NAIRIN | CAPÍTULO 9

CAPÍTULO

9

ATRAÍDOS PARA ESCURIDÃO

— Chegamos — disse Lillillah.

Todos eles desembarcaram da USaM.

— Meu pai me disse que esse lugar já foi muito movimentado — disse Maigriyah, olhando para a paisagem desértica, onde a areia cobria boa parte da cidade destruída.

— Por que essa cidade foi destruída? — questionou Drihee.

— Nairin já quase foi extinto. Ele sofreu…

— CUIDADO! — gritou Mortrazha, interrompendo Lillillah.

— Serpentes da areia! — disse Lillillah, assustada.

Ela e Drihee ativaram os seus Ikihatsunukishi e se posicionaram para a defesa. Mortrazha e Maigriyah ficaram entre os Ikihatsunukishisen.

— Elas são enormes — disse Drihee, preocupado.

Lillillah atacou de forma precipitada uma das serpentes que estava indo na direção deles. Ela lançou um jato de água, mas foi muito fraco. O ambiente seco não era favorável para seu Ikihatsunukishi. Drihee lançou uma forte rajada de fogo que fez a serpente recuar. Outras foram na direção deles e mais uma vez Drihee usou seu Ikihatsunukishi, sendo que desta vez a sua rajada de fogo se transformou em um tornado, afastando as criaturas.  Lillillah aproveitou e acionou a USaM remotamente levando-a até eles. Todos embarcaram e levantaram voo imediatamente. 

— Se não fosse a desvantagem, eu teria derrotado aquelas serpentes — disse Lillillah, tentando demonstrar confiança.

— Não me lembro de ter essas serpentes quando vim até aqui com meu pai. Tem outras coisa nesse lugar que estão diferentes. Apesar de ter um tempo, era para estar do mesmo jeito — disse Maigriyah, reparando em algumas ruínas.

— Diferentes como? — questionou Mortrazha. 

— Deixa para lá. Deve ser coisa da minha cabeça. Talvez seja por causa da presença das serpentes da areia. Elas devem ter alterado esse local. Mas o estranho é…

— É o que? — perguntou Lillillah, pois Maigriyah havia parado de falar.

— O estranho é como as serpente vieram parar aqui. Elas não são típicas desta região — disse Maigriyah, pensativa.

Boommm

— O que nos atingiu? — questionou Mortrazha.

— Não sei! Vou fazer um pouso forçado. Segurem-seee! — disse Lillillah, assustada.

Enquanto ela tentava manobrar, todos se apoiaram no que podiam. Lillillah fez o possível, mas eles se chocaram na areia violentamente. Drihee bateu a cabeça com força e apagou.

— Vocês estão bem? — perguntou Lillillah, tonta.

Mortrazha se levantou e ajudou Maigriyah a ficar de pé. Lillillah correu até Drihee, preocupada. Ela o analisou e viu que ele só desmaiou. 

— Vamos sair daqui! As serpentes sanguinárias estão vindo — disse Mortrazha olhando para fora.

Ele ajudou Lillilliah a carregar Drihee e todos saíram correndo até a ruína de um edifício. A areia atrapalhava a corrida e Maigriyah viu que não conseguiriam se salvar. Ela parou e esperou o fim. Lillillah largou Drihee, ativou o Ikihatsunukishi e foi para a frente de Maigriyah. Ela tentava se manter confiante, mas no fundo estava desesperada, pois seu ataque não os livraria das serpentes que iam na direção deles, espalhando areia para todo lado.

De repente um tornado de areia surgiu e engoliu as criaturas. Uma tempestade se formou e atrapalhou a visão de todos.

— LILLILLAHHH — gritou Mortrazha, tentando enxergá-la.

Em pouco tempo a tempestade se dissipou. Lillillah olhou para trás preocupada e puxou Maigriyah pelo braço até Mortrazha e Drihee. As serpentes haviam desaparecido e alguém caminhava tranquilamente na direção deles.

— É ele! Bilbroowh. O Ikihatsunukishisen da areia! — disse Mortrazha.

O garoto se aproximou deles e disse:

— Dois Ikihatsunukishisen e não conseguem dar conta de umas serpentezinhas!

— O que faz aqui? Por que fugiu da última vez? — questionou Lillillah, irritada com o comentário dele.

— Não trabalho em equipe. Eu que pergunto: o que estão fazendo aqui?

— Você que tem…

— Estamos em busca de uma conhecida que desapareceu — disse Maigriyah, interrompendo Lillillah.

Elas trocaram olhares de desaprovação.

— Compreendo! Tenham sorte na busca. Agora preciso continuar com a minha. E parem de ir onde eu vou…

Bilbroowh viu algo acenando para eles. Era um cão Krittibrayah balançando sua cauda.

— O que ele quer? O que esse tipo de animal faz aqui?— questionou Bilbroowh apontando para o cão Krittibrayah.

Todos direcionaram o olhar para o animal.

— Nã-ã—-ã-ooo! — disse Bilbroowh.

Algo fino atravessou seu peito. Era um espinho e todos tentaram ver da onde o mesmo veio e viram algo afundando na areia.

— Lillillah ainda com o Ikihatsunukishi ativado correu até onde viu algo afundando na areia e esperou algum ataque. Depois de pouco tempo…

— LILLILLAH. ELE PRECISA DE AJUDA! — gritou Maigriyah que segurava Bilbroowh.

Lillillah se sentindo perdida correu até eles.

— Vamos levá-los até a USaM. Dá para salvá-lo — disse Lillillah, pensando em seus equipamentos e esperando que os necessários não tenham sido danificados com a queda.

— Afinal? Quem é ele? De onde o conhecem? — questionou Maigriyah.

Enquanto eles iam para USaM, Mortrazha foi explicando para ela, sem muitos detalhes. Assim que chegaram, Lillillah iniciou os procedimentos para operar Bilbroowh. Maigriyah ficou analisando os danos da USaM.

— Acho que posso consertar o mecanismo de voo, mas preciso de um tempo — disse ela.

— Então faça — disse Lillillah concentrada na operação.

Depois de um tempo Lillillah finalizou os procedimentos e estabilizou Bilbroowh.

— Ele vai ficar…

Lillillah foi interrompida pelo balançar da USaM.

— Maigriyah — disse Mortrazha preocupado e saindo.

Ele parou e viu que a USaM estava voando. Ele olhou para baixo e viu Maigriyah.

— SAIAM DAÍÍÍ! — gritou ela.

Mortrazha olhou para o alto e viu que um drone enorme os estava abduzindo. Ele correu até Lillillah e pegou Drihee no colo, que ainda estava desacordado.

— Temos que abandonar a USaM! Vão nos capturar.

— O quê? Como? — questionou Lillillah.

Ela percebeu que a USaM estava sendo atraída por algo bem maior.

— Mas não podemos tirá-lo daqui — disse Lillillah olhando para Bilbroowh conectado aos equipamentos que o mantinham vivo.

Mortrazha pensou rápido.

— Se é a única chance de ele sobreviver, então deixe-o! Mas pegue o Ikihatsunukishi dele. Isso que não pode cair em mãos erradas!

Lillillah hesitou, mas logo em seguida pegou o que podia mais o Ikihatsunukishi de Bilbroowh e acompanhou Mortrazha.

— Teremos que pular! — disse Mortrazha.

— Mas está alto…

— A areia amorteeeeece! — disse Mortrazha pulando com Drihee nos braços.

— Como faz falta um equipamento portátil de levita…

Lillillah se lembrou da cama de levitação. Ela pegou e pulou deitada nela. Por um instante Lillillah achou que ia colidir na areia, mas a cama parou bem perto do chão e se manteve flutuando.

— Boa ideia! Podia ter me falando — falou Mortrazha sentindo muita dor.

— Coloque-o aqui!

Mortrazha colocou Drihee na cama de levitação. Eles se esconderam em uma ruína próxima. Logo depois Maigriyah se aproximou e ao lado dela estava…

— O que esse cão Krittibrayah está fazendo com você? — questionou Lillillah.

O animal seguiu na direção das ruínas de um edifício, parou e acenou com o rabo para eles.

— É estranho o comportamento dele. Ele deve estar perdido, pois esse não é o ambiente natural dele. Mas acho que ele quer que a gente o acompanhe — disse Maigriyah.

— Vamos confiar em um cão Krittibrayah? — questionou Mortrazha.

— Não temos escolha! — disse Lillillah olhando para o drone abduzindo sua USaM.

Ela ficou pensando o que explicaria à Central sobre  o que aconteceu à Unidade de Saúde Móvel. 

— E Bilbroowh? — questionou Maigriyah.

— Não tivemos escolha! — disse Lillillah se lamentando.

— Vamos logo, antes que a gente seja capturado também! — disse Mortrazha, preocupado.

Eles acompanharam o animal até uma outra ruína próxima. Adentraram e viram uma rampa íngreme. Ao lado eles avistaram uma moto de levitação. Maigriyah se aproximou dela e a analisou.

— Ela era do Bilbroowh. Mas é estranho…

Drihee acordou e se levantou assustado.

— Calma! Está tudo bem! — disse Lillillah tentando acalmá-lo.

— O que houve? Onde estamos? Cadê meu Ikihatsunukishi? — perguntou Drihee, confuso.

— Está preso à sua vestimenta — respondeu Lillillah.

— Está tudo bem? Acalme-se! — disse Mortrazha.

Maigriyah foi para perto deles. De repente, algo os empurrou até a rampa e todos escorregaram para escuridão.

4,6
Rated 4,6 out of 5
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

Rated 5,0 out of 5
29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

Rated 4,0 out of 5
18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

Rated 4,0 out of 5
17 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 8

CAPÍTULO

8

INIMIGO OCULTO

Era noite, mas as duas luas de Nairin, que estavam lado a lado, iluminavam o caminho deles.

— Lillillah, você não ia até o local onde encontrou seu Ikihatsunukishi? — questionou Mortrazha. 

— Exatamente! Vocês precisam ir até lá para saber o que houve com a filha de Mistrunihik — disse Adritiff, através do robô drone Yu.

— São tantas coisas estranhas acontecendo que havia me esquecido. Sim, vamos desviar o caminho e ir até a filha de Mistrunihik.

— Mistrunihik? — perguntou Maigriyah.

— Sim, o que me entregou o Ikihatsunukishi. Ele me deu um cristal que parecia estar na forma bruta e quando o toquei ele se transformou numa esfera e logo em seguida na arma que parece uma lança de combate. Depois disso o Ikihatsunukishi voltou a ser uma esfera e está assim até agora — disse Lillillah, olhando para seu Ikihatsunukishi em forma de uma esfera de cristal.

— Interessante e ao mesmo tempo confuso — disse Maigriyah.

Mortrazha deu um soco em uma pequena mesa ao seu lado. Todos se assustaram.

— O que houve? — perguntou Drihee.

Lillillah percebeu que Mortrazha a olhava, com raiva. Ela desviou o olhar dele. Maigriyah olhou para Drihee e perguntou, por gestos, o que estava acontecendo. Ele levantou os ombros, respondendo que não sabia. Maigriyah não entendeu o movimento.

— Por que mentiu para mim? Achei que podia confiar em vocês — disse Mortrazha, irritado.

Lillillah se tocou que, o que ela acabara de dizer, sobre ter conseguido o Ikihatsunukishi na casa de Mistrunihik, entrava em conflito com o que ela tinha dito para ele. Que havia encontrado o Ikihatsunukishi à beira de um rio.

Ela o ignorou, sentindo-se envergonhada.

— Vai fingir que não me ouviu? Diga-me, por quê? Por que mentiu?

— Desculpe-me, mas naquele momento em que conversamos, ainda não tinha certeza das suas reais intenções. Você já viu o que enfrentamos e o que possivelmente deveremos enfrentar. Temos que ter o máximo de cautela — disse Lillillah, sem olhar para ninguém.

Mortrazha permaneceu em silêncio e pensativo. Ele compreendeu, em partes, que Lillillah estava certa em ter cautela.

— Podem contar comigo! Estou com vocês nessa e espero poder contar com vocês — disse Mortrazha de cabeça baixa.

Uma mão foi estendida para ele. Mortrazha viu que era Drihee.

— Pode contar comigo também — disse Drihee, esperando que o amigo apertasse sua mão em cumprimento.

Mortrazha não compreendeu o gesto, mas por algum instinto, apertou a mão de Drihee. Ele balançou a mão de Mortrazha e sorriu.

