…

— Parece que as coisas não se encaixam por aqui. Alguma coisa me diz que nesse local o passado e futuro estão juntos — disse Drihee, confuso.

— Sim! Este é um povo que recebe ajuda constante da TERRA CENTRAL, sendo que desenvolve sua própria tecnologia. Contudo, alguns deles não abandonaram sua cultura primitiva e tentam viver em harmonia com as tradições antigas e a tecnologia que não para de evoluir.

— Acho que entendi! Já vi isso em algum filme — disse Drihee, parecendo atordoado.

— Filme? O que é filme? — perguntou Lillillah, sem entender a palavra.

— Não sei. Filme? Acho que filme são coisas que passam no Tab TV — disse Drihee, ainda mais confuso.

Tab TV? — disse Lillillah, com olhar preocupado.

— Também não sei. Essas lembranças estão aparecendo distorcidas — disse Drihee, colocando a mão na cabeça.

Lillillah se aproximou dele.

— Acalme-se! Suas memórias devem estar voltando. Com o tempo tudo deve ficar mais compreensível. Vamos! Temos um chamado para atender!

Drihee a acompanhou. Eles chegaram numa residência e logo foram recebidos.

— Venham, venham! Meu nome é Gelfourth, ajudem-me, por favor. Ela se acidentou… Acho que dá tempo de salvá-la.

Gelfourth levou Lillillah e Drihee até sua companheira, que se encontrava desacordada em uma área acolchoada. Lillillah iniciou imediatamente os procedimentos para saber o que havia acontecido.

— Por que não chamaram a emergência local? — questionou Lillillah.

— Ajude-a! Por favor! — disse Gelfourth, agitado.

Lillillah lançou um olhar desconfiado para Drihee, que logo percebeu algo no pescoço da companheira de Gelfourth. Eles a viraram de lado cuidadosamente.

— Esse ferimento parece de uma pancada. Lamento dizer, mas ela está mor… — disse Lillillah, sendo interrompida por um movimento brusco de Drihee.

Ele pegou automaticamente seu Ikihatsunukishi e o ativou. O pequeno cristal avermelhado se transformou numa lança e Drihee arrancou o braço de Gelfourth com a ponta do Ikihatsunukishi.

— Kunai! — disse Drihee, olhando para a ponta da lança.

— NÃOOOO! — gritou Gelfourth.

Lillillah, no susto, pegou seu Ikihatsunukishi e o ativou também. O dela também parecia uma lança, mas com a ponta diferente. Gelfourth se abaixou para pegar a arma que ia usar para atirar na cabeça de Lillillah, mas ela foi mais rápida e arrancou seu outro braço com seu Ikihatsunukishi.

— Vocês receberão a culpa por tudo isso — disse Gelfourth, rindo e desmaiando logo em seguida.

Lillillah desativou o Ikihatsunukishi, se aproximou dele e cauterizou o sangramento.

— Por que está ajudando-o? Ele ia te matar — questionou Drihee.

Lillillah não respondeu. Logo em seguida, os Seguranças da Ordem Local, chegaram e cercaram o lugar. Um Oficial Segurança adentrou o recinto e ficou surpreso com o que aconteceu. Ele ficou ainda mais surpreso com o que viu na mão do garoto. Drihee desativou seu Ikihatsunukishi e escondeu o cristal.

— Como isso é possível? — questionou para si mesmo o Segurança Oficial Mortrazha.

— Parece que somos os culpados, mas não somos. Viemos atender uma emergência, mas nos atacaram. Só estávamos nos defendendo — disse Lillillah, nervosa.

— Venham! Acompanhem-me! — ordenou Mortrazha.

— Mas…

— AGORAAA! — gritou Mortrazha, interrompendo Lillillah.

Eles o acompanharam e os três saíram.

— Temos um homicídio classe 3. Acionem a perícia. Esses dois vão me acompanhar. Eles chegaram para tentar socorrer as vítimas, mas já era tarde — disse Mortrazha ao outro Segurança Oficial.

Lillillah ficou sem entender a atitude do Oficial e, junto com Drihee, continuou acompanhando Mortrazha até a viatura de patrulha.

— Entrem, precisamos conversar — ordenou Mortrazha.

— Minha USaM está…

— Eu disse entrem! — ordenou novamente Mortrazha, interrompendo Lillillah.

Ela fez um olhar de espanto. Drihee aparentemente estava calmo, mas preocupado. Quando Lillillah ia questioná-lo novamente…

— Como pode ainda existir Ikihatsunukishisen? — perguntou Mortrazha, pensativo.

Lillillah e Drihee trocaram olhares, surpresos.

— Como sabe sobre os Ikihatsunukishisen? — questionou Lillillah, confusa e curiosa.

— Meu tataravô! Ele era um de vocês. Ele era o Ikihatsunukishisen do ar.

4,6
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

16 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

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