CAPÍTULO
4
LEGADO DE TRAIÇÃO
Lillillah olhou para Drihee, ainda mais confusa.
— Como é possível? Conte-me tudo sobre ele! — disse Lillillah encarando Mortrazha.
— Sim, irei dizer, mas antes, responda-me algumas perguntas.
— Certo! — disse Lillillah, curiosa.
— Como poderemos confiar em você? — questionou Drihee.
Lillillah olhou para ele, estranhando a pergunta.
— Lembrou-se de algo? — perguntou ela.
— Não, mas…
— Podem confiar, porque se não já estariam detidos por causa da situação em que foram flagrados — respondeu Mortrazha seriamente, interrompendo o garoto.
Drihee olhou para Lillillah e levantou o ombro, mostrando que tanto faz. Ela não compreendeu e o ignorou.
— Faça as perguntas — disse Lillillah, voltando a atenção para Mortrazha.
— Como conseguiram se esconder esse tempo todo? Não se houve falar nos Ikihatsunukishisen desde o dia do ataque por traição.
— Na verdade, tudo está sendo muito recente para mim. Tem pouco tempo que possuo o Ikihatsunukishi e ele… — disse Lillillah se interrompendo e olhando para Drihee.
— E ele…? — questionou Mortrazha.
— E ele também. Por coincidência encontramos esses Ikihatsunukishi e, para nossa surpresa, o ativamos. Estamos em buscas de respostas.
Drihee olhou para Lillillah, tentando adivinhar o que ela estava querendo.
— Como acharam? — questionou Mortrazha, desconfiado.
— Achamos à beira de um rio quando paramos para prestar um atendimento. Pela maneira que os encontramos, parece que alguém havia se desfeito deles. Agora estamos em buscas de respostas e do por que conseguimos ativá-los.
Drihee deu um singelo sorriso. Mortrazha estava desconfiado, mas não questionou a explicação.
— Compreendo, mas vocês correm altos riscos. Os Ikihatsunukishisen são considerados traidores e se os descobrirem, serão detidos.
— Sabemos disso e espero que não nos entregue — disse Lillillah, rindo.
— Como disse, se eu quisesse, vocês já estariam presos.
— Sim, ótimo. Mais alguma pergunta? Se não, fale sobre seu tataravô.
Mortrazha encarou Lillillah.
— Ele era o Ikihatsunukishisen do ar, meu tataravô G4 (GRAU 4), que foi aprisionado há muito tempo. Ele estava envolvido no ataque à TERRA CENTRAL. Foram três Ikihatsunukishisen que atacaram, mas só ele foi pego e nunca mais ouvimos falar dele. A TERRA CENTRAL alegou que ele morreu de forma misteriosa. Minha família é da TERRA BERLIMBRIH. Eu e minha mãe pedimos transferência para essa TERRA, NOUHAURRU, depois da morte do meu pai. Eu o ouvia comentando coisas sobre os Ikihatsunukishisen e sobre o meu tataravô G4, G3 dele, o Ikihatsunukishisen do ar. Eu não compreendia muita coisa na época, mas depois descobri que ele estava em busca da verdade sobre os motivos de meu tataravô G4 ter sido preso e sobre o ataque que, para ele, foi uma farsa. Meu pai achava que a TERRA CENTRAL estava mentindo sobre a morte misteriosa do meu tataravô, mas nessa busca por respostas ele acabou morrendo. Nunca soube como ele morreu, contudo, nunca busquei saber. Nossa família já carregava um alto fardo por termos tido um traidor mundial na família e eu não queria continuar desenterrando essa história que nos desonra até hoje. Contudo…
Mortrazha parou de falar e ficou pensativo olhando para o chão.
— Contudooo? — disse Lilllilah, chamando atenção dele.
— Contudo, depois que os encontrei, algo está me dizendo que meu pai estava em busca de algo importante — disse Mortrazha, parecendo emocionado.
Lillillah deduziu que ele devia ter sido muito apegado ao pai.