— Vocês são estranhos — disse Maigriyah. — Vou descansar. Aqui, nessa USaM, não há muito espaço. Será que haverá lugar para todos descansarem?

Lillillah demorou a responder.

— Tem duas camas por levitação para os pacientes e uma de descanso para mim. Tem acolchoado, mas terá que ficar no chão.

— Eu fico no acolchoado — disse Mortrazha.

— Tudo bem! Vou descansar. Precisando me chamem — disse Maigriyah, indo se preparar para dormir.

Yu se aproximou cautelosamente de Lillillah e falou baixo:

— Vou indo. Estou acompanhando daqui e, se precisar, entre em contato imediatamente. Estou perto de conseguir uma resposta sobre o objeto que você deixou comigo. Mantenho você informada. Até.

O  robô drone foi para um canto e entrou em modo de repouso.

— Vou comer alguma coisa e descansar também — disse Drihee, indo até uma cama por levitação.

Mortrazha se aproximou de Lillillah.

— Desculpe-me pela grosseria. Só quero que compreenda que pode confiar em mim.

— Tudo bem, eu que peço desculpas pela minha cautela excessiva — disse Lillillah sem olhar para ele.

Mortrazha estendeu a mão para ela, esperando o mesmo comprimento que fez com Drihee. Ela sem entender, estendeu a sua.

— Esse comportamento é estranho — disse Mortrazha, sorrindo.

— Sim! Isso é coisa do Drihee. Queria saber de onde ele veio.

— Vamos descobrir todas as respostas. Só temos que confiar um no outro.

Lillillah olhou nos olhos dele e sorriu. Mortrazha foi descansar e Lillillah ficou acordada até chegar ao ponto no meio da viagem. A coordenada segura indicada por Hirahtray. A partir deste ponto eles desviariam do caminho para irem até a filha de Mistrunihik.

 Assim que chegaram ao local seguro, ela foi descansar.

 

***

 

— Já amanheceu! Acorde! — disse Lillillah para Drihee.

— Hã? Lillillah? Aconteceu alguma coisa?

— Não! Era para te avisar que estamos quase chegando.

— Entendi. Bom dia! — disse Drihee se espreguiçando.

— Bom dia? Por que bom dia? Não sabemos se teremos um bom dia — questionou Lillillah, confusa.

— É um cumprimento, eu acho — disse Drihee confuso e tentando se lembrar de algo.

— Chegamos! — disse Maigriyah se aproximando com Mortrazha.

Eles se equiparam e desembarcaram da USaM. Lillillah foi à frente e seguiu até a única habitação do local. Ela entrou cautelosamente e os outros a acompanharam, olhando para todos os lados, com atenção.

A habitação parecia não ter ninguém. Lillillah viu em cima de uma mesa a mesma caixa em que estava seu Ikihatsunukishi. Ela pegou e dentro tinha um dispositivo eletrônico. O mesmo se ativou sozinho e mostrou um holograma com uma coordenada. Maigriyah, surpresa, aproximou-se.

— Esse lugar parece familiar… AHHHH! — gritou Maigriyah se assustando com o robô drone, que apareceu de repente na sua frente.

— SAIAM JÁ DAÍ! VOCÊS FORAM CERCADOS PELOS HANKYTERS! — gritou Adritiff, desesperado.

Um disparo a laser acertou o robô drone, danificando-o seriamente. 

— ABAIXEM-SE! — ordenou Mortrazha se jogando no chão.

Todos se jogaram seguindo o instinto e diversos disparos vindos de todos os lados, destruía tudo. Quando os disparos cessaram, o robô drone, mesmo com falhas, se aproximou de Lillillah.

— Vou distraí-los lá fora e me autodestruir. Aproveitem para fugir — disse Adritiff.

— Tudo bem! Eu entro em contat…

— Nããããooo use meios de comunicação convencionais. Vou rastreá-los. Esperem que eu entre em contato de uma forma segura. Façam de tudo para saírem dessa. Usem o poder de vocês. Se forem capturados por eles, tenho quase certeza que não poderei fazer na—da p–or vo—c…

— O que houve? Adritiff? Adri…?

A comunicação começou a falhar. O robô drone saiu da residência e de repente os disparos voltaram. Logo em seguida uma forte explosão fez o chão tremer.

— AGORAAAA! VAMOS POR AQUI! — gritou Lillillah.

Todos se levantaram de forma desesperada e a seguiram. Eles saíram pelos fundos. Drihee foi o último a sair e parou pensativo. Ninguém percebeu que ele havia ficado para trás. Drihee se lembrou de uma discussão que teve com uma mulher que parecia ser bem próxima a ele. Seu coração apertou e um sentimento de desespero para conseguir saber quem era ela, tomou conta dele.

Um disparo acertou sua perna.

— AHHH! — gritou Drihee se contorcendo de dor.

— Atrás! Peguei um — disse um Hankyter pelo comunicador.

Outro Hankyter se aproximou dizendo:

— Deixe-o comigo. Vá atrás dos outros.

— Afirmativo.

Drihee pegou seu Ikihatsunukishi, ativou e apontou para o Hankyter. Eles ficaram se encarando, quando de repente um jato de água acertou o Hankyter. Lillillah correu até Drihee e o ajudou a fugir dali. Ela acionou a USaM por comando à distância e a levou para perto deles. Maigriyah e Mortrazha, aproximaram-se e todos entraram na USaM

Vários Hankyters correram na direção deles.

— NÃO VAMOS CONSEGUIR FUGIR! SÃO MUITOS! — gritou Mortrazha.

Antes de eles decolarem, Drihee, com o pensamento em fúria, por não ter conseguido lembrar de onde era a mulher em seu pensamento, apontou o seu Ikihatsunukishi para os Hankyters e lançou uma rajada de fogo neles. Os inimigos se dispersaram tentando escapar da labareda que consumia tudo.

Eles decolaram e fugiram em alta velocidade. Encontraram um lugar com uma floresta densa e se esconderam.

— Essa foi por pouco — disse Drihee.

Todos olharam para ele ao mesmo tempo.

— O que faremos agora? — questionou Mortrazha. — Temos que descobrir por que eles estão atrás da gente.

— Hankyters, são caçadores sem lei. Eles recebem serviços de diversas outras TERRAS e invadem qualquer lugar como espiões. Eles matam ou sequestram sem sentimento de culpa. Só existem para executarem as missões obscuras pelas quais são pagos. Não consegui investigar muito a respeito, mas acredito que eles façam serviços para a TERRA CENTRAL — disse Maigriyah, pensativa.

— Possível! Eu não confio na TERRA CENTRAL — disse Mortrazha.

— Antes de sermos atacados, você disse alguma coisa do lugar que vimos no holograma. Que lugar é esse? Precisamos ir até lá para sabermos o que houve com a filha de Mistrunihik — disse Lillillah, preocupada, enquanto cuidava do ferimento de Drihee.

— É um lugar remoto ao sul. Teríamos que atravessar o oceano ou seguir pela TERRA CENTRAL até chegar lá — disse Maigriyah.

— Estou lembrando que você comentou que esse lugar era familiar. Por que? — perguntou Lillillah.

— Eu e meu pai já fomos lá investigar sobre um possível local, onde poderia ter escritos antigos que relatam muitos fatos históricos de Nairin. Uma biblioteca perdida, mas quando chegamos lá não encontramos nada. Coincidência a coordenada do holograma indicar para lá — disse Maigriyah, pensativa.

— Vamos lá investigar. Precisamos saber o que houve com Ninitrik — disse Lillillah, terminando os curativos em Drihee.

— Mas e a missão que meu pai nos deixou? Temos que ir até a coordenada que ele nos deixou. Já desviamos o foco até aqui e quase fomos capturados. Temos que seguir o que ele falou para investigarmos — questionou Maigriyah.

— Acho melhor seguirmos o que ela disse. Se formos até esse lugar remoto do holograma, pode ser que caiamos em alguma armadilha. Não sabemos quem deixou esse holograma lá — disse Mortrazha .

Lillillah ficou pensativa com o comentário dele. Ela ficou dividida com as opiniões, mas a sua prioridade era encontrar Ninitrik, filha de Mistrunihik. Quando Lillillah ia falar algo…

— Eu me distraí e acabei me ferindo, mas enquanto eu e Lillillah tivermos nossos Ikihatsunukishi, acho que poderemos enfrentar esses tal de Hankyaters. Se essa menina a qual viemos procurar foi capturada. Vamos resgatá-la! — disse Drihee, querendo mostrar confiança.

Lillillah olhou nos olhos dele e sorriu.

— Mesmo vocês sendo Ikihatsunukishisen, se forem pegos pela TERRA CENTRAL, sofrerão. Eles têm poder para destruí-los, sem esforços — disse Mortrazha.

— Concordo com você, mas vamos atrás de Ninitrik primeiro. Vamos com cautela. Se não a encontrarmos, voltamos e seguimos até a coordenada que o senhor Hirahtray nos passou — disse Lillillah olhando para Maigriyah.

Elas sorriram uma para outra. Mortrazha pareceu ficar insatisfeito, mas não questionou. Maigriyah preparou uma rota segura até a coordenada do holograma e logo depois de um tempo, eles partiram.

 

***

 

— Vamos apagar esse fogo para não chamarmos atenção e não deixarmos rastros significativos — disse um dos Hankyaters para outros deles.

O Hankyater que foi atacado por Lillillah, se afastou dos outros e entrou em contato com seu superior.

— Eles fugiram, mas a missão está sob controle. A USaM está sendo rastreada e eles devem seguir as coordenadas. Farei de tudo para que os Ikihatsunukishisen não saiam do nosso objetivo.

4,6
Rated 4,6 out of 5
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

Rated 5,0 out of 5
29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

Rated 4,0 out of 5
18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

Rated 4,0 out of 5
17 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 7

CAPÍTULO

7

AMIGO OU INIMIGO?

Lillillah estava levantando voo com a USaM para ir até a residência de Ninitrik, filha de Mistrunihik, quando Yu voou rapidamente para cima dela.

— AHHHHHH! ROBÔ INÚTILLL! — gritou Lillillah, dando um tapa nele.

Yu voltou para frente dela.

— Lillillah, sou eu novamente — disse Adritiff.

— Tenha cuidado com esse robô — reclamou Lillillah.

— Vocês precisam fugir! Acho que descobriram sobre vocês. Alguém da família que vocês foram ver solicitou um chamado de segurança, alegando que um dos seus parentes foi atacado. Vou te passar uma coordenada segura, para se esconderem — disse Adritiff, nervoso.

— Como você deixou? Achei que você era… O que? O que está acontecendo?

— O que está havendo, Lillillah? — perguntou Mortrazha, trocando olhares com Drihee.

— Perdi o controle da USaM! — disse ela, desesperada.

— Estou vendo daqui! Alguém hackeou a USaM — disse Adritiff.

Lillillah olhou para Drihee e Mortrazha, sem esperanças de se livrar do problema que eles haviam acabado de ter. Depois de um tempo em silêncio e apreensivos, tentando entender para onde estavam sendo levados, Adritiff por meio do robô drone Yu

— Como é possível? Vocês estão sendo conduzidos para a coordenada segura que eu ia direcioná-los, mas não sou eu que estou no controle. Como? O que está acontecendo?

— Como assim? Então quem está nos controlando? — questionou Lillillah, nervosa.

Drihee e Mortrazha trocavam olhares, preocupados. Quando Mortrazha ia dizer algo, Lillillah gritou:

— NÃÃÃÃOOO!

Ela socou os controles de direção da USaM. Eles estavam em alta velocidade e em pouco tempo chegaram a TERRA vizinha, CAIJUNHIUM.

— Estamos parando — disse Mortrazha, tentando ver onde estavam.

— TERRA CAIJUNHIUM. Povoado local, não aderiu à tecnologia e não tem acordo de colaboração e recebimento de recursos da TERRA CENTRAL. CAIJUNHIUM é uma TERRA neutra, porém não aceitam que outras TERRAS entrem aqui sem autorização.

— Se eles não aderiram à tecnologia, como que eles ficam sabendo quando alguém entra na TERRA deles? — questionou Drihee.

— Não aderir a uma tecnologia, não quer dizer que não podemos desenvolver as nossas próprias — disse uma voz feminina, saindo dos comunicadores da USaM.

— O que? Quem é? — perguntou Lillillah, nervosa.