— Sei sobre esse ataque que ocorreu à TERRA CENTRAL, só nunca imaginei que algum dia encontraria o parente de um dos Ikihatsunukishisen envolvido. Teria alguma informação sobre o que seu pai buscava? Que verdade era essa que ele procurava?
— Lembro-me dele viver dizendo que a antiga Líder da TERRA CENTRAL não estava envolvida.
— A primeira Líder pós-retorno. Ela foi acusada de colaborar com a traição dos Ikihatsunukishisen e depois disso desapareceu — disse Lillillah, pensativa.
— Isso. Meu pai acreditava na inocência dela. Eu sempre ignorei essa possibilidade, mas mesmo assim, no fundo, algo me diz, que meu pai poderia estar certo — disse Mortrazha, desviando o olhar.
— Compreendo. Obrigado por nos livrar da enrascada que nos envolvemos. Agora, se puder nos liberar…
— O que farão daqui em diante? O que farão para encontrar as respostas?
Lillillah olhou para Drihee e respondeu:
— Não tenho um plano de busca. Por um momento acreditei que você poderia dar alguma pista que nos ajudasse.
— Acho… Acho que sei onde podem encontrar alguma pista — disse Mortrazha, pensativo.
Lillillah e Drihee trocaram olhares curiosos e depois voltaram a prestar atenção nele.
— Nas poucas coisas do meu pai, havia a informação de outra família que carregava o mesmo fardo que o nosso. Um dos parentes deles foi um Ikihatsunukishisen. Não sei se vocês seriam muito bem recebidos se chegassem perguntando sobre o membro traidor da família deles.
— Você tem razão — disse Lillillah, desanimada.
— Não custa tentar — disse Drihee.
Lillillah e Mortrazha olharam para ele ao mesmo tempo.
— Sim, mas não podemos nos expor — disse Lillillah, preocupada.
— Concordo com você, não podem se arriscar. Não desejo a vocês o mesmo destino que teve meu pai, mas…
Lillillah e Drihee esperaram por uns segundos, Mortrazha continuar a falar.
— … mas se precisarem de ajuda, posso acompanhá-los.
Ela ficou surpresa e olhou para Drihee, com uma expressão de dúvida. Ele levantou os ombros, dizendo que, tanto faz, mas Lillillah não entendeu novamente e questionou:
— Você disse que não queria ficar desenterrando essa história que traz desonra para sua família.
— Você tem razão, mas minha intuição está dizendo o contrário. Não foi coincidência encontrá-los. Deixe-me ajudá-los na busca por respostas. Suas respostas podem ser as mesmas das perguntas que me atormentam há anos — disse Mortrazha, com olhar triste.
— Seria de grande ajuda — disse Drihee, antes que Lillillah pudesse dizer algo.
Ela olhou para ele, espantada.
— É… pode ser… mas… mas você tem certeza que quer nos acompanhar? Pode ser arriscado e você não tem acesso a quase todas as TERRAS como nós temos. Acho…
— Então os levarei até a família que comentei. Eu tenho acesso à TERRA LAUJOHUM, onde eles moram. Posso não ter acesso a muitas TERRAS, mas a algumas sim. Aguardem aqui! — disse Mortrazha, interrompendo Lillillah e, logo depois, saindo.
— Para onde vai? — questionou Lillillah, preocupada.
— Aguardem!
Mortrazha foi até o local onde aconteceu o incidente e eles aguardaram impacientemente.
— Você acha que deveríamos aproveitar para ir embora? — perguntou Drihee.
— Você concordou que seria uma boa ideia ele nos acompanhar. Agora não temos escolha, se não ele poderá vir atrás da gente para nos prender.
Drihee permaneceu quieto, aguardando. Lillillah estava nervosa e depois de um tempo se levantou.
— Podemos ir! Estou liberado das minhas funções por dois períodos — disse Mortrazha, retornando.