— Essa voz é familiar — disse Adritiff — Maigriyah? O que você está fazendo? — perguntou o amigo de Lillillah, confuso.

— Ha! Ha! Agora admita que sou melhor do que você! Estou infiltrada no seu sistema há tempos e você não me detectou — disse Maigriyah, rindo.

— Quem é essa GAROTA? — questionou Lillillah, irritada.

— É uma amiga, eu acho. Ela trabalhou comigo na TERRA CENTRAL. Fiquei sabendo que você também foi embora de lá. Para onde você foi, Mai?

— Pode-se dizer que estou perto. Quando vi que estava investigando sobre os Ikihatsunukishisen, marquei em cima de vocês. Quero mostrar uma coisa para os Ikihatsunukishisen dessa USaM — disse Maigriyah, mudando o tom de voz.

— Como assim nos mostrar algo? Só porque você é conhecida do Adritiff não quer dizer que eu vá confiar em você. Onde estamos? — perguntou Lillillah, ainda mais irritada.

— Acalme-se, Lillillah. Acho que podemos confiar nela e…

— VOCÊ ACHA? SE VOCÊ NÃO TEM CERTEZA, COMO É QUE EU VOU CONFIAR? — disse Lillillah, nervosa, interrompendo Adritiff.

— Vocês podem sair — falou Maigriyah.

Lillillah, Drihee e Mortrazha olharam pelos visores, e viram que tinha uma menina e um ancião os aguardando.

— Eles parecem inofensivos — comentou Mortrazha.

Drihee já estava saindo.

— Ative seu Ikihatsunukishi, Drihee — ordenou Lillillah ativando o seu.

Ele parou e pensou por uns segundos se ia ou não ativar. Ele a ignorou e saiu.

— Teimoso — disse Lillillah indo atrás dele.

Mortrazha e Adritiff sob o controle do drone, os acompanharam.

— Podem confiar, não somos inimigos — disse o ancião, calmamente.

— Então você é mesmo o Ikihatsunukishisen do fogo! Mostre-me igual a ela — pediu Maigriyah, tentando ser mais simpática.

Drihee olhou para Lillillah que estava com o Ikihatsunukishi ativado, pronta para atacar. Ele pegou calmamente o seu Ikihatsunukishi em forma de cristal e ativou.

— Fascinante! — disse o ancião, sorrindo.

— Venham! Vamos conversar — disse Maigriyah.

— O que querem com a gente? Quem são vocês? — questionou Lillillah, parecendo querer atacar.

— Ela, vocês já sabem o nome. Eu me chamo Hirahtray. Maigriyah descobriu que vocês estão à procura de respostas sobre os Ikihatsunukishisen, mas antes disso me digam: como ele chegou aqui em Nairin? — perguntou Hirahtray, apontando para Drihee.

— Vocês ainda não responderam. Quem são vocês? — tornou a perguntar, Lillillah, irritada e a ponto de atacar.

— Garota, acalme-se! Não somos seus inimigos. Também estamos em buscas sobre os Ikihatsunukishisen há muito tempo. Vocês são uma descoberta um tanto inesperada. Eu já estava desistindo de rastrear algum de vocês. Desde o ataque à CENTRAL, há muito tempo, que não se houve falar sobre os Ikihatsunukishisen. Pelo que descobri, os poucos que ainda tinham naquela época, após o ataque à TERRA CENTRAL, tiveram seus Ikihatsunukishi confiscados e alguns até desapareceram. Hirahtray sempre me convencia a continuar pela busca de algum Ikihatsunukishisen. Quando meus vírus detectaram pesquisas sobre os Ikihatsunukishisen no sistema de Adritiff passei a monitorá-los com detalhes.

O robô drone que Adritiff estava controlando, voou até Maigriyah.

— Você é muito audaciosa! Como você invadiu meu sistema?

Maigriyah sorriu e voltou a atenção para Lillillah e os outros.

— Vamos, vou lhes mostrar o que temos de informações sobre os Ikihatsunukishisen — disse Hirahtray, caminhando em direção a uma residência antiga.

Drihee desativou o Ikihatsunukishi e acompanhou ancião. Maigriyah foi logo atrás. Mortrazha olhou para Lillillah e resolveu acompanhar Drihee. Ela sem alternativas, desativou seu Ikihatsunukishi e os acompanhou não muito satisfeita.

Assim que todos entraram na residência antiga, eles desceram uma escada velha de madeira que dava em uma porta de ferro velha. Hirahtray colocou a mão na porta e a mesma fez a leitura das suas digitais abrindo imediatamente. Era um elevador bem tecnológico. Todos entraram de uma vez e começaram a descer. 

Eles entraram no laboratório de Hirahtray e Maigriyah. Era bem avançado e com suporte a muitas tecnologias de rastreamento e hack para quebra e invasão de sistemas avançados.

— Interessante, disse Lillillah, enquanto olhava para todas as coisas com muita atenção.

— Agora está explicado como invadiu meu sistema. Como conseguiu acesso a toda essa tecnologia? — questionou Adritiff, falando através do drone.

Todos o ignoraram. Hirahtray foi até a central de dados.

— Olhem, as informações que tínhamos sobre os Ikihatsunukishisen se resumiam ao que descobrimos sobre vocês desde que Maigriyah os detectou pelo sistema de Adritiff.

— Você disse que tinha informações sobre os Ikihatsunukishisen antigos!questionou Lillillah irritada e desconfiada.

— E eu não menti. As dos antigos, todos já sabem. São do incidente, mas as informações recentes são sobre vocês, desde que Adritiff inseriu a identificação de nairiniano do Drihee no sistema da CENTRAL.

— Então você sabe que eu não sou daqui! — disse Drihee, confuso.

— Sei! E é exatamente isso que você não me respondeu! Como você chegou aqui em Nairin? — perguntou Hirahtray.

— Eu não sei! Na verdade não me lembro de muita coisa. Parece que perdi minhas memórias — disse Drihee, tentando se lembrar de algo.

Mortrazha encarou Drihee. Lillillah ia falar como ele surgiu de repente, mas…

— Eu o encontrei depois dele ser atacado por um Oryxullan. Como ele não se lembra de nada, não sabemos de onde ele veio.

— Compreendo! Isso não será importante, por enquanto. Preciso que vocês dois, Ikihatsunukishisen, se mantenham unidos e que façam uma coisa.

Lillillah e Drihee trocaram olhares.

— Temos informações sobre um possível descendente da Líder pós-retorno. Preciso que vocês o encontrem. A possível localização dele já foi enviada para a USaM — disse Hirahtray.

— Por que eles podem ir? Já temos essa informação há um tempo e você nunca me deixou ir lá investigar — questionou Maigriyah.

— Você irá com eles.

— Hã? Mas agora não quero. Você está com a saúde muito debilitada, não…

— Vá! Eu vou ficar bem! Eles vão precisar de você. Guie-os nessa missão.

Mas, pai…

Lillillah e Mortrazha ficaram surpresos. A palavra pai fez com que uma memória sobre alguém próximo a Drihee o atordoasse. 

— Está tudo bem? — perguntou Mortrazha para Drihee.

— Sim, está! —  disse Drihee, enquanto tentava entender a lembrança repentina.

— Apesar de já estar anoitecendo, vão! Não percam tempo. Tem uma coordenada segura onde poderão parar para descansar. Depois prossigam ao amanhecer. Estarei aguardando por respostas — disse Hirahtray, parecendo cansado.

Maigriyah foi até ele e o abraçou. 

— Não deixe de tomar seus medicamentos — disse ela olhando nos olhos dele.

Ele sorriu e acariciou a cabeça de sua filha. Maigriyah preparou suas coisas, se despediu do pai e partiu com Drihee e os outros. Hirahtray os acompanhou até a saída da residência antiga. Sua filha, um pouco antes de embarcar na USaM, olhou para ele, como se fosse chorar, e logo depois entrou.

Hirahtray voltou para o laboratório com um pouco de dificuldade. Ele foi até sua área de descanso e pegou sua caixa de medicamentos.

— Acho que não preciso mais tomar esse elixir de vida — disse Hirahtray, vendo que precisava tomá-lo.

Ele sentou em um local acolchoado, e com a saúde debilitada, deitou e falou consigo mesmo:

— Obrigado, meu irmão! Você cumpriu sua promessa. Mesmo que não tenha sido você a voltar para mim com as respostas, acredito que seu descendente possa tê-la e irá trazer de volta a glória dos Ikihatsunukishisen e, possivelmente, nos livrar desses seres malignos destruidores de mundos que ainda vagam por Nairin e pelo Universo.

Hirahtray virou o rosto, fechou os olhos lentamente e no último suspiro, tentou chamar Maigriyah.

4,6
Rated 4,6 out of 5
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

Rated 5,0 out of 5
29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

Rated 4,0 out of 5
18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

Rated 4,0 out of 5
17 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 6

CAPÍTULO

6

A IKIHATSUNUKISHISEN DA ÁGUA

Passaram-se 301 anos desde o pior caso de traição em Nairin no despertar há 335 anos. Nesse período o planeta passou por um árduo processo de reconstrução, devido a um ataque alienígena. Nesses pouco mais de 300 anos, Nairin se mostrou muito bem reerguida na TERRA CENTRAL e era onde se encontrava todo sistema de monitoramento e defesa espacial. Estava tudo pronto para qualquer nova ameaça vinda além das estrelas. 

O sistema estava espalhado por toda Nacturus, que detectaria de longe e em tempo real toda ameaça e já ativaria a primeira linha de combate no espaço com seus super drones espaciais de neutralização alienígena hostil.

Algumas TERRAS decidiram recomeçar de forma simples, sem muita tecnologia. Outras aceitaram ajuda da TERRA CENTRAL para se reconstruírem. As que recebiam ajuda eram atendidas de diversas formas. A mais comum era a ajuda DIRETA, onde nairinianos especializados iam e ofereciam serviços de saúde, engenharia, fornecimento de tecnologia ou recursos. 

Na TERRA NEATRY uma bela jovem nairiniana vinda da TERRA CENTRAL e de origem da TERRA MOORKKETRIV, prestava serviço de saúde para a população de um vilarejo local. 

Muitas das doenças de Nairin, antes do último ataque dos Specrenerkrihihz, eram praticamente controladas e catalogadas com cura para 95% delas, mas depois da hibernação e abandono do planeta por mais de 4 mil anos a vida que restou, evoluiu e muitas novas doenças surgiram depois do repovoamento do planeta. 

Essa bela jovem, que prestava serviço de atendimento de saúde, se chamava Lillillah. Um novo chamado foi solicitado próximo a esse vilarejo que ela se encontrava e imediatamente Lillillah foi atender. Chegando ao local, ela se deparou com uma única habitação, entretanto,  encontrou um velho muito doente e sua filha que tinha solicitado o atendimento. 

A filha explicou todos os problemas do seu pai doente, Mistrunihik, para Lillillah e logo ela iniciou os procedimentos para melhor medicá-lo. Era uma doença rara, bem agressiva e sem cura. O velho não teria muito tempo. Lillillah passou todo o relatório para a filha e quando voltava para falar com o pai dela, uma caixa na prateleira bem do lado dela emanou uma luz azul bem fraca, mas que foi percebida pelo velho doente. Mistrunihik ficou surpreso e pediu para Lillillah pegar a caixa. Quando ela pegou,  a mesma aumentou o seu brilho. Algo dentro da caixa que estava emanando essa luz azul. Lillillah espantada perguntou ao senhor Mistrunihik:

— O que é isso?

— Não tenho certeza do que se trata, mas acho que você é a resposta que meu pai e avós tanto procuraram —  respondeu o velho, com a voz muito cansada.

— Resposta para o que, senhor Mistrunihik? Do que o senhor está falando?

— Meu falecido avô dizia que o objeto dentro dessa caixa seria a resposta para o que aconteceu há muito tempo, quando voltamos para Nairin. Ele era da Tropa de Segurança da TERRA CENTRAL. Ele era daqui e foi pra lá quando achou que não foi feito para conviver com nossa cultura. Mas ele acabou voltando, depois do ataque à TERRA CENTRAL e fuga dos dois Ikihatsunukishisen, e trouxe esse objeto que está na caixa.

Lillillah abriu a mesma e viu um pequeno cristal em uma forma bruta. Ela pegou e o objeto se transformou em uma pequena esfera azul. De repente, se transformou novamente e virou uma espécie de lança que começou a escorrer água. 

Ela ficou assustada e deu um grito. A filha do senhor Mistrunihik entrou correndo no dormitório onde eles estavam e se deparou com Lillillah segurando um cristal em forma de esfera azul, o quarto todo cheio de água e seu pai desacordado. Ela foi até o pai e tentou acordá-lo, mas parecia que ele já estava morto. A filha do senhor Mistrunihik virou-se para Lillillah e exigiu explicações. Lillillah depois de alguns instantes paralisada com o ocorrido, respondeu:

— Eu não sei o que aconteceu. Só abri a caixa que seu pai me mandou pegar.

As duas olharam fixamente para o cristal azul esférico que estava nas mãos de Lillillah. A filha do senhor Mistrunihik olhou nos olhos dela.

— Meu pai e meu avô sempre falaram desse cristal na caixa. Meu avô era mais obcecado e sempre dizia que isso seria a resposta para tudo, mas eu nunca soube qual era a pergunta. De alguma forma isso reagiu a você. Será que você era a resposta que eles tanto procuravam?

A filha do senhor Mistrunihik tinha ficado assustada de ter achado o pai morto depois do grito de Lillillah, mas logo ela entendeu que seu pai havia partido devido à doença avançada. Ela achou que a emoção foi demais para o pai quando ele viu o cristal reagir à Lillillah.

— O que você vai fazer? —  perguntou Ninitrik, filha do senhor Mistrunihik.

— Não sei, mas acho que devo encontrar essas respostas que eles tanto procuravam.

Lillillah providenciou o sepultamento do senhor Mistrunihik e tentou arrancar mais informações de Ninitrik, mas ela não sabia muito a respeito, pois sempre ignorava o pai e o avô quando eles falavam disso. Esse assunto havia desestabilizado a família por muitos anos e Ninitrik odiava isso. 

A única informação que ela conseguiu foi que ninguém podia saber da existência desse cristal e um endereço que o senhor Mistrunihik sempre frequentava, como se estivesse esperando ou querendo ir para algum lugar. Lillillah se despediu de Ninitrik e foi atender a um novo chamado de emergência, levando consigo o cristal no pescoço como um colar por debaixo do traje. Ela atendeu o novo chamado, na TERRA ALLEHUTRY,  que era um caso simples de fratura, mas por estar nervosa com o que tinha acontecido, falhou em partes do procedimento de atendimento. 

Ela finalizou o serviço ainda mais nervosa e foi embora. Lillillah parou num local bem isolado, à beira de um rio e olhou a correnteza. Era o endereço onde o senhor Mistrunihik ia esperar por algo ou ir para algum lugar. Ela pegou o cristal que parecia estar molhado, mas não molhava e ficou observando fixamente por minutos. Ela se lembrou dos pais que haviam morrido numa tragédia e apertou o cristal com força, que logo em seguida, se transformou na mesma lança que havia surgido na casa do velho Mistrunihik. 

Lillillah ficou assustada e apontou a arma para o rio. O percurso da água parecia acompanhar a direção que a arma era apontada. Ela atacou a água da beira do rio com a arma e uma forte enxurrada foi até a outra beira derrubando várias árvores. Lillillah ficou ainda mais assustada com o que estava acontecendo e de repente, atrás dela, surgiu uma voz dizendo:

—  Como esperei por essa oportunidade.

Ela se virou apontando a arma para direção que a voz vinha e de trás das árvores surgiu um nairiniano ancião que perguntou:

— Qual é o seu nome, minha jovem?

— Lillillah — respondeu ela, com um olhar de preocupação.

— Hum. Interessante. Tem uma proposta para você. Entregue-me essa arma e não te denunciarei para a TERRA CENTRAL.

Lillillah ficou nervosa, deu uns passos para trás e quase caiu no rio.

— Não tem para onde fugir. Entregue-me essa arma e pouparei sua vida.

Ela viu que o tom de voz do velho mudou após a ameaça e apontou a arma para ele em posição de ataque.

— Quem é você? Por que quer tanto isso? —  gritou Lillillah, nervosa.

O velho puxou uma arma a laser e atirou em Lillillah. Ela se defendeu usando sua arma elemental, manipulou a água do rio e a jogou na direção do ancião. O velho caiu e logo se levantou todo molhado dando risadas.

— Vou ter que ser mais agressivo com você, maldita Ikihatsunukishisen.

Ele se transformou em uma criatura selvagem e partiu para o ataque contra Lillillah. Um combate intenso aconteceu e com muito custo ela conseguiu abater a criatura que caiu, voltando à aparência do velho. O corpo do ancião começou a derreter e um cristal meio alaranjado quase vermelho surgiu como se tivesse dentro do corpo dele. Logo em seguida o cristal se pulverizou. Ela desmaiou e ficou desacordada por horas. 

Lillillah acordou e viu o cristal em forma de esfera azul na sua mão.

— Como? Isso é o famoso Ikihatsunukishi? Não posso ser uma Ikihatsunukishisen! Se me pegarem com isso serei…

Ela se levantou sentindo um pouco de dor. Lillillah apertou o cristal com raiva e arremessou no rio. Ela caminhou de volta para USaM, mas foi surpreendida por um Oryxullan. A fera a encarou e antes que o animal a atacasse, uma luz surgiu do nada e ofuscou sua visão.

Quando a visão de Lillillah voltou, ela viu a fera indo na direção de um garoto que surgiu de repente.

— CUIDADOOO! — gritou Lillillah, confusa.

O Oryxullan com um dos seus enormes chifres afiados, atravessou o frágil corpo do menino misterioso que surgiu da luz.

4,6
Rated 4,6 out of 5
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
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Ótimo início.

Rated 5,0 out of 5
29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

Rated 4,0 out of 5
18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

Rated 4,0 out of 5
17 de agosto de 2020

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Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 5

CAPÍTULO

5

A BUSCA DOS IKIHATSUNUKISHISEN

— Incrível! Isso é muita coincidência! — exclamou Lillillah, surpresa.

— Isso está ficando estranho — disse Mortrazha, confuso.

Drihee ia dizer algo, mas recuou.

— Me chamo Bilbroowh. Apresentem-se!— ordenou o Ikihatsunukishisen da areia.

— Lillillah!

— Mortrazha!

Drihee estava olhando para seu Ikihatsunukishi em forma de cristal, que parecia estar aquecendo.

— E você, garoto? Qual é o seu nome? — questionou Bilbroowh, encarando-o.

— Tem alguma coisa errada — disse Drihee confuso, olhando fixamente para seu Ikihatsunukishi, que brilhava.

Bilbroowh sentiu algo estranho e imediatamente apontou seu Ikihatsunukishi para o garoto nairiniano que prometeu dar informações sobre seu tataravô que fora um Ikihatsunukishisen. Todos olharam para o membro da família do traidor Ikihatsunukishisen que fitava fixamente o Ikihatsunukishi na mão de Drihee.

— O que está acontecendo? —  questionou Mortrazha, olhando para o garoto que estava com um brilho alaranjado nos olhos.

— Não vou deixar essa oportunidade escapar — disso o garoto, com um tom de voz pesado e rouco.

— Demônio! — disse Drihee ativando seu Ikihatsunukishi.

Ele e os outros se afastaram do garoto que começou a se transformar em uma estranha criatura bípede com dois olhos alaranjados e um cristal da mesma cor que brilhava em seu peito.

Em meio à tensão, Lillillah perguntou para Drihee:

— O que é um demônio?

— Não sei, me veio à mente essa palavra — respondeu Drihee, confuso e tentando se lembrar da onde que ele tirou essa palavra.

Mortrazha sacou sua arma a laser e atirou na cabeça da criatura, mas o disparo passou direto pelo seu corpo, como se ela fosse um fantasma.

— O que é essa coisa? — questionou Mortrazha, confuso.

Me entreguem esses Ikihatsunukishi! — ordenou a criatura, mudando de forma novamente, para um tipo de monstro com vários braços.

Ela os atacou. Eles conseguiram desviar do ataque, menos Drihee, que foi atingido no braço. Ele olhou para o membro que começou a sangrar e depois correu até a criatura para atacá-la sem muito jeito, mas o monstro desviou dos ataques dele facilmente e o derrubou. Drihee deixou seu Ikihatsunukishi cair e a criatura o pegou logo em seguida.

O cristal dele mudou de forma na mão do monstro, passando para uma forma estranha de espada, que parecia ser feita de vários braços.

— Eu sinto o poder! — disse a criatura, olhando para o Ikihatsunukishi em sua mão.

De repente algo atravessou a criatura. Era o Ikihatsunukishi de Lillillah. Logo depois, Bilbroowh cortou o braço com o qual a criatura segurava o Ikihatsunukishi e, em um movimento rápido, cortou a criatura em vários pedaços, que dessa vez pareciam sólidos.

As partes da criatura começaram a se liquefazer até sobrar somente o pequeno cristal alaranjado que estava em seu peito. Depois de alguns segundos o cristal virou pó.

Mortrazha se aproximou de Drihee para ajudá-lo a levantar.

— Está tudo bem? — perguntou Mortrazha, estendendo a mão.

Drihee pegou na mão de Mortrazha e levantou com ajuda dele.

— Novamente uma criatura desse tipo — disse Lillillah, em voz alta para ela mesma.

Então não é a primeira vez que você encontra um Specrenerkrihihz em Nairin? — perguntou Bilbroowh, encarando-a.

Specrenerkrihihz? Você está falando dos seres que quase eliminaram por completo os nairinianos?

— Exatamente. Eles ainda estão por aqui. Até hoje não entendo como foi permitido o retorno da nossa espécie a esse planeta que já foi condenado. Foram tolos em acreditar que eles se foram. O que acabamos de eliminar é a prova que eles estão entre nós. 

— Vamos levar essa situação para a TERRA CENTRAL — disse Lillillah, surpresa.

— Não confio na TERRA CENTRAL — disse Bilbroowh, com olhar sério.

— Também não confio — disse Mortrazha se aproximando deles, junto com Drihee que pegou de volta seu Ikihatsunukishi.

— Você está ferido, venha comigo — disse Lillillah.

Ela levou Drihee para USaM.

— O que você desconfia da TERRA CENTRAL? — perguntou Mortrazha para Bilbroowh.

— Ainda preciso entender o que houve com a primeira Líder pós-retorno.

— Meu tataravô G4, o Ikihatsunukishisen do ar, era muito fiel a ela. Era pelo menos o que eu ouvia do meu pai — disse Mortrazha, com um olhar de desapontamento.

— Interessante. Muita coincidência encontrar um descendente de um dos responsáveis pelo ataque à TERRA CENTRAL no mesmo lugar onde esperava encontrar respostas de algum dos membros da família de outro responsável pelo ataque, descendentes  do Ikihatsunukishisen da terra. Acredito que seu tataravô G4 devia mesmo ser fiel. Meu antepassado mais antigo pós-retorno, também era muito fiel a ela. Todos os Ikihatsunukishisen eram e por isso que a TERRA CENTRAL a considerou também uma traidora, por acharem que ela contribuiu com o ataque. Ataque realizado por três Ikihatsunukishisen.

— Então o fardo que essa família carregava era do Ikihatsunukishisen da terra! Nas informações de buscas do meu pai, não constavam de que elemento era esse Ikihatsunukishisen. Era a única pista que tínhamos. Meu pai também buscava respostas sobre os Ikihatsunukishisen, mas ele acabou morrendo e eu nunca fui procurar saber como ele morreu — disse Mortrazha, com raiva de si mesmo.

— Lamento. Se era a única pista que tinham, então não poderão me ajudar. Tentem não serem pegos. Adeus! Vou continuar com minha busca.

— Não pode ir embora. Com você ajudando, as respostas podem ser encontradas com mais facilidade. Pelo que vi com meus próprios olhos, essas criaturas que quase extinguiram nossa espécie, estão por aí e com a TERRA CENTRAL não confiável, precisamos descobrir a verdade sobre o ataque que meu tataravô G4 foi responsável e possivelmente, tentar encontrar outros Ikihatsunukishisen. O encontro de três Ikihatsunukishisen aqui não é só coincidência.

Bilbroowh ficou pensativo por uns segundos, se virou e seguiu seu caminho.

Ei! Só me responde uma coisa antes de ir! Quem foi o terceiro Ikihatsunukishisen que atacou junto com meu tataravô G4? Qual era o elemento dele?