— Tudo bem, vamos — disse Lillallah, não muito satisfeita.
Eles embarcaram na USaM e seguiram para TERRA LAUJOHUM. Durante o percurso Mortrazha fez uma observação.
— Vocês não disseram o motivo pelo qual foram atacados.
— Também não sabemos. Acho que ele só queria um culpado pelo assassinato que cometeu — disse Lillillah sem olhar para ninguém.
O restante do percurso ocorreu praticamente em silêncio. Em pouco tempo chegaram à residência da família que possuiu um membro que fora um Ikihatsunukishisen.
— E agora? Vamos chegar perguntando sobre o Ikihatsunukishisen? — questionou Lillillah com sarcasmo.
Mortrazha a ignorou, seguiu até a entrada da residência e aguardou ser atendido. Lillillah e Drihee o acompanharam. Uma linda nairiniana atendeu.
— Em que posso ajudá-los?
— Somos um grupo de investigação secreto e precisamos de informações sobre o Ikihatsunukishisen, membro da sua família — disse Mortrazha, seriamente.
— Grupo de Investigação Secreto? Como? Porque eles estão com trajes de atendimento de saúde? — perguntou a bela jovem apontando para Lillillah e Drihee. — Aqui é proibido comentar sobre os Ikihatsunukishisen. Vocês não são os primeiros que aparecem hoje perguntando sobre esse assunto. Por favor, vão embora! — disse a bela nairiniana, fechando a porta.
— Como imaginei — disse Lillillah, desapontada.
— E agora? — questionou Drihee.
— Estranho — resmungou Mortrazha.
— Vamos continuar com os atendimentos e focar em fazer você recuperar suas memórias — disse Lillillah voltando para USaM.
— Recuperar as memórias — questionou Mortrazha para Drihee.
— Vamos, depois explicamos.
Quando Mortrazha e Drihee estavam caminhando para a USaM, um jovem nairiniano apareceu.
— Vocês também querem saber sobre meu tataravô Ikihatsunukishisen. Acompanhem-me. Fiquei de encontrar o outro garoto que apareceu mais cedo aqui perto. Vamos, chegando lá falo sobre meu tataravô para todos vocês ao mesmo tempo.
Drihee e Mortrazha trocaram olhares, confusos. Drihee correu até Lillillah e falou para ela o que iriam fazer . Eles acompanharam o garoto cautelosamente. Quando chegaram ao local, encontraram outro jovem nairiniano que ficou surpreso com a presença de todos eles.
— O que está havendo? Quem são eles? — perguntou com uma das mãos atrás das costas.
— Eles estão atrás das mesmas respostas que você — disse o garoto nairiniano da família do traidor Ikihatsunukishisen, que acompanhava Lillillah e os outros.
— As mesmas respostas? Quem são vocês? — questionou o jovem nairiniano.
— Se você está querendo saber sobre os Ikihatsunukishisen, talvez não se espante em saber que eu sou uma — disse Lillillah, ativando o Ikihatsunukishi na esperança de ter uma resposta rápida do que o jovem nairiniano queria saber sobre os Ikihatsunukishisen.
Ela estava confiante de que não havia risco em revelar que era uma Ikihatsunukishisen. O jovem nairiniano não poderia fazer nada contra ela, ainda mais tendo Drihee ao seu lado, sendo ele também um Ikihatsunukishisen.
— Interessante, nunca imaginei que encontraria outros tão rapidamente — disse o jovem nairiniano rindo.
— Está rindo de quê? — questionou Mortrazha.
O jovem nairiniano mostrou uma das mãos e nela havia um pequeno cristal que imediatamente se transformou em um tipo de espada. Ele, aparentemente tentando se exibir, fez alguns movimentos habilidosos com a arma e disse:
— Também sou um Ikihatsunukishisen. O Ikihatsunukishisen da areia.
Ótimo início.
Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.
O primeiro capítulo ficou ótimo.
Bom Ate
Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo
Fácil
Muito fácil de ler e entender