Bilbroowh parou e permaneceu quieto, pensando. Ele voltou a caminhar sem ter olhado para trás.

Ainda não descobri.

Mortrazha ficou olhando Bilbroowh ir embora e continuou pensando no seu pai e de como ele poderia ter morrido. Ele, depois de não ver mais Bilbroowh, voltou para USaM decidido que iria descobrir como seu pai morreu e continuar com a busca dele, até às últimas consequências. Era a chance que ele tinha para honrar o nome da família. 

— Cadê o Bilbroowh? Preciso conversar com ele! — questionou Lillillah assim que ele entrou na USaM, ainda terminando de fazer o curativo em Drihee.

— Ele foi embora!

— Hã? Como pôde deixá-lo ir embora? Precisamos dele! — disse Lillillah furiosa.

— Ai! — reclamou de dor, Drihee.

— Pronto, terminei! — disse Lillillah para Drihee. — Vou atrás dele! — disse ela indo preparar a USaM para partir.

— E a família daqui? Será que aquela moça também é um monstro? — questionou Mortrazha.

Yu, o robô drone que foi deixado com eles pelo amigo hacker de Lillillah, Adritiff, saiu do canto em que ele foi largado e voou até ela.

— Lillillah, Lillillah, você está aí? — disse o robô drone.

— Hã? O que esse robô está dizendo? 

Ele estava a tanto tempo desligado que ela  havia até se esquecido dele.

— Lillillah, aqui é Adritiff. Como vocês estão? Tenho uma informação que pode ser importante. Acho que a segurança de vocês pode estar comprometida.

— Adritiff! Está tudo bem. O que você quer dizer com nossa segurança comprometida? Qual informação? — perguntou Lillillah, inquieta.

— Pelo o que você me explicou, de como conseguiu o Ikihatsunukishi, a filha do Mistrunihik desapareceu. Pensando nas possibilidades do motivo do desaparecimento dela, se ela foi sequestrada, as informações que ela tem sobre você ter o Ikihatsunukishi estão comprometidas. Estou trabalhando arduamente para descobrir o que aconteceu com ela, mas até que eu descubra, tenham atenção. Estou monitorando vocês, mas pode acontecer de ter algum mandado de captura a vocês que eu não consiga interceptar antes para alertá-los.

— Compreendo. Obrigada, meu amigo! — disse Lillillah, preocupada.

— O que houve? Não vai mais atrás do Bilbroowh? E aquela moça da residência? — perguntou Mortrazha se aproximando.

Lillillah não respondeu e continuou pensativa. Drihee foi até ela e Mortrazha e perguntou:

— O que vamos fazer? Você não ia atrás do Bilbroowh?

— Não! Temos algo mais importante para resolvermos antes. Vamos até o local onde eu consegui meu Ikihatsunukishi.

4,6
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Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

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Marcelo

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Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 4

CAPÍTULO

4

LEGADO DE TRAIÇÃO

Lillillah olhou para Drihee, ainda mais confusa. 

— Como é possível? Conte-me tudo sobre ele! — disse Lillillah encarando Mortrazha.

— Sim, irei dizer, mas antes, responda-me algumas perguntas.

— Certo! — disse Lillillah, curiosa.

— Como poderemos confiar em você? — questionou Drihee.

Lillillah olhou para ele, estranhando a pergunta.

— Lembrou-se de algo? — perguntou ela.

— Não, mas…

— Podem confiar, porque se não já estariam detidos por causa da situação em que foram flagrados — respondeu Mortrazha seriamente, interrompendo o garoto.

Drihee olhou para Lillillah e levantou o ombro, mostrando que tanto faz. Ela não compreendeu e o ignorou. 

— Faça as perguntas — disse Lillillah, voltando a atenção para Mortrazha.

— Como conseguiram se esconder esse tempo todo? Não se houve falar nos Ikihatsunukishisen desde o dia do ataque por traição.

 — Na verdade, tudo está sendo muito recente para mim. Tem pouco tempo que possuo o Ikihatsunukishi e ele… — disse Lillillah se interrompendo e olhando para Drihee.

— E ele…? — questionou Mortrazha.

— E ele também. Por coincidência encontramos esses Ikihatsunukishi e, para nossa surpresa, o ativamos. Estamos em buscas de respostas. 

Drihee olhou para Lillillah, tentando adivinhar o que ela estava querendo.

— Como acharam? — questionou Mortrazha, desconfiado.

— Achamos à beira de um rio quando paramos para prestar um atendimento. Pela maneira que os encontramos, parece que alguém havia se desfeito deles. Agora estamos em buscas de respostas e do por que conseguimos ativá-los.

Drihee deu um singelo sorriso. Mortrazha estava desconfiado, mas não questionou a explicação.

— Compreendo, mas vocês correm altos riscos. Os Ikihatsunukishisen são considerados traidores e se os descobrirem, serão detidos.

— Sabemos disso e espero que não nos entregue — disse Lillillah, rindo.

— Como disse, se eu quisesse, vocês já estariam presos.

— Sim, ótimo. Mais alguma pergunta? Se não, fale sobre seu tataravô.

Mortrazha encarou Lillillah.

— Ele era o Ikihatsunukishisen do ar, meu tataravô G4 (GRAU 4), que foi aprisionado há muito tempo. Ele estava envolvido no ataque à TERRA CENTRAL. Foram três Ikihatsunukishisen que atacaram, mas só ele foi pego e nunca mais ouvimos falar dele. A TERRA CENTRAL alegou que ele morreu de forma misteriosa. Minha família é da TERRA BERLIMBRIH. Eu e minha mãe pedimos transferência para essa TERRA, NOUHAURRU, depois da morte do meu pai. Eu o ouvia comentando coisas sobre os Ikihatsunukishisen e sobre o meu tataravô G4,  G3 dele,  o Ikihatsunukishisen do ar. Eu não compreendia muita coisa na época, mas depois descobri que ele estava em busca da verdade sobre os motivos de  meu tataravô G4 ter sido preso e sobre o ataque que, para ele, foi uma farsa. Meu pai achava que a TERRA CENTRAL estava mentindo sobre a morte misteriosa do meu tataravô, mas nessa busca por respostas ele acabou morrendo. Nunca soube como ele morreu, contudo, nunca busquei saber. Nossa família já carregava um alto fardo por termos tido um traidor mundial na família e eu não queria continuar desenterrando essa história que nos desonra até hoje. Contudo…

Mortrazha parou de falar e ficou pensativo olhando para o chão.

— Contudooo? — disse Lilllilah, chamando atenção dele.

— Contudo, depois que os encontrei, algo está me dizendo que meu pai estava em busca de algo importante — disse Mortrazha, parecendo emocionado.

Lillillah deduziu que ele devia ter sido muito apegado ao pai.

— Sei sobre esse ataque que ocorreu à TERRA CENTRAL, só nunca imaginei que algum dia encontraria o parente de um dos Ikihatsunukishisen envolvido. Teria alguma informação sobre o que seu pai buscava? Que verdade era essa que ele procurava?

— Lembro-me dele viver dizendo que a antiga Líder da TERRA CENTRAL não estava envolvida.

— A primeira Líder pós-retorno. Ela foi acusada de colaborar com a traição dos Ikihatsunukishisen e depois disso desapareceu — disse Lillillah, pensativa.

— Isso. Meu pai acreditava na inocência dela. Eu sempre ignorei essa possibilidade, mas mesmo assim, no fundo, algo me diz, que meu pai poderia estar certo — disse Mortrazha, desviando o olhar.

— Compreendo. Obrigado por nos livrar da enrascada que nos envolvemos. Agora, se puder nos liberar…

— O que farão daqui em diante? O que farão para encontrar as respostas?

Lillillah olhou para Drihee e respondeu:

— Não tenho um plano de busca. Por um momento acreditei que você poderia dar alguma pista que nos ajudasse.

— Acho… Acho que sei onde podem encontrar alguma pista — disse Mortrazha, pensativo.

Lillillah e Drihee trocaram olhares curiosos e depois voltaram a prestar  atenção nele.

— Nas poucas coisas do meu pai, havia a informação de outra família que carregava o mesmo fardo que o nosso. Um dos parentes deles foi um Ikihatsunukishisen. Não sei se vocês seriam muito bem recebidos se chegassem perguntando sobre o membro traidor da família deles.

— Você tem razão — disse Lillillah, desanimada.

— Não custa tentar — disse Drihee.

Lillillah e Mortrazha olharam para ele ao mesmo tempo.

— Sim, mas não podemos nos expor — disse Lillillah, preocupada.

— Concordo com você, não podem se arriscar. Não desejo a vocês o mesmo destino que teve meu pai, mas… 

Lillillah e Drihee esperaram por uns segundos, Mortrazha continuar a falar.

— … mas se precisarem de ajuda, posso acompanhá-los.

Ela ficou surpresa e olhou para Drihee, com uma expressão de dúvida. Ele levantou os ombros, dizendo que, tanto faz, mas Lillillah não entendeu novamente e questionou:

— Você disse que não queria ficar desenterrando essa história que traz desonra para sua família.

— Você tem razão, mas minha intuição está dizendo o contrário. Não foi coincidência encontrá-los. Deixe-me ajudá-los na busca por respostas. Suas respostas podem ser as mesmas das perguntas que me atormentam há anos — disse Mortrazha, com olhar triste.

— Seria de grande ajuda — disse Drihee, antes que Lillillah pudesse dizer algo.

Ela olhou para ele, espantada.

— É… pode ser… mas… mas você tem certeza que quer nos acompanhar? Pode ser arriscado e você não tem acesso a quase todas as TERRAS como nós temos. Acho…

— Então os levarei até a família que comentei. Eu tenho acesso à TERRA LAUJOHUM, onde eles moram. Posso não ter acesso a muitas TERRAS, mas a algumas sim. Aguardem aqui! — disse Mortrazha, interrompendo Lillillah e, logo depois, saindo.

— Para onde vai? — questionou Lillillah, preocupada.

— Aguardem!

Mortrazha foi até o local onde aconteceu o incidente e eles aguardaram impacientemente.

— Você acha que deveríamos aproveitar para ir embora? — perguntou Drihee.

— Você concordou que seria uma boa ideia ele nos acompanhar. Agora não temos escolha, se não ele poderá vir atrás da gente para nos prender.

Drihee permaneceu quieto, aguardando. Lillillah estava nervosa e depois de um tempo se levantou.

— Podemos ir! Estou liberado das minhas funções por dois períodos — disse Mortrazha, retornando.

— Tudo bem, vamos — disse Lillallah, não muito satisfeita.

Eles embarcaram na USaM e seguiram para TERRA LAUJOHUM. Durante o percurso Mortrazha fez uma observação.

— Vocês não disseram o motivo pelo qual foram atacados.

— Também não sabemos. Acho que ele só queria um culpado pelo assassinato que cometeu — disse Lillillah sem olhar para ninguém.

O restante do percurso ocorreu praticamente em silêncio. Em pouco tempo chegaram à residência da família que possuiu um membro que fora um Ikihatsunukishisen.

— E agora? Vamos chegar perguntando sobre o Ikihatsunukishisen? — questionou Lillillah com sarcasmo.

Mortrazha a ignorou, seguiu até a entrada da residência e aguardou ser atendido. Lillillah e Drihee o acompanharam. Uma linda nairiniana atendeu.

— Em que posso ajudá-los?

— Somos um grupo de investigação secreto e precisamos de informações sobre o Ikihatsunukishisen, membro da sua família — disse Mortrazha, seriamente.

— Grupo de Investigação Secreto? Como? Porque eles estão com trajes de atendimento de saúde? — perguntou a bela jovem apontando para Lillillah e Drihee. — Aqui é proibido comentar sobre os Ikihatsunukishisen. Vocês não são os primeiros que aparecem  hoje perguntando sobre esse assunto. Por favor, vão embora! — disse a bela nairiniana, fechando a porta.

— Como imaginei — disse Lillillah, desapontada.

— E agora? — questionou Drihee.

— Estranho — resmungou Mortrazha.

— Vamos continuar com os atendimentos e focar em fazer você recuperar suas memórias — disse Lillillah voltando para USaM.

— Recuperar as memórias — questionou Mortrazha para Drihee.

— Vamos, depois explicamos.

Quando Mortrazha e Drihee estavam caminhando para a USaM, um jovem nairiniano apareceu.

— Vocês também querem saber sobre meu tataravô Ikihatsunukishisen. Acompanhem-me. Fiquei de encontrar o outro garoto que apareceu mais cedo aqui perto. Vamos, chegando lá falo sobre meu tataravô para todos vocês ao mesmo tempo.

Drihee e Mortrazha trocaram olhares, confusos. Drihee correu até Lillillah e falou para ela o que iriam fazer . Eles acompanharam o garoto cautelosamente. Quando chegaram ao local, encontraram outro jovem nairiniano que ficou surpreso com a presença de todos eles.

— O que está havendo? Quem são eles? — perguntou com uma das mãos atrás das costas.

— Eles estão atrás das mesmas respostas que você — disse o garoto nairiniano da família do traidor Ikihatsunukishisen, que acompanhava Lillillah e os outros.

As mesmas respostas? Quem são vocês?  — questionou o jovem nairiniano.

— Se você está querendo saber sobre os Ikihatsunukishisen, talvez não se espante em saber que eu sou uma — disse Lillillah, ativando o Ikihatsunukishi na esperança de ter uma resposta rápida do que o jovem nairiniano queria saber sobre os Ikihatsunukishisen.

Ela estava confiante de que  não havia risco em revelar  que era uma Ikihatsunukishisen. O jovem nairiniano não poderia fazer nada contra ela, ainda mais tendo Drihee ao seu lado, sendo ele também um Ikihatsunukishisen.

— Interessante, nunca imaginei que encontraria outros tão rapidamente — disse o jovem nairiniano rindo.

— Está rindo de quê? — questionou Mortrazha.

O jovem nairiniano mostrou uma das mãos e nela havia um pequeno cristal que imediatamente se transformou em um tipo de espada. Ele, aparentemente tentando se exibir, fez alguns movimentos habilidosos com a arma e disse:

— Também sou um Ikihatsunukishisen. O Ikihatsunukishisen da areia.

4,6
Rated 4,6 out of 5
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

Rated 5,0 out of 5
29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

Rated 4,0 out of 5
18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

Rated 4,0 out of 5
17 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 3

CAPÍTULO

3

AS RAÍZES DO VENTO

Adritiff terminou os procedimentos para deixar o garoto misterioso o mais indetectável possível. Se um drone de patrulha ou identificação o abordasse, ele seria identificado como Drihee. Lillillah preparou sua USaM para prosseguir com os chamados de socorro. Adritiff acionou dois robôs drones Yu e Ya. Eles seriam os meios de auxílio e comunicação segura entre ele e Lillillah. Yu foi com ela e Drihee. 

— Vou pesquisar tudo sobre os Ikihatsunukishi e aquele objeto —  disse Adritiff, empolgado.

— Vou continuar com os atendimentos. Ainda tenho um período de plantão. Ele virá comigo — disse Lillillah, olhando para Drihee.

— Atendimentos? — perguntou Drihee.

— Sim! Eu atendo nairinianos de outras TERRAS que necessitam de auxílio médico e não têm os recursos necessários — respondeu Lillillah.

— Auxílio médico? TERRAS?

Lillillah olhou para Adritiff sem paciência.

— Vamos, garoto sem memória. Explico no caminho.

Eles partiram para atender aos chamados. Uma solicitação de emergência veio da TERRA FIRHIRNETRIDD. Enquanto seguiam para atender o chamado, Lillillah foi explicando pacientemente as coisas para Drihee. Ele fazia muitas perguntas bobas, mas logo foi assimilando as explicações com mais facilidade.

Chegando ao local eles se depararam com uma cidade bem exótica. Os moradores locais olhavam para eles desconfiados. Lillillah detectou a moradia e logo entraram para realizar o atendimento.

— Agradecemos o comparecimento. Venham. É por aqui — disse o ancião Strilhe.

Eles entraram em um quarto e viram a companheira anciã dele deitada e tremendo. Lillillah agiu imediatamente dando-lhe um sedativo. Ela fez um scanner e logo constatou diversos tumores do tipo que ainda não possuíam cura eficiente e em estágio bem avançado.

— Lamento, mas…

— Sim, eu sei — disse Strilhe.

— Deveria ter acionado a emergência bem antes — disse Lillillah.

— Realmente, mas nosso povo não aprova o uso de recursos da TERRA CENTRAL. Apesar de possuirmos o acordo de colaboração assinado por nosso Líder anterior, o atual Líder está cancelando, dizendo que a grande maioria do nosso povo não necessita de tal auxílio.

— Compreendo, mas essa atitude será muito prejudicial ao seu povo. Vocês da TERRA FIRHIRNETRIDD não desenvolvem tecnologias próprias. É um povo com costumes primitivos e se negarem o auxílio podem ser extintos caso contraiam alguma doença grave de forma coletiva.

— Sim, você tem razão, minha jovem, mas a democracia venceu — disse o ancião Strilhe, com olhar triste.

— O senhor pode pedir transferência para a TERRA CENTRAL ou qualquer OUTRA TERRA mais avançada, que não tenha essas culturas primitivas.

O ancião Strilhe se aproximou da companheira que já não se mexia mais e pegou na mão dela.

— Devia ter tomado essa atitude antes, mas ela não queria abandonar o lar de nascença. Agora… Até poderia ir, mas… mas vou encerrar minha vida onde ela encerrou a dela. Ela vai me esperar. Vou deixar acontecer — disse o ancião, chorando.

Lillillah e Drihee não souberam o que fazer. Quando ela ia dizer algo…

— Obrigado! Vocês podem ir. Continuem com os atendimentos abençoados — disse o ancião Strilhe, sem olhar para eles.

Lillillah e Drihee saíram. 

— Estranho! — disse Drihee, enquanto embarcava na USaM.

— Estranho, o quê? 

— A morte! Parece que vivi esse sentimento recentemente — disse Drihee, com olhar confuso.

Lillillah olhou para ele pensativa e quando ia dizer algo, o comunicador de emergência tocou.

— Temos mais um atendimento para fazer. É em uma TERRA vizinha. TERRA NOUHAURRU. É um chamado estranho. Eles têm um sistema de saúde avançado.

Lillillah ignorou esse fato e eles seguiram caminho. Em pouco tempo eles chegaram e sobrevoaram a cidade principal da TERRA NOUHAURRU, que era mais moderna que a TERRA FIRHIRNETRIDD, e seguiram para o sul. A USaM aterrissou em um vilarejo que parecia ser habitado por nairinianos não habituados com tecnologia, mas…

— Parece que as coisas não se encaixam por aqui. Alguma coisa me diz que nesse local o passado e futuro estão juntos — disse Drihee, confuso.

— Sim! Este é um povo que recebe ajuda constante da TERRA CENTRAL, sendo que desenvolve sua própria tecnologia. Contudo, alguns deles não abandonaram sua cultura primitiva e tentam viver em harmonia com as tradições antigas e a tecnologia que não para de evoluir.

— Acho que entendi! Já vi isso em algum filme — disse Drihee, parecendo atordoado.

— Filme? O que é filme? — perguntou Lillillah, sem entender a palavra.

— Não sei. Filme? Acho que filme são coisas que passam no Tab TV — disse Drihee, ainda mais confuso.

Tab TV? — disse Lillillah, com olhar preocupado.

— Também não sei. Essas lembranças estão aparecendo distorcidas — disse Drihee, colocando a mão na cabeça.

Lillillah se aproximou dele.

— Acalme-se! Suas memórias devem estar voltando. Com o tempo tudo deve ficar mais compreensível. Vamos! Temos um chamado para atender!

Drihee a acompanhou. Eles chegaram numa residência e logo foram recebidos.

— Venham, venham! Meu nome é Gelfourth, ajudem-me, por favor. Ela se acidentou… Acho que dá tempo de salvá-la.

Gelfourth levou Lillillah e Drihee até sua companheira, que se encontrava desacordada em uma área acolchoada. Lillillah iniciou imediatamente os procedimentos para saber o que havia acontecido.

— Por que não chamaram a emergência local? — questionou Lillillah.

— Ajude-a! Por favor! — disse Gelfourth, agitado.

Lillillah lançou um olhar desconfiado para Drihee, que logo percebeu algo no pescoço da companheira de Gelfourth. Eles a viraram de lado cuidadosamente.

— Esse ferimento parece de uma pancada. Lamento dizer, mas ela está mor… — disse Lillillah, sendo interrompida por um movimento brusco de Drihee.

Ele pegou automaticamente seu Ikihatsunukishi e o ativou. O pequeno cristal avermelhado se transformou numa lança e Drihee arrancou o braço de Gelfourth com a ponta do Ikihatsunukishi.

— Kunai! — disse Drihee, olhando para a ponta da lança.

— NÃOOOO! — gritou Gelfourth.

Lillillah, no susto, pegou seu Ikihatsunukishi e o ativou também. O dela também parecia uma lança, mas com a ponta diferente. Gelfourth se abaixou para pegar a arma que ia usar para atirar na cabeça de Lillillah, mas ela foi mais rápida e arrancou seu outro braço com seu Ikihatsunukishi.

— Vocês receberão a culpa por tudo isso — disse Gelfourth, rindo e desmaiando logo em seguida.

Lillillah desativou o Ikihatsunukishi, se aproximou dele e cauterizou o sangramento.

— Por que está ajudando-o? Ele ia te matar — questionou Drihee.

Lillillah não respondeu. Logo em seguida, os Seguranças da Ordem Local, chegaram e cercaram o lugar. Um Oficial Segurança adentrou o recinto e ficou surpreso com o que aconteceu. Ele ficou ainda mais surpreso com o que viu na mão do garoto. Drihee desativou seu Ikihatsunukishi e escondeu o cristal.

— Como isso é possível? — questionou para si mesmo o Segurança Oficial Mortrazha.

— Parece que somos os culpados, mas não somos. Viemos atender uma emergência, mas nos atacaram. Só estávamos nos defendendo — disse Lillillah, nervosa.

— Venham! Acompanhem-me! — ordenou Mortrazha.

— Mas…

— AGORAAA! — gritou Mortrazha, interrompendo Lillillah.

Eles o acompanharam e os três saíram.

— Temos um homicídio classe 3. Acionem a perícia. Esses dois vão me acompanhar. Eles chegaram para tentar socorrer as vítimas, mas já era tarde — disse Mortrazha ao outro Segurança Oficial.

Lillillah ficou sem entender a atitude do Oficial e, junto com Drihee, continuou acompanhando Mortrazha até a viatura de patrulha.

— Entrem, precisamos conversar — ordenou Mortrazha.

— Minha USaM está…

— Eu disse entrem! — ordenou novamente Mortrazha, interrompendo Lillillah.

Ela fez um olhar de espanto. Drihee aparentemente estava calmo, mas preocupado. Quando Lillillah ia questioná-lo novamente…

— Como pode ainda existir Ikihatsunukishisen? — perguntou Mortrazha, pensativo.

Lillillah e Drihee trocaram olhares, surpresos.

— Como sabe sobre os Ikihatsunukishisen? — questionou Lillillah, confusa e curiosa.

— Meu tataravô! Ele era um de vocês. Ele era o Ikihatsunukishisen do ar.

4,6
Rated 4,6 out of 5
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

Rated 5,0 out of 5
29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

Rated 4,0 out of 5
18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

Rated 4,0 out of 5
17 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

CONTO | O ESCRITOR

O ESCRITOR

A viela estava vazia, observada e banhada pela palidez da lua cheia, num beco ao norte da cidade um corvo passou voando pelo céu noturno vindo de um lugar frio, e pousou num parapeito de persianas abertas. Os olhos castanhos escuros atrás das lentes transparentes e redondas dos óculos de grau encararam o pássaro negro e brilhante de olhos vermelhos.

O corvo grasnou um ruído estridente e pouco convidativo, a campainha tocou ressoando pelos três cômodos da pequena moradia.

O Escritor se levantou devagar do seu lugar já ocupado há bastante tempo em frente ao seu velho notebook, enquanto se dirigia à porta da frente, dobrava as mangas do suéter azul escuro até as dobras dos cotovelos.

A campainha foi tocada novamente, e ele abriu a porta, encontrando sobre o carpete da entrada, uma mulher jovem de cabelos escuros, compridos e lisos, pequena e com uma aparência ligeiramente indefesa.

– Boa noite. – Disse ela com uma excitação contida na voz.

O escritor analisou os lábios pequenos e de aparência rosada, lhe deu um sorriso simpático e estendeu a mão para cumprimentar a jovem Jornalista.

– Boa noite, entre minha querida. Está frio. – Respondeu ele com uma voz paciente e um pouco menos grave do que de costume.

Ela lhe retribuiu o sorriso dócil, e entrou no aposento, a casa estava bem organizada, exceto pela mesa do notebook, estava cheia de folhas amassadas, incontáveis livros abertos e espalhados, todos da autoria do próprio, na tela do computador, havia um novo texto, que acabara de ser iniciado, no lugar do título estava escrito três pontos de interrogação, a moça ficou encantada e ao mesmo tempo confusa…

– Fique à vontade enquanto pego um café para nós. – O escritor apanhou o casaco da jornalista e pendurou no cabide da porta.

Enquanto ele se dirigia para a cozinha, ela se aproximava da mesa do notebook, lendo o que havia escrito ali por um instante…

“Quando os corvos da cidade entravam pelas janelas alheias, sempre era um agouro de que a morte estava próxima, e de que alguém nunca mais voltaria para casa na noite tranquila da cidade de Oãs–Olupa. Os olhos da mulher se voltaram para o portal escuro de luzes apagadas, e lá estava, o que ela jamais imaginou que existia…”…

– Gostando do que está lendo? – A Jornalista deu um sobressalto sentindo seu coração na garganta, voltou sua atenção para o portal de entrada do aposento. O Escritor estava parado com duas xícaras de café quentes e esfumaçando, no rosto um sorriso branco e alinhado que era repleto de serenidade estampado.

– Desculpe! – Disse ela apanhando a xícara que ele ofereceu com a mão direita.

– Não por isso meu bem. Eu que peço perdão, te assustei… Queira sentar–se, eh, nossa entrevista não vai demorar, vai?

A Jornalista se sentou numa poltrona no canto da sala e o homem puxou a cadeira mais próxima, se sentando de frente para ela com os cotovelos apoiados nos joelhos.

– Bom, será uma entrevista rápida. – Ela puxou um celular de dentro do sutiã. Colocou no bloco de notas do aparelho, e se pôs a conversar com o Escritor, ele tinha cerca de 40 anos, era grisalho de cabelos bem penteados, medianos e úmidos com leves ondulações, tinha uma barba por fazer de pelos castanhos e prateados, os óculos de lentes redondas já eram fora de moda, mas quem ligava? Ele mesmo só permanecia o usando por falta de vontade de sair de casa para ir ao oftalmologista trocar as lentes ou realizar os exames anuais.

A casa cheirava à orquídea, e o café tinha um gosto artificial de adoçante antigo, a conversa se estendeu por muitos minutos, a Jornalista estava maravilhada com o que o Escritor dizia, ele narrava às histórias de pessoas que o inspiravam, falava de títulos dele, repletos de comédia trágica, e de como as histórias de seus romances eram tão cheias de imaginação urbana e presentes, que ele mal conseguia manter–se preso a uma única narrativa. Ele contava sobre a inspiração do livro “A Dama Vermelha”, que narrava à história de uma mulher que por “acidente” envenenou os filhos, e antes do marido chegar do serviço, ela os enterrou no quintal de casa, e quando fora questionada sobre o paradeiro dos meninos, alegou que os filhos fugiram com o circo que zarpara da cidade naquela manhã, o marido então a matou, porque a única coisa que o impedia de matar a irritante e problemática mulher era justamente o amor aos filhos, e agora não havia mais porque se negar a fazer o que ele sempre quis, mas que nunca pôde fazer.

Os livros e narrativas do Escritor eram cheias de carma e angústias disfarçadas de comédia negra e mal colocada, quando perguntou sobre o novo livro, o homem deu um sorriso largo, e apenas respondeu: “Meus livros são uma extensão do que eu vivo minha jovem.”. A jornalista deu um gole profundo no café, não entendeu muito bem o que o ele quis dizer com aquilo, mas deixou passar batido, o homem era simpático, ria de maneira leve, fazia graça para quebrar o gelo nas perguntas mais embaraçosas, suas olheiras profundas foram explicadas na entrevista como um grave caso de insônia adolescente, que se estendeu para a vida adulta e se tornou um probleminha crônico, a Jornalista admirava o homem, estava lisonjeada por ter sido escolhida como a responsável pela matéria que iria publicar com o famoso autor, estava tão excitada, que mal conseguia fazer algumas perguntas sem que uma ou duas palavras delas fosse repetida pelo menos duas vezes durante a questão.

Quando questionado a respeito dos títulos que ele escolhia, o Escritor sorriu e falou: “Os títulos, muitas vezes entregam muito da história, então me apego apenas a uma ou duas palavras para não estragar a experiência do leitor, estou querendo mudar isso nesse novo projeto.”, a Jornalista estava encantada, e se sentia quente na presença do homem, os títulos mais conhecidos do Escritor até onde ela se lembrava; era os livros da saga “O Monstro que me Habita”; saga formada pelos livros; “A Personal Desaparecida”; que contava como uma mulher saiu da academia e encontrou um monstro dentro da lixeira na rua em que passava diariamente para ir embora. “A Médica e o Monstro”; que relatava a história de amor entre uma médica que atendeu no hospital um paciente que ela não sabia que era um demônio que havia se ferido numa briga contra um anjo, e que depois de salvar a vida do seu amado, a mulher teve um fim trágico devido ao seu amor proibido. “A Tatuada Estripada”; até então maior sucesso de vendas do ano anterior, o livro narrava o cotidiano de uma tatuadora, que aceitava como pagamento pelos seus trabalhos informais, favores sexuais sadomasoquistas, que num determinado dia, atendeu um cliente que a sequestrou para um lugar no qual ela foi torturada diariamente, até enlouquecer. “A Motorista sem Destino”; que continha a história de uma Uber, que num determinado dia de trabalho iniciou uma corrida com um passageiro misterioso, e desapareceu do volante para um lugar desconhecido. E por fim, “A Garota do Colégio”; o livro mais criticado e polêmico da saga, nesse, a narrativa seguia uma pré–adolescente que foi seduzida por um professor novato no colégio, e se mudou para morar com o homem após brigar com os pais, tendo assim, um fim triste e completamente brutal.

A Jornalista perguntou qual era o título do próximo livro da saga, e quando sairia. O Escritor deu um sorriso simpático e olhou ela nos olhos…

– Bom, acho que está um pouco cedo para dar um título, mas estou pensando em algo bem sombrio e misterioso.

– Bem, espero que consiga a inspiração ideal… A jornalista se levantou da poltrona e o Escritor se levantou para acompanhá-la até a porta…

Do parapeito da janela, o corvo grasnou estacionado no batente.

O homem e a mulher olharam para o pássaro, seus olhos vermelhos brilharam para os dois… O homem sorriu com o leve susto que ambos tomaram com o grasnado…

– O que você acha… – O Escritor apanhou o casaco da Jornalista no cabide atrás da porta. – De um título relacionado a corvos?

A jornalista olhou confusa para o notebook abaixo do batente. Ela havia lido pouco do livro, mas achou até apropriado para o que tinha visto na tela…

– Você é um excelente autor, mas não sei muito do que se trata o livro, se me disser… Talvez eu possa opinar se é apropriado.

Ela deu um sorriso tímido para o homem.

– Bom… O livro vai contar a história de uma moça jovem, solteira e sem parentes na cidade onde vivia, ela trabalha como escritora de cultura literária no jornal local, e em um determinado dia, ela é escolhida por um autor famoso para entrevistá-lo e saber um pouco mais do próximo lançamento oficial dele… – A Jornalista ouvia com atenção, e enquanto olhava concentrada para o corvo na janela, ela ouviu a voz calma do Escritor dizendo: “Mas quando chega à entrevista, o autor revela para ela que ele é um demônio, e que devora mulheres desde o século XVII para sobreviver após ter sido jogado na terra durante uma batalha com um anjo, ele às vezes tomava café com calmantes para tentar dormir e espantar a insônia crônica que tinha desde então, mas que apenas os corpos humanos eram atingidos pelo efeito esmagador dos remédios.”.

A Jornalista se sentou na cadeira de repente, e sentiu como se um peso vertiginoso fosse colocado em cima da sua cabeça.

O Escritor ajudou a moça a se manter sentada, estava atordoada e relaxada ao mesmo tempo…

– Está tudo bem? – Ele perguntou encarando os olhos da mulher profundamente, ela fitou os olhos do Escritor… Eles estavam pelo menos quatro tons mais claros do que mais cedo… Quase vermelhos e em chamas, as íris estavam se espalhando dentro dos globos oculares, como tinta derramada em uma grande quantidade de água.

– Se… Seus romances… – começou ela, mas não conseguiu terminar a frase… Sentia–se com a língua pesada.

– Ah não, não… Romances não fazem muito a minha praia, amor… – O Escritor olhou para o notebook e para o corvo, depois olhou para a mulher novamente dando um sorriso de dentes serrilhados e pontiagudos. – Meus livros são quase sempre biográficos, meu bem.

– A sa… saga do mon… Monstro que me Habita…

O Escritor lhe dirigiu um último sorriso. Ela sentia os olhos pesando. Se fechando lentamente, a mente se perdendo entre o real e a sonolência… Quando seus olhos se fecharam, ao longe, ela ouviu uma voz grave e inumana dizendo:

– O que acha do título: “A Jornalista sob o olhar do corvo”?

Fim.

 

5,0
Rated 5,0 out of 5
5,0 out of 5 stars (based on 1 review)
Excelente100%
Muito bom0%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Surpreendente

Rated 5,0 out of 5
1 de agosto de 2020

Gostei bastante do conto.

A atmosfera de suspense já me dava sinais sobre o final, mas a forma como aconteceu me surpreendeu (já que eu cogitava várias outras possibilidades😅)

Muito bom!

Gessika

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NAIRIN | CAPÍTULO 2

CAPÍTULO

2

QUEM SOU EU?

Lillillah viu um garoto surgir do nada e ser atingido pela fera. Ela correu para onde jogou seu Ikihatsunukishi. Desesperada, quando ia pular no rio, o cristal reapareceu como se a água a devolvesse. Lillillah abaixou, pegou, acionou e atacou a criatura. A fera fugiu depois de um forte jato de água. Ela foi imediatamente até o garoto para socorrê-lo. O ferimento era muito grave. Lillillah conseguiu estancar a hemorragia e fez um scanner para saber mais a fundo a gravidade dos ferimentos. As análises dos dados falharam em algumas situações, como se não reconhecesse por completo a formação do corpo do menino desconhecido. Ela ficou assustada e o carregou  para sua Unidade de Saúde Móvel (USaM). Lá, Lillillah tentou todos os métodos para fazê-lo sobreviver. Com muito trabalho conseguiu estabilizá-lo, sendo que sua recuperação demoraria um período, pois ele não era um nairiniano, que tem todo seu corpo mapeado. 

 

***

 

O garoto que surgiu do nada acordou assustado e tentou se levantar, mas não conseguiu devido à dor.  Lillillah se aproximou.

— Está tudo bem?

— Onde eu estou?! Quem é você?! — perguntou o menino, muito amedrontado.

— Quem é você? Você não é um de nós.

— O que você está dizendo? Eu sou…

Ele não conseguiu se lembrar de onde era e qual era seu nome.

— Preciso sair daqui! Quero saber o que houve. Quem é você? QUEM SOU EUUU? — gritou o garoto, em pânico.

Lillillah pediu para ele se acalmar e lhe deu um sedativo. O garoto estranho apagou e Lillillah continuou com os estudos para saber de onde ele surgiu, como possuía um Ikihatsunukishi, como falava a língua deles sem ser um nairiniano e que objeto era aquele em forma de esfera de cristal que apareceu com ele. Ela já estava cheia de mistérios para desvendar sobre o passado nairiniano e agora surgiam mais mistérios envolvendo esse garoto desconhecido que não se lembrava de nada.

 

***

 

Passou-se quase um período e o menino misterioso voltou a acordar. Parecia estar mais calmo e Lillillah foi até ele para tentar conversar.

— Olá, meu nome é Lillillah. Está tudo bem? Pode confiar em mim. Qual o seu nome, garoto?

— Eu, eu, eee… eu não me lembro. Onde é que eu estou?

— Você foi salvo por mim. Quase morreu quando foi atacado por uma fera selvagem. Um Oryxullan. Agora está tudo bem. Você está quase recuperado. De onde você é?

— Eu não sei. Não consigo me lembrar de nada — disse ele, olhando para o curativo em seu peito.

Lillillah pegou o Ikihatsunukishi no formato de um pequeno cristal vermelho e perguntou:

— Onde que você arrumou isso?

— Não sei! Já disse que não me lembro de nada. Isso é meu?

— Sim. Isso surgiu com você do nada, mas estava em forma de lança. Também estava contigo essa esfera estranha. Sei que vai responder a mesma coisa, mas você realmente não sabe o que são essas coisas e como conseguiu?

— Como já disse, não me lembro de nada.

Lillillah estava preocupada, pois ia ficar difícil mantê-lo escondido. Ela pensou num plano e sabia quem poderia ajudá-la. Então Lillillah o acomodou em sua Unidade de Saúde Móvel (USaM) e pediu para ele confiar nela, que o ajudaria a encontrar as respostas. Ele se manteve confiante mesmo estando com dezenas de incógnitas na cabeça sobre tudo que estava acontecendo e não lhe restavam opções a não ser confiar em Lillillah. 

Eles decolaram e foram para a TERRA ABETTRATZ. Seguiram até a moradia de um amigo dela em quem depositava grande confiança. Ela foi recebida por Adritiff que disse:

— Se você está aqui então está com problemas. Entre!

— Obrigada! Sei que posso confiar em você. Preciso de um favor… Melhor, favores! —  falou Lillillah, com um belo sorriso.

— Se acomode e me conte. O que houve dessa vez?

Ela explicou tudo que aconteceu desde que o misterioso garoto apareceu e também explicou sobre os Ikihatsunukishi que eles possuíam. Adritiff ficou surpreso e excitado com tudo, pois adorava se aventurar pelo proibido e arriscado. Ele era um ex-colaborador da TERRA CENTRAL e trabalhou no sistema central de tecnologia e desenvolvimento. Adritiff havia se cansado das regras do sistema e voltou para sua TERRA de origem. Ele tinha ido para TERRA CENTRAL bem novo, achando que seu futuro era lá, pois não tinha se adaptado à cultura e estilo de vida da sua TERRA natal.

Eles pegaram o garoto que não se lembrava de nada e o levaram para o laboratório de Adritiff no subsolo de sua moradia. O menino foi incluído no sistema de identificação da TERRA CENTRAL e de muitas outras TERRAS para, no caso de serem abordados, não levantarem suspeitas e serem presos. Adritiff era um verdadeiro hacker e um um gênio da tecnologia de Nairin. Ele havia desenvolvido a maioria dos sistemas atuais e corrigido todos os outros desenvolvidos bem antes dele. Depois de terminar os procedimentos, Adritiff pegou um dispositivo e injetou um chip no braço do garoto com amnésia.

— Tudo pronto. Seu nome será Drihee. Agora você é um nairiniano.

4,6
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Ótimo início.

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29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

Rated 4,0 out of 5
18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

Rated 4,0 out of 5
17 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 1

CAPÍTULO

1

E TUDO MUDA

O Universo se formou há bilhões de anos num processo que no futuro seria explicado das mais diversas formas possíveis.

Formaram-se várias galáxias, sistemas, planetas, entre outras tantas coisas fantásticas. Nos diversos tipos de galáxias formadas, em cada uma delas, formaram-se bilhões de estrelas e na órbita de cada uma dessas estrelas formaram-se vários planetas ou não, sendo mais comuns os gasosos e terrestres.

Em todo esse processo de formação, surgiram numerosos elementos, onde a combinação de dois deles se tornou uma substância crucial para existência de algo que mudaria o Universo para sempre, a vida.

Para a formação de vida em planetas, além da substância crucial, o H2O (água), eram também necessários outros elementos como o He (hélio), N (nitrogênio), C (carbono), uma fonte de energia, que era o calor emitido pela própria estrela do sistema e o planeta teria que estar numa zona habitável, que é a distância ideal entre o planeta e sua estrela, para manter um clima adequado e a água em estado líquido na superfície.

Vários sistemas formaram-se com planetas ideais para existência de vida. Um dos conhecidos até o momento era a…

Terra

Em uma manhã de Domingo do ano 2023 e uma voz feminina gritava aos ouvidos de Erick.

— Acorda, filho! E vai se arrumar se não vamos perder o voo!

Erick ainda muito sonolento levantou, tomou um banho e desceu do seu quarto para cozinha.

— Bom dia, filho! Vem tomar café!

— Sim, mãe!

— Não demore, pois já estamos ficando atrasados. Vou fazer o último check in na casa para podermos partir!

— Ok, mãe!

Por um momento Erick se lembrou da discussão que teve com a mãe na noite anterior, por causa dessa viagem inesperada. Ele não queria largar tudo e começar uma nova vida em outro lugar.

— Mãe… — chamou Erick.

— Oi, filho!

— Me desculpa por ontem! Não foi minha intenção te magoar!

— Não se preocupe, meu filho! Não me magoou. Eu sei o quanto você está triste por ter que deixar tudo para trás. Eu que te peço desculpas!

Ambos sorriram um para o outro e logo em seguida sua mãe subiu para o quarto dela. Erick terminou de tomar o café rapidamente e foi para o seu quarto pegar suas malas.

Ele e sua mãe, Sra. Evelyn, moravam em New York há muitos anos.

O Pai de Erick, Sr. Yoshiro Lin, havia falecido há poucos dias e tinha uma rede de restaurantes no Japão. Yoshiro era separado da Sra. Evelyn desde quando Erick nasceu e raramente se comunicava com eles. Ele o odiava por isso. Mesmo o assumindo como filho não dava nenhuma assistência como pai, somente mandava dinheiro.

A Sra. Evelyn era administradora e trabalhava numa multinacional, mas com o falecimento do ex-marido, largou tudo para tomar conta dos negócios que o mesmo deixou em testamento. Ela entregou a casa para sua irmã Ester, pegou as malas, colocou no táxi e seguiu com seu filho para o aeroporto. Foi uma despedida dolorosa.

Eles estavam indo rumo ao oriente. Erick não se conformava, pois deixaria tudo para trás  indo para um lugar onde não conhecia nada e ninguém. Chegaram ao aeroporto às 12:10 da tarde e partiram 1:15.

Depois de muitas horas de voo eles chegaram ao Japão já quase na manhã do dia seguinte. Lá os aguardava uma das assistentes da empresa do falecido Yoshiro, que os guiou até a residência do mesmo, e que agora pertencia a eles. Apesar da viagem cansativa, Evelyn seguiu com a assistente para conhecer a empresa e assumir o quanto antes os negócios. Erick se acomodou em um dos vários quartos da casa e foi descansar.

A mansão deixada pelo pai era bem grande. Vários quartos, salas e banheiros. Ele tinha vários empregados, que seriam apresentados aos novos donos da casa no dia seguinte. Depois de um dia de descanso para Erick e de trabalho para sua mãe, os dois jantaram sem se falarem muito e foram dormir para encarar um novo dia de muitas novidades.

No dia seguinte, segundo dia no Japão, Evelyn voltou para o trabalho e Erick passou mais um dia entediante em casa.

Já quase na hora do almoço, ele recebeu em seu Tab P uma mensagem da sua mãe.


Tem um carro te esperando. Vamos almoçar juntos. [11:49 PM]

— Com licença, senhor Erick. Tem um…

— Sim, já estou sabendo. Estou indo — disse ele, interrompendo um dos empregados que tentou falar com ele em inglês não fluente.

Erick sem muita paciência pegou seu Tab P e saiu. Ele entrou no carro que já o aguardava e o motorista o levou até o centro de Tokyo. Depois de alguns minutos o motorista o deixou em um restaurante. Na porta, sua mãe o aguardava.

— Olá, meu filho! Vamos almoçar em um dos nossos restaurantes para você conhecer e experimentar a culinária local — disse Evelyn, em um tom de empolgação.

— Ok, mãe — respondeu Erick, com uma voz apática.

Eles entraram, foram muito bem recepcionados e se acomodaram em um dos melhores lugares. Sua mãe pediu que lhes servissem várias coisas, mas nada que agradasse a Erick aparentemente, exceto a sobremesa, que era a que mais gostava: sorvete!

Eles voltaram para casa onde já lhes aguardavam os antigos empregados do seu pai.

Foram feitas as apresentações formais e Evelyn logo voltou para o trabalho. Erick foi para seu quarto desanimado. Ele deitou na cama e refletiu sobre tudo que deixou para trás. Amigos, menina que gostava, uma vida, que apesar de todas as dificuldades, era feliz.

Após muito pensar ele decidiu que queria voltar, mesmo que sua mãe não aceitasse sua decisão. Estava disposto a retomar sua vida antiga a qualquer custo. Sua mãe só estaria de volta tarde da noite e nisso ele ficou em casa aguardando-a chegar.

Para passar o tempo, Erick ficou andando pela casa a fim de conhecer todo o resto com mais detalhes. Num momento, em uma das salas, ele viu um quadro com a foto do seu pai. Erick ficou fitando-o por uns minutos e resmungou:

— Maldi…

— Ele era um bom homem — disse um dos mordomos, atrás dele.

— Hum! Que susto! Quem é você?!

— Me chamo Tatsuo!

— Hum! Legal! Fala minha língua.

— Sim e conhecia seu pai há muitos anos. Seus avós também. Ele falava muito de você.

— Como assim?! Ele me odiava. Nem falava comigo — disse Erick, em um tom de voz alto.

— Ele devia ter seus motivos, mas com certeza o amava muito.

— Como ele me amava?! Nem sequer tem fotos minhas aqui nessa casa.

Tatsuo ficou quieto por alguns segundos e se afastou. Erick continuou andando pela casa e viu uma porta diferente. Muito curioso entrou. Parecia ser um dos escritórios do seu pai. Ele ficou vários minutos olhando para tudo com muita atenção e mais uma vez tinha um quadro com a foto do seu falecido pai, sendo que o mesmo parecia olhar para ele independentemente da posição que estivesse olhando para a arte.

— Bizarro!

Ele tocou no quadro pra sentir a textura e o mesmo caiu no chão. Erick tomou um susto e se abaixou rapidamente para pegá-lo, mas quando subiu para colocá-lo no lugar, viu um cofre eletrônico.

Hum?! O que será que tem aí dentro?!

Ele, como sempre curioso, tentou digitar umas senhas com a esperança de conseguir abrir. Erick tentou a data de aniversário do pai, da mãe dele, vários números aleatórios e nada, mas por um segundo parou, pensou e digitou sua data de aniversário. Nada aconteceu, mas acendeu um indicativo de impressão digital junto com algo escrito em japonês que ele não entendia. Sem pensar muito, colocou o indicador direito. Para sua surpresa o cofre se abriu e dentro avistou duas caixas de metal. Ele achou estranho, mas pegou as caixas , colocou sobre uma mesa e abriu a primeira cuidadosamente.

— Um chaveiro?!

Erick encontrou um chaveiro de cristal em forma de balão esticado vermelho, que parecia estar quente, mas não o queimava. Por um bom tempo ele ficou analisando o objeto e logo depois o colocou sobre a mesa. Erick abriu a segunda caixa e havia outro objeto estranho:

— O que é isso?!

O objeto parecia uma esfera de cristal transparente com mais seis esferas negras menores em todos os eixos “x,y,z”. Ele mais uma vez ficou com o olhar fixado no objeto que parecia ter a imagem de uma galáxia ao centro. 

Erick se assustou com o barulho de alguém mexendo na porta do quarto em que ele se encontrava e rapidamente pegou o objeto estranho e o chaveiro ao mesmo tempo para colocá-los nas caixas e escondê-los, sendo que no mesmo momento o chaveiro se transformou em um tipo de arma que parecia uma lança com uma ponta de kunai e estava em uma temperatura ardente, mas não o queimava. O outro objeto começou a liberar uma forma de energia estranha que foi fazendo seu corpo ficar cada vez mais pesado e do nada sua visão foi ofuscada.

Segundos depois ele se viu em um lugar desconhecido e ouviu uma voz feminina desesperada gritando:

— CUIDADOOO!

Erick virou para trás e se deparou com uma criatura horrível. Ele ficou sem reação e a fera o acertou em cheio com um dos seus enormes chifres, que atravessou o seu corpo.

4,6
Rated 4,6 out of 5
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

Rated 5,0 out of 5
29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

Rated 4,0 out of 5
18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

Rated 4,0 out of 5
17 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS