OS IRMÃOS DO GELO | CAPÍTULO 1

CAPÍTULO

1

E TUDO MUDA

ROGER

Olhei para o céu noturno e vi muitas estrelas brilhantes. Um floco de neve caiu na minha testa.

— Como era possível se estávamos em pleno verão? — pensei, inconformado.

Olhei para meus pés e vi que estavam cobertos de neve. Não sentia frio, mas meu corpo estava imóvel, como se estivesse totalmente congelado. Tentei desesperadamente me mexer. Caí com o corpo ereto. Uma voz bem de longe tentava me dizer algo. Me esforcei para tentar entender.

— Levanta, ROGER! O CAFÉ ESTÁ NA MESA! — gritou Clara.

Droga! Não ouvi meu DS-Tab Phone despertando de novo!

Levantei assustado e lembrei que tinha prova de História. Me arrumei às pressas e desci as escadas pulando de quatro em quatro degraus. Cheguei à cozinha e lá estava meu irmão sentado à mesa e Clara terminando de pôr o café.

— LEVANTA, ROGER! O CAFÉ ESTÁ NA MESA! — gritou Clara, novamente.

— Eu já estou de pé. Bom dia, Clara! E bom dia! — disse, olhando para meu irmão.

Ele me ignorou, levantou e saiu sem terminar seu café. Romeo não falava comigo há uns meses. Desde que ele chegou vivemos nos desentendendo. Talvez a raiva dele seja porque eu tive tudo desde o começo e ele não teve o mesmo privilégio. Aqueles cabelos loiros, olhos azuis sérios, sempre se achando mais bonito do que eu.

— Convencido! — pensei.

Eu que era mais bonito e mais inteligente, mesmo nós sendo gêmeos, mas esses não seriam motivos para não me dirigir à palavra, a não ser pelo fato da mamãe…

— Roger, vá logo, está atrasado! — disse Clara.

— Já estou indo!

— E mais uma coisa: amanhã eu…

— Ok, fui!

Morávamos na Philadelphia, Pennsylvania. Durante a semana eu fazia o mesmo percurso pela manhã. Caminhava alguns quarteirões até à escola, quase sempre atrasado. Tentei passar despercebido, mas…

— Sr. Stan, está atrasado mais uma vez.

— Eu sei Sr. T. Me desculpe.

— Sem desculpas! Se chegar mais uma vez atrasado essa semana, terá muitas atividades extras nas férias de verão.

O Sr. T. era o monitor de alunos da escola. Ele era muito obcecado pelo trabalho e tinha uma careca que refletia a luz do sol em nosso rosto. Além disso, seu olhar sério e desconfiado deixava com medo as pessoas que passavam por ele, mas achava que isso era frustração por não conseguir realizar seu sonho de ter uma banda de rock.

Assim que entrei na sala de aula, a professora interrompeu o que explicava no quadro digital. Todos os alunos pararam e dirigiram seus olhares para mim, menos meu irmão que continuou concentrado nos comentários sobre a prova que seria aplicada, que estava na imensa tela digital.

— Roger, pegue na mesa seu DS-Tab SchoolBook para realizar sua prova e sente-se! Vou terminar de passar as instruções para realização da avaliação e vocês terão quarenta minutos para terminar. Dúvidas? Fechem seus olhos e consultem a Deus!

A professora Sonia Carter era louca, na minha opinião. Com aquele cabelo preto escorrido e aquela franja dos anos 90. Ela devia se achar muito engraçada com suas piadas sem graça, mas não podia mentir, pois tirando suas loucuras e aparência, ela era uma excelente professora. Peguei o DS-Tab SB, olhei para prova e falei comigo mesmo.

— Dessa vez não vou me safar.

Meu irmão em dez minutos se levantou, entregou o Tab SB com a prova toda respondida e saiu.

— Como sempre ele se achando o sabe tudo — pensei, indignado.

Romeo sempre tirava as notas mais altas da turma.

— Atenção! O tempo está acabando.

— O quê? — imaginei.

Uma mensagem enorme surgiu no Tab SB notificando que havia acabado o tempo, me impedindo de continuar. Mal tinha respondido metade da prova. A professora Sonia pegou o Tab SB da minha mesa e riu do meu olhar de desespero. Fui o último a sair.

Fazia muito calor e resolvi parar em algum lugar para tomar algo bem gelado. Atravessei para o outro lado da rua e parei numa lanchonete. Pedi um milkshake de napolitano e fui andando de volta para casa. Tinha que estudar para a prova do dia seguinte e não voltar a fazer a mesma vergonha, deixando questões em branco. Minha vontade na verdade era de sair com os amigos para esquecer os problemas e responsabilidades, mas algo me dizia que tinha que ir para casa.

No caminho passou um carro preto bem devagar do meu lado e quando fui olhar para tentar ver através dos vidros escuros o motorista, ele pisou no acelerador e virou na esquina logo à frente. Achei meio estranho a atitude dele, mas continuei saboreando meu milkshake.

Chegando à porta de casa escutei um grito raivoso.

— ROGERRR!

Reconhecendo a voz e me lembrando do dia anterior, me virei e deparei com um olhar de fúria, mas ao mesmo tempo, um olhar que enfeitiçava qualquer marinheiro em alto mar, convidando-o a pular, mesmo que não soubesse nadar.

— O que houve? Esqueceu do que faríamos hoje?

— Não, meu anjo! Só me distraí com o péssimo dia que tive até agora — disse, tentando me desculpar e lembrar o que tinha que fazer com ela.

— Cadê seu Tab Phone? Liguei várias vezes, mandei várias mensagens e você nada de responder.

— Esqueci em casa. Acordei atrasado, você sabe como eu sou.

Mesmo Desirée furiosa comigo, eu não conseguia achá-la chata. Ela sempre me encantava com os seus olhos castanhos brilhantes e sedutores, seus cabelos encaracolados e leves como seda e sua pele morena e macia.

— Me dá esse milkshake, Roger! Vamos fazer o que tínhamos planejado!

Ela pegou o milkshake com uma das mãos e com a outra a minha mão. Seguimos um caminho sem que eu soubesse aonde nos levaria. Esperava lembrar antes de chegar aonde quer que fosse. No caminho encontramos com meu irmão em sentido contrário.

— Oi, Romeo! — disse Desirée.

— Oi, Desirée! — respondeu Romeo, sem graça.

Ele seguiu em disparada no sentido de casa e nós prosseguimos para o combinado. Chegamos a uma rua bem movimentada, cheias de lojas de roupas, brinquedos e restaurantes.

Logo à frente entramos numa cheia de joias, brincos de ouro e colares com pedras de diamantes. Desirée se aproximou da vitrine de alianças e logo minha memória foi voltando. Há quatro meses eu havia prometido a ela que um dia antes do seu aniversário compraria alianças, para que no seu dia a gente noivasse e, depois de dois anos, casaríamos. Eu devia estar louco quando disse isso para ela. Tínhamos apenas dezessete anos e nem havíamos entrado para a faculdade ainda. Havia muitas coisas que eu queria fazer antes. Curtir mais a vida sem assumir tantas responsabilidades.

Por um momento achei que ela havia me enfeitiçado só para aceitar tudo isso. Era uma situação complicada, mas não podia me esquecer.

— Amanhã é o aniversário dela — disse para mim mesmo, em pensamento, por várias vezes.

— Amor, é esse que eu quero — disse Desirée, animada.

— Tem certeza?

— Sim, com total certeza!

Eu, sem muita alternativa, comprei as alianças. Gastei metade das economias que estava reservando para curtir as férias de verão. Só de imaginar o quanto ela estava feliz, me doía o coração por não estar sentindo o mesmo.

Saímos da loja e seguimos de volta para casa. Eu ainda tinha que estudar, já que pretendia proporcionar uma vida confortável para Desirée no futuro. Parei novamente na mesma lanchonete, comprei mais um milkshake para ela e seguimos o caminho. Já perto de casa, muito pensativo, parei e disse:

— Desirée, espere!

— O que foi, Roger?

— Será que podemos dar um tempo para eu me preparar melhor?

— O quê?! — reclamou Desirée. — O que você quer dizer com isso?

— É que… acho que não estou preparado para assumir tantas responsabilidades.

— Você disse que seria amanhã! Me prometeu! Disse que era o que mais queria!

— Sim, meu anjo, só que…

Desirée jogou as alianças no chão e saiu correndo chorando. Eu, sem muita reação, peguei os anéis e fiquei observando-a correr sem ter coragem de ir atrás. Apertei as alianças com força, coloquei no bolso e fui para casa. Segui o meu caminho e quase na porta de casa, me deparei com Romeo me olhando furioso. Ele colocou a mão no meu peito.

— Você disse que iria se casar com ela!

— O que você tem a ver com minha vida? Não se intrometa, saia da minha frente!

— Deixe de ser irresponsável! Não a trate como seu brinquedo!

Romeo agarrou minha blusa e caímos no chão aos socos, mas logo um homem se aproximou e nos separou. Ele nos arrastou para porta de casa e tocou a campainha. Depois de alguns segundos:

— Com licença! Senhorita…?

— Clara. Como posso ajudar? — respondeu ela, assustada, olhando pra mim e meu irmão.

— Desculpe incomodar, sou vizinho de vocês e quando estava chegando vi esses dois se desentendendo na porta de casa.

— Romeo e Roger! Entrem agora! E… me desculpe o transtorno, senhor…?

— Wood.

— Obrigado, Sr. Wood!

— De nada. Até!

O Sr. Wood foi para sua casa. Clara fechou a porta, lançou um olhar severo em nossa direção e disse:

— O almoço está quase pronto. Vão tomar banho e venham almoçar.

Sem questionar muito, fomos e logo voltamos para comer. Sentei à mesa com Romeo, algo que dificilmente acontecia, e iniciamos nossa refeição que procedeu toda em silêncio.

No término do almoço meu irmão subiu para o seu quarto e eu fui para o meu. Mesmo sendo irmãos e gêmeos tínhamos quartos separados. Nunca entendia qual era a dele.

— Será que ele tinha ciúmes de sermos gêmeos e eu ser mais bonito que ele? — me questionava.

Deixei para lá e fui estudar. Peguei meu DS-Tab HomeBook e passei a tarde tentando revisar a matéria, mas estava difícil de me concentrar, algo me incomodava. Peguei meu DI-EyesÓculos de Realidade Aumentada” e tentei estudar de uma maneira mais interativa, mas logo abri um jogo e as horas passaram rapidamente.

No fim da tarde, já cansado de jogar, parei e olhei pela janela do quarto para ver o tempo. Ouvi um toque de mensagem. Pensei que era Desirée, mas quando vi, era uma mensagem de alguém não identificado que dizia.

 

Vá à caixa de correio.

[5:55 PM]

 

Fui até a janela e vi que na caixa de correio havia algo. Fiquei desconfiado e assustado. Desci correndo e fui até lá para ver o que era.

— Um pacote? Quem será que o deixou aqui? — pensei, curioso.

Não poderia ser o correio, pois não tinha identificação, selo, nada que mostrasse ser uma entrega. Olhei para o alto para ver se via algum drone de entrega, mas não vi nada. Entrei com o pacote e fui até a cozinha beber água.

— Ei, Roger! Se eu souber que você e seu irmão brigaram mais uma vez, vou ligar para seu pai.

— Está bem, Clara!

— Seu pai está viajando a trabalho. Quer deixar ele furioso e preocupado?

— Não.

— E vem comer. Já vou pôr a mesa.

— Não quero, vou estudar.

Peguei o pacote do correio, uns biscoitos escondidos e subi para o meu quarto. Quando estava subindo, Romeo estava descendo para comer como se fosse um menino bonzinho.

Chato! Ao passar por mim pelas escadas, esbarrei de ombro com ele e foi como se passasse cento e dez volts no meu corpo. Ambos olhamos um para o outro, mas ignoramos o que aconteceu. Segui até o quarto, coloquei o pacote sobre a mesa e puxei uma cadeira para me sentar.

— O que será que tem dentro? Será uma bomba?

Eu devia estar louco por trazer isso para dentro de casa, mas cansado por ter tido uma segunda-feira agitada e era só o início da semana ainda, não me importei com o que poderia acontecer e abri o pacote.

Era uma caixa de madeira. Com o coração acelerado cuidadosamente abri a tampa e olhei para dentro. Havia uma foto. Um homem fardado.

— Quem será ele? Me lembra alguém — pensei, sem entender nada. — Será que foi ele que deixou essa caixa aqui?

Coloquei a foto sobre a mesa e olhei de novo para dentro da caixa. Tinha algo parecido com um…

Chaveiro?!

Analisei cuidadosamente o objeto. Tinha a forma de cubo de gelo. Achei bonito e suspeito.

Estranhamente o objeto começou a ficar gelado. Larguei ele na mesa ao lado da foto e olhei para caixa e ver se tinha mais alguma coisa. Bem no fundo tinha um papel dobrado. Peguei e nele havia algo escrito.

 

Um presente deixado para aqueles que herdaram o poder.

 

— Quem foi o louco que escreveu essas coisas? Será que foi o cara da foto?

Não liguei, pois tinha que estudar. No dia seguinte ainda teria prova.

Me lembrei do que havia acontecido entre mim e a Desirée. Esperei ela mandar alguma mensagem o dia todo, mas nem um emoji havia recebido. Deitado na cama, mais uma vez tentei estudar, mas logo parei. Comecei a acessar as redes sociais, ver alguns vídeos engraçados, comer uns biscoitos e jogar novamente o mesmo jogo de antes. Olhei para o relógio e já eram mais de onze da noite. Desesperadamente levantei, peguei o DS-Tab HB, abri a matéria de Química e comecei a ler.

— Capítulo 29. Ciclos biogeoquímicos. Os elementos químicos circulam na natureza ora participaannddooo de mo lé   cu

Estava ficando frio e cada vez mais frio, mas era agradável para mim.

— Romeo? O que você quer comigo? Eu não vou atrás de você!

De repente meu corpo parou de se mexer. Surgiu um espelho à minha frente e eu me via congelado. Não sentia dor. No reflexo, via Romeo e tentava chamá-lo, mas não conseguia falar. Desirée apareceu ao lado dele e os dois começaram a desaparecer.

— Estou sozinho! — disse, assustado.

O espelho sumiu e na minha frente, a uma pequena distância, via alguém. Não consegui ver quem era. Estava tentando me dizer algo, mas eu não escutava. Me esforcei para poder tentar entender.

— ROGERRR! O CAFÉ ESTÁ NA MESA.

Droga! Estava atrasado de novo. Maldito Tab P que não escuto despertando. Precisava de uma AI decente. Levantei desesperado, me aprontei em segundos, desci as escadas em dois pulos e na cozinha Clara já estava terminando de aprontar meu café.

— Pegue, Roger! E vá embora! Tome o café no caminho!

— Obrigado! Até!

Fui correndo para a escola torcendo para não encontrar o Sr. T. Cheguei, entrei como ninja e quase entrando na sala…

— Sr. Stan! Atrasado mais uma vez? Nem preciso dizer o que vai acontecer…

— Mas, Sr. T., hoje é o último dia e última prova.

— Realmente, bem lembrado. Então terá muitas atividades extracurriculares para fazer nas férias de verão.

— Mas, Sr. T…

— Sem mais! Vá para sua sala!

— Sim, Sr. T.

Entrei na sala e a prova já havia começado. Peguei o Tab SB na mesa, me sentei e logo em seguida Romeo se levantou, entregou o seu Tab SB com a prova toda respondida e saiu.

— Chato!

Como sempre se sentindo o cara. Tentei me concentrar e comecei respondendo algumas questões, mas fui interrompido pela professora:

— Por pouco você não perde a prova. Vai precisar de sorte!

Olhei para a professora Elizabeth Collins e me mantive calado imaginando as diversas respostas que poderia ter dado. Até que eu estava confiante. De alguma forma eu sabia as respostas. Não sabia o porquê. Achei que era por causa de um jogo de aventura e enigmas que envolvia muito desses assuntos. Terminei, entreguei a prova e saí. Novamente fui o último, mas muito confiante. Saí da escola pensando em Desirée.

— Como será que ela está? — pensei, preocupado.

Eu fui muito duro com ela e devia ter sido mais maduro e responsável. Olhei meu Tab P para ver se tinha alguma chamada perdida ou mensagens dela, mas nada encontrei. Desirée me perturbava com muitas mensagens carinhosas, mas, desde o dia anterior que eu não recebia nada dela. Precisava entrar em contato, ao menos enviar uma mensagem de parabéns, pois afinal hoje era o aniversário dela. Estava muito envergonhado com o que tinha feito ontem e não tinha coragem nem de mandar um simples emoji.

Caminhei para casa com uma cara de desânimo, como se tivesse trabalhado a semana toda para a apresentação de um projeto e que no final deu tudo errado. Ainda era terça-feira e amigos haviam me chamado para curtir o fim das provas. Eles sempre curtiam, não importava se era início ou fim de alguma coisa. O importante para eles era estar na moda e aproveitar a vida.

No caminho de volta novamente um carro preto passou por mim bem devagar, mas logo acelerou.

— Será que era o mesmo de ontem? — pensei.

Fiquei muito desconfiado e assustado. Imaginei se alguém estava tentando me sequestrar. Apertei o passo e fui para casa.

Ao chegar, notei algo estranho, não havia ninguém em casa.

— Estou cheio de fome, mas cadê a Clara?

Na porta da geladeira tinha um recado dela:

 

Meninos, fui para casa da minha mãe levar o seu remédio e volto só amanhã. Deixei comida no forno. É só esquentar. O que precisarem, me liguem.

 

Clara

 

Ela ainda cismava em escrever mensagens no papel. Seria bem mais prático enviar mensagem pelo Tab P.

— Fazer o que se Clara resiste a tecnologia? — pensei, inconformado.

Ainda era cedo para almoçar. Peguei um pacote de biscoito e fui para o quarto. Liguei o DS-Tab TV de 55” na parede para ver um filme ou série, mas ao mesmo tempo liguei meu DI-Eyes para jogar. No Tab TV estava passando noticiário, mas eu estava vidrado no jogo que estava quase finalizando. A fome começou a bater. Quando fui verificar as horas, vi que já era mais de meio-dia. Olhei para o pacote de biscoito que não tinha aberto, mas decidi descer e pegar o almoço para me alimentar melhor.

Esquentei a comida e subi para o meu quarto novamente. Enquanto comia observava o chaveiro em forma de cubo de gelo que parecia nunca derreter em cima da mesa. Várias coisas me vieram à mente. Lembrei da mensagem de origem desconhecida que recebi avisando dessa caixa no correio. Fiquei minutos tentando imaginar quem poderia ser o responsável por isso. Ninguém me vinha à mente. Essa situação já começava a me incomodar.

Terminei de almoçar, coloquei o Tab TV no mudo, que ainda passava repetidamente uma notícia sobre um incidente que aconteceu ontem, a uma base militar em Nevada, devido a um erro de exercício. Peguei o chaveiro e o olhei por minutos concentrado no silêncio do quarto, mas me assustei com o toque de uma chamada de voz do meu Tab P. Com o susto, deixei o chaveiro cair, mas nem me abaixei para pegar, porque fui correndo ver de quem era a chamada. Estava na esperança de ser Desirée, mas era:

— Vovô Charles!

Era uma surpresa, pois o vovô quase não entrava em contato com a gente. Eu fiquei segundos olhando o Tab P tentando imaginar porque ele estava ligando, mas logo em seguida toquei na tela e atendi:

— Olá! Vovô Charles, tudo bem com o senhor?

— Olá, Roger! Tudo bem, sim! Preciso que venha me ajudar com um trabalho. Você teria tempo?

— Sim, vovô. Com certeza! Mas que tipo de ajuda que o senhor quer?

— É só um trabalho que estou tendo dificuldade em realizar. Mandei para seu e-mail tudo que precisa para poder chegar até aqui em casa. Arrume suas coisas e venha. Obrigado!

— Ok, vovô! Mas uma pergunta: como o senhor conseguiu meu e-mail? O senhor não gosta desses meios de comunicação virtuais.

— Apenas venha e não se esqueça de trazer o gelo!

— Hã?! Mas de que o senhor está falando?

Quando percebi estava falando sozinho. Vovô Charles havia desligado e não ouviu minha pergunta.

— Será que o vovô estava falando do chaveiro? Será que foi ele que deixou a caixa no correio? Isso não seria possível — pensei, confuso.

Coisas estranhas estavam acontecendo e agora essa do vovô.

Peguei o chaveiro no chão e coloquei de volta na caixa de madeira em que ele veio. Peguei a foto do cara e o bilhete. Olhei por minutos a foto e reli a mensagem.

 

Um presente deixado para aqueles que herdaram o poder.

 

Estava tentando conectar os fatos, mas nada se encaixava. Tentei ser um Sherlock, mas não tinha jeito para isso. Coloquei a foto na caixa junto com o chaveiro e amassei o bilhete fazendo uma bola de papel. Mirei na lixeira bem no canto do quarto me imaginando como se estivesse numa partida de basquete tentando fazer uma cesta de três pontos. Mirei, mirei, arremessei e errei. Abaixei a cabeça de decepção e me joguei na cama.

Ouvi alguém entrando em casa. Imaginei que deveria ser o Romeo. Minha intuição se confirmou quando eu o vi pela minha porta que estava entreaberta. Ele entrou em seu quarto e bateu à dele. Levantei e fui arrumar minhas coisas para viajar. Peguei a foto e o chaveiro na caixa, os coloquei na cama e fui guardar na mochila minhas coisas.

Com tudo pronto, sentei na cama, peguei o chaveiro e fiquei imaginando se o vovô tinha alguma ligação com essas coisas. Comecei a lembrar da briga que tive com o idiota do meu irmão.

— Sempre se intrometendo na minha vida — pensei, indignado.

Por um segundo fiquei com muita raiva dele e de repente o chaveiro na minha mão começou a ficar realmente gelado. Me levantei assustado. O chaveiro começou a brilhar intensamente.

— O que é isso?!

O pequeno chaveiro se transformou em uma espécie de faca e seu formato de cubo de gelo ficou na ponta do cabo por onde segura. Sua lâmina parecia bem afiada, mas passando meu dedo sobre ela, cada vez com mais força, não me cortava e imaginei que talvez, ela fosse cega. Passei sua lâmina no colchão e ela cortou feito uma faca afiada cortando sushi.

Incrível! A faca liberava vapor, como se estivesse muito quente, mas na verdade estava gelada. Brinquei com ela como se fosse um espadachim, mas quando me dei conta vi que não estava brincando e que todos os movimentos que havia feito foram fantásticos, como se eu já soubesse manusear uma arma de combate corpo a corpo.

— O que está acontecendo comigo?

Larguei a faca em cima da cama assustado e logo depois ela voltou a se transformar num chaveiro em forma de cubo de gelo inofensivo. Mil coisas me vieram à mente, mas estava tão assustado que não conseguia processar nenhuma delas com coerência.

Decidi que tinha que descobrir o que estava acontecendo e alguma coisa me dizia que vovô poderia ter a resposta. Estava tão nervoso que peguei o meu Tab P da mochila e mandei uma mensagem para Desirée. Cuidadosamente peguei o chaveiro na cama, joguei na mochila e abri um lençol sobre o colchão. Apanhei a foto que havia caído no chão, coloquei na caixa, joguei no guarda-roupa e saí do quarto.

Peguei um pedaço de papel de um dos bloquinhos de recado da Clara, escrevi um bilhete e deixei na porta da geladeira. Já do lado de fora, ainda na porta de casa, respirei fundo tentando pôr na minha cabeça que tudo que estava acontecendo não eram coisas imaginárias da minha mente. Com meu Tab P na mão olhei para os lados e parti.

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OS IRMÃOS DO GELO | CAPÍTULO 0

CAPÍTULO

0

O INCIDENTE

 

Roswell, 02 de Julho de 1947

 

Kristopher foi apunhalado pelas costas, mas, mesmo muito ferido, se virou e atacou a criatura, atravessando a mesma, que se dissolveu em seu Ikihatsunukishi.

Ele percebeu que não ia aguentar muito e usou todas suas forças. O seu Ikihatsunukishi sofreu uma transformação ficando maior e muito mais poderoso. As criaturas restantes mais ágeis recuaram e sumiram na escuridão. As mais lentas não conseguiram se esquivar do ataque furioso e muito rápido dele. Ele ficou por um tempo esperando por mais ataques, mas só se ouvia o som dos grilos.

Kristopher lembrou da sua família e seguiu até onde eles poderiam estar. No meio do caminho, ele ficou com a visão turva, caiu de joelhos e começou a tossir muito sangue. Seu Ikihatsunukishi desativou. Quando tentou se levantar, sua visão apagou totalmente e ele caiu.

Um outro fazendeiro local apareceu e ficou assustado com o que viu. Ele saiu correndo dali e foi avisar ao xerife da região. Pouco tempo depois, viaturas militares chegaram ao local de combate.

Toda equipe se mobilizou para analisar o incidente. Eles ficaram confusos e alguns assustados com a situação. Um Major-General chegou minutos depois a área do confronto.

— Senhor. São muitos destroços.

— Ordene que recolham tudo — disse o Major-General Kerr.

— Sim, senhor! — respondeu o Capitão Hahn.

Ele coordenou a equipe de recolhimento dos destroços de um grande objeto não identificado. Dois oficiais médicos solicitaram a atenção do Major-General Kerr.

— Os ferimentos dele são…

— Identifique-o e o leve para a base — ordenou o Major-General interrompendo um dos oficiais médicos.

— Pelos documentos encontrados na residência próxima, ele se chama Kristopher — disse um Segundo-Tenente que estava ao lado dos médicos.

O Major-General chamou o Capitão Hahn:

— Isole toda a propriedade dele e recolham tudo também.

— Sim, senhor! Mas, senhor, temos um objeto que parece radioativo. Um cristal…

— Parece? Usem o Contador para terem certeza!

— Já usamos e não identificamos radiação, mas…

— Então, não é! Recolha tudo! E…

— Com licença, senhor! Desculpa interromper, mas…

— Mas o quê, Sargento?

— Temos um Xerife e um civil aqui!

O Major-General ignorou os seus subordinados e foi impaciente até os não autorizados.

— O que os militares fazem por…

— Me acompanhem! — ordenou o Major-General Kerr, irritado, interrompendo o xerife.

— Só queremos saber o que houve aqui — questionou o civil, fazendeiro local.

— Não vou pedir novamente — disse o Major-General Kerr, indo até uma viatura.

O xerife, para não contradizer, o acompanhou e pediu para o fazendeiro segui-lo. Eles entraram na viatura e uma conversa se iniciou.

Depois de um tempo, o Major-General saiu, e o xerife e o fazendeiro permaneceram. Ele foi até o Capitão Hahn.

— Senhor, me desculpe, mas são muitas coisas para recolhimento.

— Já acionei uma equipe de reforço. Temos que terminar essa missão antes do amanhecer.

 

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CONTO | O GAROTO DA RUA 666

O GAROTO DA RUA 666

— Não quero ir para escola! Estou me sentindo mau.

— Tudo bem, meu filho. Estou indo trabalhar. Até mais tarde.

— Até.

Norberto estava mentindo para sua mãe. Ele tinha avaliação e não havia estudado. Ela quase não possuía tempo para acompanhar os estudos do único filho. Sua mãe era empregada doméstica e saía muito cedo de casa, sendo que, muitas das vezes, sem hora para voltar. Ele saiu do seu quarto e foi até a despensa para pegar algo para comer, enquanto assistia a uma série de TV.

— #$%$#! Não tem nada de bom!

Ele pegou um biscoito cream cracker e voltou para seu quarto desapontado.

— $%$#@! Não acredito! Volta, sinal! — disse Norberto, revoltado.

O sinal da TV a cabo havia caído. Ele ficou com mais raiva ainda, pois não poderia reclamar com a operadora, já que o sinal era pirata.

— %$#%@! O jeito é dar uma volta por aí. Vou ao shopping — disse Norberto, pensando nos pedaços de pizza que as pessoas deixavam sobrando nas bandejas quando iam embora e que ele poderia pegar.

Ele só trocou a camisa e saiu. Aproveitando a gratuidade do ônibus para estudante, seguiu para o shopping mais próximo. Norberto andou pelo shopping todo, olhando para as coisas, que ele estava longe de ter um dia. Chegando à praça de alimentação, ele fez exatamente o que havia imaginado. Pegou vários restos de pizza que as pessoas haviam deixado na bandeja. Até meia lata de refrigerante encontrou.

Quando pegou o último resto de pizza, percebeu que um dos seguranças do shopping estava se aproximando. Norberto imediatamente saiu do local, a passos largos. Mais dois seguranças se juntaram ao que estava se aproximando dele e foram em sua direção falando pelos rádios.

Ele correu para a saída e os seguranças correram atrás. Por pouco conseguiu sair. Olhou para trás e ninguém o perseguia mais. Norberto resolveu voltar para casa. 

Depois de quase uma hora de espera o seu ônibus chegou. Ele embarcou e, em mais um momento de azar, seu cartão de gratuidade não passou. Norberto ainda tentou fazer cara de triste e desolado para o motorista, mas foi ignorado. O mesmo, que estava estressado, devido ao seu ônibus ter dado problema minutos atrás, não deu uma chance para Norberto. Ele mandou o garoto descer e ir resolver o problema do cartão.

A casa de dele não era muito longe, mas seria quase uma hora de caminhada. Como o dia não estava tão quente, ele resolveu ir andando mesmo.

Nessa caminhada, Norberto ficou refletindo na %$#@$ de vida que ele tinha e nas chances que poderia ter para mudar seu destino.

— Eu devia ter ido para escola. Acho que não tenho alternativa — pensou ele, cansado.

Já bem perto de casa, Norberto ouviu o barulho de algo que parecia ser…

— TIROS — disse ele, em voz alta.

Por um segundo, Norberto olhou para todos os lados para saber de onde vinham. Ele ouviu a sirene da policia e logo viu uma viatura que perseguia um carro prata. Bandidos trocavam tiros com os policiais e vários disparos passaram bem perto dele.

Norberto se jogou no chão e depois de uns minutos, quando o barulho dos tiros estava longe, ele levantou.

— Mas que $%#$*! Nunca vi algo assim aqui perto de casa. A violência está se espalhando mesmo — disse ele para si mesmo, olhando para a placa do nome da rua, 66(6).

Ele seguiu seu caminho quando de repente…

 

***

 

— Hã! O que houve? Que lugar é esse? Que gritos são esses? — disse Norberto, olhando para todos os lados.

Um ser estranho, bípede e sem olhos se aproximou.

— Bem-vindo! Entre naquela fila, para a triagem.

— AHHHH! SAI! SAI! — gritou Norberto, desesperado.

— Acalme-se. Não sou eu quem vai aplicar seu castigo. Entre na fila e aguarde — disse o ser estranho, se afastando e indo em direção à outra coisa que parecia ser uma…

— ALMA! — disse ele, assustado.

Norberto olhou para as mãos e depois para todos os lados. Aos poucos as coisas foram fazendo sentido e ele chegou à conclusão…

— Mas que %$#%¨! Como eu morri? Então o inferno existe? — ficou se questionando.

Ele seguiu para a fila enorme de almas que aguardavam pela triagem. Norberto imaginou que seria para saber que tipo de castigo que ele iria sofrer. Nesse momento ele pensou em todas as coisas ruins que já havia feito na vida. Um desespero tomou conta dele e o fez querer sair correndo.

— Ei! Você! Quer furar fila?

— Hã? Quem disse isso? — perguntou Norberto, olhando para trás.

Ele não viu ninguém e quando olhou para baixo…

— AAAAH! Cachorro demônio?

— Ei! Não grite! Se quer furar essa fila me acompanhe!

O demônio, que parecia um cachorro zumbi, seguiu para um caminho estreito que levava a uma cachoeira de larvas. Norberto hesitou por um momento, mas, por fim, resolveu seguir o pequeno demônio animal. 

— Para onde está indo? — questionou ele.

— Apesar de ter tido uma vida de pecados, não era para você ter vindo para o inferno. Você parece ter um dom especial e precisamos que nos ajude a ir para outro inferno em busca de nosso mestre.

— Busca do seu mestre? Que mestre?

— Oras! O Senhor do inferno, Lúcifer!

— Como assim ajudar? Ajudar a encontrar Lúcifer? O que aconteceu com ele? Por que eu? Que dom que tenho? Como assim outro inferno?

— Calma, garoto! As explicações virão depois. Primeiro, vamos ver se você realmente pode atravessar o portal.

— Que portal? Explique-me! — tentou ordenar, nervoso.

— Aqui, atravesse! — ordenou o pequeno demônio lhe mostrando uma espécie de porta gelatinosa.

— Não vou encostar nisso!

— Você terá uma segunda chance, se fizer. Se não, aquela fila imensa lhe aguarda e, no final, irão decidir de qual pior maneira você passará a eternidade. Então…

— Ok! Ok! — disse Norberto, encostando na porta gelatinosa.

— Deu certo! — disse o pequeno demônio, se transformando em um homem de aparência elegante.

— Deu certo o quê? Afinal, o que é você? — questionou Norberto, olhando desconfiado para o elegante homem.

— Continue! Siga em frente! — disse o demônio elegante segurando a mão de Norberto.

Ele olhou para o demônio, estranhando sua atitude, mas ignorou o fato e seguiu em frente. Após atravessar a porta gelatinosa, eles saíram em um local rochoso e com chamas verdes para todos os lados.

— Que lugar é esse? — perguntou Norberto, confuso.

— Já começou, aqui!

— Começou o quê?

— O apocalipse!

— Como assim? Os demônios estão indo para o mundo dos mortais?

— Isso! — respondeu o demônio, deslumbrado.

— Vamos então! Tenho a chance de falar com minha mãe — disse Norberto, preocupado.

O demônio riu.

— Está rindo de quê? Não posso ir até o mundo dos vivos?

— Para lá você pode, sim! Uma vez aberta a passagem entre o inferno e o mundo dos vivos daqui, você pode ir à vontade, mas…

— Mas o quê? Diga-me!

— Eu ia dizer, mas você me interrompeu. Venha! Veja com seus próprios olhos.

Norberto seguiu o demônio até a enorme passagem que dava ao mundo dos vivos. Ele viu demônios atacando seres estranhos.

— Que lugar é esse? O que os demônios estão atacando. Onde estão os vivos?

— Aqueles são os vivos.

— Hã? Como assim?!

— São os vivos de outro planeta.

— O que? Então existe vida em outros planetas. Mas…

— Exatamente. Não só existe vida em outros planetas, como cada planeta com vida tem seu próprio céu e inferno. O portal que você atravessou comigo nos trouxe a esse inferno. Inferno de outro planeta, onde já começou o apocalipse — disse o demônio seriamente, interrompendo Norberto.

— Que loucura, mas ao mesmo tempo interessante — pensou Norberto. — Tudo bem! Até aqui entendi, mas o que viemos fazer nesse lugar? — perguntou ele, confuso.

— Como já havia dito, estou atrás de meu pai.

— Pai? Você disse que estava a procura do senhor das trevas, seu mestre. Lúcifer.

— Exatamente!

Norberto arregalou os olhos!

Quando ele ia dizer algo, uma luz vinda do céu o arrebatou. O demônio olhou para o alto e pensou:

— Como esses filhos da %$#@, descobriram? Sei que existem outros que funcionam como chave de portais entre os infernos… A questão é como encontrá-los!

O demônio ficou um tempo pensativo, olhando o fim do mundo ocorrendo no planeta Erthumwery. Ele arquitetou um excelente plano e quando se tocou que precisava voltar…

— $#%$#@! Estou preso aqui.

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NAIRIN | CAPÍTULO 10

CAPÍTULO

10

DADOS PERDIDOS

— Ai! Não estou enxergando — disse Lillillah.

Vocês estão bem? — perguntou Mortrazha, sentindo dor.

— Onde vocês estão? — perguntou Maigriyah, assustada.

Ela tentou pegar algo na bolsa que sempre carregava para tentar iluminar o local, mas antes que achasse uma luz acendeu.

— O que nos empurrou? Afinal, o que aconteceu até agora? Estávamos na USaM e não me lembro como saí de lá — disse Drihee com o Ikihatsunukishi ativado.

— Não faz diferença! Você não se lembra de nada mesmo — disse Lillillah com sarcasmo.

Drihee direcionou um olhar chateado para ela. Quando Lillillah ia explicar pacientemente o que havia acontecido foi interrompida por Maigriyah.

— O que é isso? — perguntou ela se aproximando de algo que parecia uma porta feita de uma metal super resistente.

— O que será que tem do outro lado? — questionou Mortrazha, surpreso.

— Acho que posso derreter — disse Drihee, tentando se mostrar útil.

— NÃO! Vai aquecer o metal e aumentar a temperatura por aqui e nos cozinhar, sem contar que vai consumir o oxigênio que parece pouco e nos sufocar antes mesmo de nos fritar — disse Maigriyah.

Algo desceu a rampa.

— AHHH! — gritou Lillillah ativando o Ikihatsunukishi. — Cão inútil! O que faz aqui?

— Acho que foi ele que nos derrubou! — disse Mortrazha, olhando para o animal, desconfiado.

O cão Krittibrayah caminhou até umas pedras ao lado da porta de metal e atrás tinha algo. O animal apontou para essa direção e Maigriyah foi até ele para verificar o que era.

— Interessante! Deve ser por aqui que abrimos a porta — disse ela, pegando logo em seguida um objeto em sua bolsa.

Todos se aproximaram e ficaram observando Maigriyah tentando acessar um dispositivo.

— O que está fazendo? — perguntou Lillillah, curiosa.

— Estou tentando abrir a porta. Só pode ser por aqui…

De repente eles ouviram um estrondo e logo em seguida a porta se abriu. Luzes de dentro acenderam e por um pequeno intervalo de tempo a claridade os cegou.

Quando eles voltaram a enxergar, depararam-se com um lugar amplo que parecia…

— A biblioteca perdida! — disse Maigriyah, surpresa.

Eles entraram cautelosamente. Era uma biblioteca cheia de dispositivos antigos que armazenavam dados. Maigriyah foi até uma pilha deles que estava sobre uma mesa e quando pegou um, o mesmo esfarelou em sua mão.

— Nãooo! Devia ter uma raridade de dados armazenado — disse Maigriyah, desapontada.

— Essas coisas devem ter centenas de anos — disse Mortrazha, pensativo.

Maigriyah ficou analisando o local e viu um dispositivo de processamento que estava conectado à uma central de dados. Ela o alimentou com a energia do seu dispositivo de análise de dados portátil e conseguiu por um instante ligar o mesmo e ter acesso às informações. 

Era um padrão de dados muito antigo e pareciam corrompidos. Ela, com a esperança de poder recuperar as informações, começou a fazer uma cópia. Eram muitos dados e devido à ultrapassada tecnologia que os armazenava, ia demorar muito para fazer a cópia.

— Vocês estão com pressa? Estou fazendo uma cópia dos dados e deve demorar um pouco — disse Maigriyah, afoita com o que poderia descobrir.

— Esse local está mais para uma fortaleza do que para uma biblioteca — comentou Mortrazha, analisando minuciosamente o ambiente.

Computador! — disse Drihee.

— Hã? O que é isso? — perguntou Lillillah.

— Não sei. Estou tentando lembrar, mas não consigo — disse Drihee, confuso.

Lillillah o encarou tentando imaginar o que se passava na cabeça dele. Eles desativaram os Ikihatsunukishi e ela aproveitou para explicar o que havia acontecido desde quando ele apagou na USaM. Depois de um tempo.

— Não! Não! Nãooo! — disse Maigriyah.

Todos os dispositivos de dados e processamento entraram em curto. Por um pequeno intervalo de tempo, Maigriyah conseguiu desconectar o seu dispositivo portátil e evitar que o mesmo fosse danificado.

— Não sou uma menina de sorte — disse Maigriyah, desapontada. 

— O que houve? Achei que tudo ia pegar fogo — questionou Mortrazha, preocupado.

— Não sei! Acho que muita informação foi perdida, mas vou tentar restaurar o que consegui copiar. Vou enviar alguns dados para meu pai me ajudar na recuperação e análise.

Maigriyah tentava entrar em contato com o pai, mas não obtinha resposta.

— Por que não consigo? Estranho! Será que o sinal não está chegando? — questionou ela.

Maigriyah verificou se algo impedia o comunicador dela de entrar em contato com o pai, mas o sinal estava normal.

— Será que aconteceu algo com ele? Preciso…

— O que houve? Para onde vai? — perguntou Lillillah.

— Precisamos sair daqui. Aqui não conseguirei restaurar os dados completamente — disse Maigriyah, agitada.

— Como sairemos daqui? — questionou Mortrazha.

Maigriyah demorou a responder e ficou analisando o local.

— Como sairemos? — perguntou Lillillah, desconfiada.

— Acho que por aqui — disse Maigriyah, mexendo em um dispositivo que parecia controlar uma porta de saída de emergência. — Que sorte! Está com energia. 

Uma pequena porta se abriu e deu acesso a uma escada em espiral. 

— Vamos! Vamos subir e sair daqui!

Mortrazha se aproximou e olhou para o alto.

— Não tem saída.

— Analisei o mapa da saída de emergência. Logo acima tem um bloqueio de acesso, mas é fácil abrir. Conforme subirmos, vamos passar por mais três bloqueios. Vamos! — disse Maigriyah, nervosa.

Lillillah foi logo atrás de Mortrazha. Quando Drihee ia entrar também o cão Krittibrayah avançou nele. Ele correu para o lado e ativou o seu Ikihatsunukishi. O animal pulou em cima do garoto e o derrubou. Drihee se defendia de ser mordido colocando na boca do cão Krittibrayah a barra da sua lança. Lillillah voltou, ativou o dela e atacou o animal. O cão Krittibrayah foi perfurado e se afastou. O mesmo sofreu uma transformação para uma criatura bípede. Antes dela se transformar por completo, Drihee com raiva, lançou uma rajada de fogo e a incinerou.

Depois do ataque, só restara um pequeno cristal alaranjado, que logo em seguida virou pó. Lillillah e Drihee trocaram olhares, preocupados.

— O que foi isso? — perguntou Mortrazha, assustado.

— Nada! Vamos! — disse Lillillah, olhando para todos os lados.

— Como nada? Por que aquele cão atacou? — questionou Mortrazha, confuso.

— Não tenho certeza, mas aquilo não parecia ser o que era — comentou Drihee, pensativo.

— Como assim? — questionou Mortrazha.

— O que estão esperando? Por que não subiram? Já liberei o primeiro bloqueio — disse Maigriyah.

Todos olharam para ela ao mesmo tempo. Lillillah e Drihee desativaram seus Ikihatsunukishi.

— Por que essa expressão? Aconteceu alguma coisa?

— Aquele cão Krittibrayah! Ele atacou Drihee, mas já nos livramos deles — disse Lillillah, caminhando até as escadas. — Vamos!

— Compreendo! Até achei estranho ele ser dócil no início. Geralmente são ariscos com desconhecidos. Parecia que ele já foi treinado por alguém — disse Maigriyah, subindo.

Lillillah e o meninos trocaram olhares, confusos. Mortrazha ia questionar algo, mas hesitou. Maigriyah foi liberando os bloqueios sem dificuldade e eles saíram em um local de ruínas próximo de onde eles escorregaram.

— Cuidado, abaixem-se! — disse Mortrazha.

Ele avistou um robô drone analisando o local por onde eles entraram. O mesmo identificou a presença deles e se deslocou em alta velocidade em suas direções. Lillillah ativou novamente seu Ikihatsunukishi e esperou o robô drone chegar mais perto para atacar. Drihee também ativou o dele e ficou a postos.

— ESPEREEEEE! — gritou Maigriyah indo para a frente de Lillillah.

— SAIA DA FRENTE! — gritou Lillillah, irritada.

— É ADRITIFF! — gritou Maigriyah, olhando com raiva para Lillillah.

O robô drone se aproximou e disse:

— Que bom que encontrei vocês a tempo! Primeiro, Mortrazha entrou para lista de procurados da CENTRAL e eles estão vindo para capturá-lo. Vocês não têm muito tempo! Ele foi considerado um desertor da sua TERRA e eles pediram apoio à TERRA CENTRAL para pegá-lo.

— Como desertor? Eu solicitei afastamento temporário e foi deferido. O que está acontecendo? — questionou Mortrazha, preocupado.

— Estou tentando identificar o que aconteceu, mas acredito que descobriram sobre Ikihatsunukishisen ativos andando por aí. Acho que eles descobriram vocês — disse Adritiff pelo robô drone.

Lillillah e Drihee trocaram olhares, preocupados.

— O que faremos? Como fugiremos da CENTRAL? — perguntou Lillillah.

— Cadê Maigriyah? — questionou Drihee.

Ele olhou para trás e a viu correndo em direção ao local em que eles foram empurrados na rampa.

— O que ela está fazendo? — perguntou Lillillah, irritada.

— Eles estão chegando! Peguem a USaM e fujam.

— Não temos mais a USaM — disse Lillillah, desapontada.

— O quê? Como? O que houve com a USaM? Sem ela vocês não têm como escapar! — observou Adritiff.

Quando Lillillah ia explicar, Mortrazha a interrompeu.

— Não temos alternativas. Vão! Eu me viro e me explico com a CENTRAL. Em uma outra oportunidade nos encontraremos e continuo ajudando-os na busca.

— Não, não, não! Você vem com a gente — disse Lillillah.

— Ele está certo! Vocês não têm alternativas — disse Adritiff.

— O que ela está fazendo? Para onde está indo? — questionou Lillillah não acreditando no que estava vendo.

Maigriyah estava indo embora com a moto de levitação do Bilbroowh.

— Traidora! Ela vai ver quando eu encontrá-la! — disse Lillillah, furiosa.

Mortrazha ficou muito decepcionado com Maigriyah e por um instante tinha esquecido da situação em que estava.

— O tempo está acabando! — disse Adritiff, com a voz aflita.

— VÃOOOO! AGORAAAA! — gritou Mortrazha irritado, voltando à situação.

Drihee se assustou. Lillillah vendo que não tinha alternativas e para evitar que os Ikihatsunukishi caíssem em mãos erradas, desativou o dela, se aproximou de Mortrazha, pegou em sua mão e olhou nos olhos dele.

— Espero que fique tudo bem!

Mortrazha sorriu. Drihee desativou o seu Ikihatsunukishi, se aproximou dele e o abraçou.

— Boa sorte, meu amigo — disse Drihee que logo em seguida se afastou.

Mortrazha ficou surpreso com o comportamento do garoto, mas retribuiu com outro sorriso.

— Venham comigo — disse Adritiff pelo robô drone e guiando o mesmo para uma outra ruína de um edifício.

Eles se esconderam e ficaram observando Mortrazha.

— Fiquem parados. Vou camuflá-los da detecção de presença — disse Adritiff.

— Não acredito que ela nos traiu — resmungou Lillillah, revoltada.

— Ela deve ter tido seu motivo — disse Drihee.

Adritiff ia fazer um comentário, mas hesitou.

— Isso é inadmissível! Ela devia…

Lillillah parou de falar, depois que viu drones da TERRA CENTRAL chegando. Começaram a desembarcar Mitarcopx (Militares da Força Auxiliar da TERRA CENTRAL) e abordaram Mortrazha. Ele foi detido e conduzido até o maior dos drones que chegou. Os Mitarcopx  pareciam discutir algo.

— Eles vão nos achar — disse Lillillah, nervosa.

— É só não se mexerem. O meu robô drone está bloqueando o sinal de rastreamento deles — disse Adritiff.

Depois de pouco tempo os Mitarcopx foram embora. Eles esperaram mais um pouco, até acharem que  o local estava seguro, para saírem.

— O que faremos agora? — perguntou Drihee.

— O que faremos, Adritiff? — perguntou Lillillah.

— Algo–o-o es—tá erra—do! Tem al—guém…

— Adritiff? Adritff? — chamou Lillillah.

O robô drone desligou.

— O que será que houve? — questionou Lillillah.

Sem que eles percebessem, foram cercados pelos Hankyaters.

Se ativarem os Ikihatsunukishi serão neutralizados. Joguem eles no chão e coloque as mãos na cabeça — ordenou o Hankyater líder da equipe.

Lillillah e Drihee, sem alternativas, renderam-se e jogaram seus Ikihatsunukishi aos pés do líder. Eles foram conduzidos até o drone dos Hankyaters. O líder se afastou dos demais e entrou em contato com alguém.

— Parte do plano falhou, mas estou com os outros dois. Estou seguindo para o local orientado.

— Sim! No aguardo! Discutiremos depois sobre os demais.

— Afirmativo.

O Hankyater líder voltou a se aproximar do grupo e todos seguiram para o drone deles. Quando estavam chegando, perceberam que tinha um grupo apontando armas para eles. Um, que parecia ser o líder deste grupo, aproximou-se apontando sua arma para o líder do grupo que capturou os Ikihatsunukishisen e ordenou:

— Todos parados! 

— O que vocês fazem aqui? O que o grupo Hankyater HKY17VH faz nessa TERRA? Vocês não atuam nessa área — falou o líder Hankyater que capturou Lillillah e Drihee.

— Recebemos ordens para interceptá-los, grupo Hankyater HKY14VR. 

— De onde partiu essa ordem? Por qual motivo?

— Foi identificado um espião nesse grupo. Todos larguem suas armas ou vamos atirar para matar.

4,6
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
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Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

16 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

CONTO | COLEÇÃO

COLEÇÃO

— Você está vendo isso?

— O que será? — perguntou Shirell para Thumver.

— Vamos sair daqui! Está vindo!

Eles correram assustados. Algo voando, como uma enorme ave de metal, se aproximou deles. Shirell e Thumver tentaram atacar arremessando suas lanças que passaram longe e então eles começaram a correr novamente. A ave de metal lançou algo gosmento da direção deles e quase os acertou.

Shirell e Thumver se depararam com uma caverna estreita e entraram. Sem conseguir enxergar, eles adentraram ainda mais e de repente começaram a escorregar para o fundo.  

— NÃOOO! — gritou Thumver.

Confusos com a escuridão da caverna, eles viram uma luz que parecia ser uma saída.

Estão nos seguindo! Temos que fugir! — disse Shirell, desesperado.

Thumver seguiu a luz no fim do túnel. Shirell o acompanhou. Chegando, eles se depararam com uma área enorme e bonita.

— Onde estamos?! — perguntou Shirell, confuso.

— Nosso deus nos levou! Morremos! — disse Thumver admirado com a beleza do local e ao mesmo tempo apavorado, achando que havia morrido.

— Eiii! Isso dói! — reclamou Thumver da pancada que levou de Shirell.

— No paraíso do nosso deus não deveríamos sentir dor. Ou os sábios estavam errados? — questionou Shirell.

Eles ouviram um estrondo vindo do local de onde saíram.

— Eles ainda estão vindo atrás da gente! Vamos continuar fugindo!  — disse Thumver.

Shirell e Thumver seguiram para o meio da floresta à frente deles.  De repente avistaram alguém mais jovem que olhou para eles assustado. Outros apareceram e se espantaram com a presença deles.

— Se parecem com a gente, mas o que usam? — questionou Thumver.

Eles tentaram se aproximar, mas hesitaram. Os que pareciam com eles diziam coisas que eles não compreendiam. Uma explosão assustou a todos. 

— Temos que fugir! — disse Shirell olhando para o local de onde vieram e que havia acabado de explodir.

Todos que estavam à frente deles entraram em pânico e se dispersaram. Thumver e Shirell correram seguindo um daqueles que se parecia com eles e usava coisas diferentes. Quando saíram da floresta viram construções estranhas aos seus olhos. Os que pareciam com eles entraram nessas construções.

Eles viram a ave de metal se aproximando. Mais aves de metal surgiram e começaram a lançar coisas gosmentas para todos os lados. Eles fugiram sem rumo, assustados e ao mesmo tempo admirados com as coisas novas com que se deparavam. Pareciam ser coisas dos deuses.

Shirell e Thumver voltaram para a floresta e se esconderam em um arbusto. 

— Não tem para onde fugirmos! — disse Shirell assustado.

— Vamos esperar ficar escuro para tentarmos escapar! — disse Thumver sem saber para onde ir.

Eles permaneceram quietos e escondidos e ouviram mais explosões e gritos. Depois de um bom tempo o silêncio prevaleceu. Thumver e Shirell esperavam pela escuridão que demorava. De repente foram surpreendidos por seres estranhos que usavam vestes que pareciam ser de metal. Os seres encostaram um tipo de lança neles que os fez se contorcerem e desmaiarem.

 

***

 

Shirell acordou tonto.

— Onde estou? Thumver? Thumver? — tentou acordar o companheiro que estava ao seu lado.

Thumver abriu os olhos lentamente e se levantou.

— O que houve? Onde estamos? O que são essas criaturas? — questionou Thumver olhando para outras espécies estranhas que também estavam engaioladas ao lado deles.

Um ser que estava preso à direta da gaiola deles, estendeu o que parecia ser sua mão.

Eles ficaram assustados achando que a criatura estava querendo atacá-los. O ser continuou com a mão estendida e Thumver tentando ser corajoso ao menos uma vez, se aproximou cautelosamente. Quando ele ia tocar na mão da criatura, ela segurou seu braço.

— ME SOLTAAAAAA! — gritou Thumver assustado.

Ele começou a ver coisas confusas que logo depois foram se tornando compreensíveis. Depois de uns segundos o ser o soltou.

Thumver olhou para ele surpreso.

— Então você se chama Frihuntinh. Conexão neural! Como? Surpreendente tudo isso! — disse Thumver deslumbrado e numa língua que seu companheiro Shirell não compreendia.

— O que está falando? — perguntou Shirell, confuso.

— Desculpe-me, meu amigo — disse Thumver na sua língua primitiva.

— Desculpa? Amigo? Que palavras são essas? — questionou Shirell.

— O que eu vou lhe dizer  tenho quase certeza que não irá compreender.

Shirell olhava ainda mais confuso para Thumver.

— Frihuntinh é um alienígena e seu planeta também foi atacado. Sua espécie tem uma habilidade especial. Eles podem fazer conexões neurais com muitas espécies vivas dotadas de consciência. Isso que ele fez comigo! Fez uma conexão e passou todo seu conhecimento para mim.

— Thumver? — disse Shirell com um olhar confuso.

Meu amigo, não estamos sozinhos no Universo. Nosso planeta foi atacado e agora somos prisioneiros — disse Thumver, preocupado.

— Prisioneiros? — questionou Shirell.

— Sim. E o pior, somos a coleção deles. Somos a coleção dos terráqueos.

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CONTO | METEOROS

METEOROS

O mundo hoje é dividido em opiniões sobre se estamos sozinhos no universo ou não. Fatos históricos e acontecimentos recentes remetem às possibilidades de que já havíamos sido visitados antes por seres extraterrestres. 

Mesmo com vários fatos e relatos de humanos que avistaram ou até mesmo que foram abduzidos, nada foi comprovado, até o dia que…

— Herbert, acorde! Não está ouvindo o despertador? Vai perder a chuva de meteoros! — gritou a mãe dele.

Ele acordou ainda muito sonolento e levantou. Calmamente pegou seu telescópio e saiu do quarto.

— HERBERTTT! 

— Já acordei! Obrigado, mãe! — disse Herbert indo até a geladeira para beber água.

A Sra. Ana, mãe de Herbert, era viúva e para ganhar o sustento, costurava para uma pequena confecção no interior de Minas Gerais. Para dar conta das várias peças de roupas que lhes rendiam um pouco mais de um salário mínimo por mês, ela ficava até tarde costurando.

O pai de Herbert sofreu algo trágico há cinco anos no hospício. Ele era fazendeiro e, depois da noite de 11 de junho, nunca mais foi o mesmo.

O Sr. Mário foi internado como louco por dizer coisas como ter sido abduzido e que estava com a cabeça repleta de informações alienígenas. Informações que não compreendia. Ele repetia três nomes e fez isso por anos.

Meses depois, o Sr. Mário bateu a cabeça na parede por várias vezes e morreu de traumatismo craniano.

Herbert posicionou o telescópio para a constelação de gêmeos e aguardou a chuva de meteoros que seria ocasionada pelo cruzamento da órbita de um cometa que deixou, em sua passagem, uma nuvem de destroços. Depois de poucos minutos aguardando, ele começou a ver algumas estrelas cadentes. O céu estava limpo e a temperatura agradável.

— Hã? O que é aquilo? — disse Herbert olhando para uma luz no céu que parecia aumentar em sua direção.

De repente uma outra luz muito forte ofuscou sua visão.

— O que é isso?! Você! Tire essa lanterna da minha cara! — tentou ordenar Herbert, frustrado.

— O que está fazendo, seu nerd? Olha! Ele está olhando as estrelas! — disse Léo derrubando o telescópio de Herbert.

Nerd idiota! — disse um dos amigos de Léo que o acompanhava.

— Vamos, galera! Não vamos perder tempo com esse nerd infantil! — disse Viviane, a menina mais cobiçada da cidade.

O grupo de Léo estava indo acampar ali por perto. Herbert os ignorou, levantou seu telescópio novamente e voltou a olhar a chuva de meteoros. Para sua decepção, daquele momento em diante, ele praticamente não viu mais nenhuma luz caindo do céu. Ele recolheu o equipamento e voltou para casa, mas subitamente ele avistou um brilho muito forte.

Ele seguiu em direção à luz. Ouviu gritos e acelerou o passo. Por um instante Herbert hesitou e nesse momento a luz forte desapareceu. Ele, com medo, seguiu cautelosamente até o local onde observou o brilho ofuscante. Chegando ele viu as coisas do grupo do Léo largadas no chão. Sem entender o que havia acontecido, ele olhou para o céu. 

Herbert viu um pequeno ponto de luz que se movimentou rapidamente até desaparecer. Ele concluiu naquele momento que poderia ter acontecido uma abdução, mas estava desacreditado de tal possibilidade, com medo de acharem que estava ficando igual ao pai.

Herbert percebeu que havia pessoas se aproximando. Ele saiu correndo do local sem olhar para trás. Entrou em casa, onde sua mãe ainda estava costurando e sem falar com ela, seguiu para seu quarto. Herbert sentou à beira da sua cama pensativo e nervoso.

— O que houve meu filho? — perguntou sua mãe adentrando ao seu quarto.

Ele hesitou por uns instantes antes de responder.

— Nada, mãe. Só estou cansado. Vou tomar um banho e dormir — disse Herbert sem olhar para ela.

Sua mãe ficou desconfiada, mas como tinha ainda muito serviço para concluir, voltou para as costuras.

Herbert tomou banho, deitou na cama absorto e permaneceu assim até o amanhecer. Ainda bem cedo e sem sono, ele se levantou e foi até a cozinha para comer algo. Sua mãe também havia passado a noite acordada, trabalhando. Ela parecia exausta, mas continuava costurando e assistindo ao noticiário local da manhã.

— Quatro jovens desapareceram na noite passada. Seus pertences foram encontrados na floresta de camping ao sul da cidade… 

— Isso aconteceu aqui perto — disse a Sra. Ana, surpresa.

Herbert continuou vendo o noticiário assustado.

— O que foi meu filho? Você está estranho desde que voltou ontem à noite — disse sua mãe, desconfiada.

Ele ainda olhando para o noticiário, que já passava outra notícia, se assustou com o barulho de alguém batendo na porta. Herbert foi atender.

— Desculpe o incômodo. Só vamos fazer algumas perguntas — disse o policial.

O garoto ficou surpreso com a presença de dois policiais na sua porta. Sua mãe apareceu atrás dele.

— O que houve? Em que posso ajudá-los? — perguntou Sra. Ana.

— Estamos investigando o desaparecimento de quatro jovens que ocorreu aqui perto. Se puderem responder a duas perguntas — disse o policial da Silva.

— Sim, pois não? — disse a mãe de Herbert.

— Nome de vocês e o que estavam fazendo ontem à noite?

— Meu nome é Ana e esse é meu filho, Herbert. Eu estava costurando e meu filho estava no quarto, se quiserem podem entrar e ver minha máquina de costura e o que estava produzindo — disse a Sra. Ana com olhar fixo no policial da Silva.

O investigador ficou encarando-a por uns segundos.

— Tudo bem! Desculpe o incômodo. Se acharem algo suspeito, contacte a polícia imediatamente.

A mãe de Herbert acenou com a cabeça confirmando. Os policiais foram embora e Herbert foi para seu quarto refletindo sobre o assunto. A Sra. Ana estava preocupada com o filho, mas não deu muita atenção, pois as costuras estavam atrasadas e ela precisava entregá-las no dia seguinte.

Deu a hora do almoço e Herbert saiu do quarto para comer. Sua mãe havia feito uma pausa para preparar uma comida rápida. Eles se alimentaram em silêncio e Herbert voltou para o quarto. Sua mãe foi até o filho para conversar. Ela ficou parada na porta observando-o e resolveu deixá-lo quieto.

Sr. Ana estava exausta e tentou voltar a costurar, mas foi até sua cama para descansar uns minutos e tentar recuperar o máximo de energia para terminar o trabalho sem erros.

Horas se passaram e Herbert saiu do quarto. Já era noite e ele não encontrou sua mãe. O coração dele acelerou e Herbert correu até o quarto dela. Para seu alívio ela estava dormindo. Herbert foi beber água e da janela viu um ponto de luz forte vindo da direção do local onde estava vendo os meteoros na noite anterior.

Por um instante ele ficou com medo, mas resolveu ir ver de perto. O ponto de luz ficou mais forte. Herbert correu até o local, contudo parou, porque pensou que poderia ser os policiais procurando por algo. Ele resolveu voltar, quando algo penetrou no seu pescoço e ele desmaiou.

 

***

 

— Onde estou? disse Herbert com muita dor de cabeça e deitado em um local frio e estranho.

— |_\—\-|\—||-\-\–\–|__-_-\

— O que é isso? Quero sair daqui! — disse ele vendo alguém estranho se aproximar.

— |–|-___—|_|\|_–_-__–|—\–

Herbert sentiu uma forte pressão na cabeça e seus olhos se fecharam lentamente.

 

***

 

— Encontrei — disse um policial.

Os demais policiais se aproximaram com suas lanternas do local onde o companheiro apontava.

— Sim, bate com a descrição de um dos desaparecidos. Tirem-na daqui.

Os policiais levaram a menina identificada como Viviane. Ela parecia não reconhecer onde estava. A garota parecia não se lembrar de nada. Não respondia aos estímulos. Parecia que estava sob efeito de drogas pesadas. Foram feitos exames toxicológicos nela, mas para surpresa dos médicos que estavam cuidando dela, nada encontraram no resultado.

Dois dias se passaram e Viviane disse uma coisa, um nome, repetido várias vezes por dois minutos.

— Herbert, Herbert, Herbert…

Os policiais que estavam cuidando do caso associaram o desaparecimento do menino Herbert com o dos outros garotos que desapareceram na noite anterior à dele. Eles tentaram conversar com Viviane, mas não conseguiram tirar mais nenhuma palavra dela.

Um bom tempo se passou e o caso não teve mais nenhuma resposta. Ele foi arquivado. Viviane foi internada e permanece até hoje em um centro psiquiátrico. Um dia ela recebeu uma visita inesperada.

— Olá! Me disseram que você não conversa com ninguém, mas não tive escolha. Meu sentido de mãe diz que meu filho ainda está vivo. Você há muito tempo disse o nome dele. Vocês desapareceram na mesma época. O que você sabe sobre ele? Por favor, me diga algo! — disse a Sra. Ana, chorando.

Viviane permaneceu olhando para o nada. A mãe de Herbert viu que não ia conseguir nenhuma resposta dela e se levantou desapontada. A menina virou o pescoço para o lado.

— Herbert, Herbert, Herbert…

— Sim, meu filho. O que sabe sobre ele?

Viviane olhou para o chão e depois de uns segundos.

— Herbert, Herbert, Herbert… ele agora é um deles.

5,0
5,0 out of 5 stars (based on 2 reviews)
Excelente100%
Muito bom0%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Conto de narrativa interessante

27 de novembro de 2020

5 estrelas

Kelly

Topp

9 de agosto de 2020

Que venham as novas aventuras

Cris

NAIRIN | CAPÍTULO 9

CAPÍTULO

9

ATRAÍDOS PARA ESCURIDÃO

— Chegamos — disse Lillillah.

Todos eles desembarcaram da USaM.

— Meu pai me disse que esse lugar já foi muito movimentado — disse Maigriyah, olhando para a paisagem desértica, onde a areia cobria boa parte da cidade destruída.

— Por que essa cidade foi destruída? — questionou Drihee.

— Nairin já quase foi extinto. Ele sofreu…

— CUIDADO! — gritou Mortrazha, interrompendo Lillillah.

— Serpentes da areia! — disse Lillillah, assustada.

Ela e Drihee ativaram os seus Ikihatsunukishi e se posicionaram para a defesa. Mortrazha e Maigriyah ficaram entre os Ikihatsunukishisen.

— Elas são enormes — disse Drihee, preocupado.

Lillillah atacou de forma precipitada uma das serpentes que estava indo na direção deles. Ela lançou um jato de água, mas foi muito fraco. O ambiente seco não era favorável para seu Ikihatsunukishi. Drihee lançou uma forte rajada de fogo que fez a serpente recuar. Outras foram na direção deles e mais uma vez Drihee usou seu Ikihatsunukishi, sendo que desta vez a sua rajada de fogo se transformou em um tornado, afastando as criaturas.  Lillillah aproveitou e acionou a USaM remotamente levando-a até eles. Todos embarcaram e levantaram voo imediatamente. 

— Se não fosse a desvantagem, eu teria derrotado aquelas serpentes — disse Lillillah, tentando demonstrar confiança.

— Não me lembro de ter essas serpentes quando vim até aqui com meu pai. Tem outras coisa nesse lugar que estão diferentes. Apesar de ter um tempo, era para estar do mesmo jeito — disse Maigriyah, reparando em algumas ruínas.

— Diferentes como? — questionou Mortrazha. 

— Deixa para lá. Deve ser coisa da minha cabeça. Talvez seja por causa da presença das serpentes da areia. Elas devem ter alterado esse local. Mas o estranho é…

— É o que? — perguntou Lillillah, pois Maigriyah havia parado de falar.

— O estranho é como as serpente vieram parar aqui. Elas não são típicas desta região — disse Maigriyah, pensativa.

Boommm

— O que nos atingiu? — questionou Mortrazha.

— Não sei! Vou fazer um pouso forçado. Segurem-seee! — disse Lillillah, assustada.

Enquanto ela tentava manobrar, todos se apoiaram no que podiam. Lillillah fez o possível, mas eles se chocaram na areia violentamente. Drihee bateu a cabeça com força e apagou.

— Vocês estão bem? — perguntou Lillillah, tonta.

Mortrazha se levantou e ajudou Maigriyah a ficar de pé. Lillillah correu até Drihee, preocupada. Ela o analisou e viu que ele só desmaiou. 

— Vamos sair daqui! As serpentes sanguinárias estão vindo — disse Mortrazha olhando para fora.

Ele ajudou Lillilliah a carregar Drihee e todos saíram correndo até a ruína de um edifício. A areia atrapalhava a corrida e Maigriyah viu que não conseguiriam se salvar. Ela parou e esperou o fim. Lillillah largou Drihee, ativou o Ikihatsunukishi e foi para a frente de Maigriyah. Ela tentava se manter confiante, mas no fundo estava desesperada, pois seu ataque não os livraria das serpentes que iam na direção deles, espalhando areia para todo lado.

De repente um tornado de areia surgiu e engoliu as criaturas. Uma tempestade se formou e atrapalhou a visão de todos.

— LILLILLAHHH — gritou Mortrazha, tentando enxergá-la.

Em pouco tempo a tempestade se dissipou. Lillillah olhou para trás preocupada e puxou Maigriyah pelo braço até Mortrazha e Drihee. As serpentes haviam desaparecido e alguém caminhava tranquilamente na direção deles.

— É ele! Bilbroowh. O Ikihatsunukishisen da areia! — disse Mortrazha.

O garoto se aproximou deles e disse:

— Dois Ikihatsunukishisen e não conseguem dar conta de umas serpentezinhas!

— O que faz aqui? Por que fugiu da última vez? — questionou Lillillah, irritada com o comentário dele.

— Não trabalho em equipe. Eu que pergunto: o que estão fazendo aqui?

— Você que tem…

— Estamos em busca de uma conhecida que desapareceu — disse Maigriyah, interrompendo Lillillah.

Elas trocaram olhares de desaprovação.

— Compreendo! Tenham sorte na busca. Agora preciso continuar com a minha. E parem de ir onde eu vou…

Bilbroowh viu algo acenando para eles. Era um cão Krittibrayah balançando sua cauda.

— O que ele quer? O que esse tipo de animal faz aqui?— questionou Bilbroowh apontando para o cão Krittibrayah.

Todos direcionaram o olhar para o animal.

— Nã-ã—-ã-ooo! — disse Bilbroowh.

Algo fino atravessou seu peito. Era um espinho e todos tentaram ver da onde o mesmo veio e viram algo afundando na areia.

— Lillillah ainda com o Ikihatsunukishi ativado correu até onde viu algo afundando na areia e esperou algum ataque. Depois de pouco tempo…

— LILLILLAH. ELE PRECISA DE AJUDA! — gritou Maigriyah que segurava Bilbroowh.

Lillillah se sentindo perdida correu até eles.

— Vamos levá-los até a USaM. Dá para salvá-lo — disse Lillillah, pensando em seus equipamentos e esperando que os necessários não tenham sido danificados com a queda.

— Afinal? Quem é ele? De onde o conhecem? — questionou Maigriyah.

Enquanto eles iam para USaM, Mortrazha foi explicando para ela, sem muitos detalhes. Assim que chegaram, Lillillah iniciou os procedimentos para operar Bilbroowh. Maigriyah ficou analisando os danos da USaM.

— Acho que posso consertar o mecanismo de voo, mas preciso de um tempo — disse ela.

— Então faça — disse Lillillah concentrada na operação.

Depois de um tempo Lillillah finalizou os procedimentos e estabilizou Bilbroowh.

— Ele vai ficar…

Lillillah foi interrompida pelo balançar da USaM.

— Maigriyah — disse Mortrazha preocupado e saindo.

Ele parou e viu que a USaM estava voando. Ele olhou para baixo e viu Maigriyah.

— SAIAM DAÍÍÍ! — gritou ela.

Mortrazha olhou para o alto e viu que um drone enorme os estava abduzindo. Ele correu até Lillillah e pegou Drihee no colo, que ainda estava desacordado.

— Temos que abandonar a USaM! Vão nos capturar.

— O quê? Como? — questionou Lillillah.

Ela percebeu que a USaM estava sendo atraída por algo bem maior.

— Mas não podemos tirá-lo daqui — disse Lillillah olhando para Bilbroowh conectado aos equipamentos que o mantinham vivo.

Mortrazha pensou rápido.

— Se é a única chance de ele sobreviver, então deixe-o! Mas pegue o Ikihatsunukishi dele. Isso que não pode cair em mãos erradas!

Lillillah hesitou, mas logo em seguida pegou o que podia mais o Ikihatsunukishi de Bilbroowh e acompanhou Mortrazha.

— Teremos que pular! — disse Mortrazha.

— Mas está alto…

— A areia amorteeeeece! — disse Mortrazha pulando com Drihee nos braços.

— Como faz falta um equipamento portátil de levita…

Lillillah se lembrou da cama de levitação. Ela pegou e pulou deitada nela. Por um instante Lillillah achou que ia colidir na areia, mas a cama parou bem perto do chão e se manteve flutuando.

— Boa ideia! Podia ter me falando — falou Mortrazha sentindo muita dor.

— Coloque-o aqui!

Mortrazha colocou Drihee na cama de levitação. Eles se esconderam em uma ruína próxima. Logo depois Maigriyah se aproximou e ao lado dela estava…

— O que esse cão Krittibrayah está fazendo com você? — questionou Lillillah.

O animal seguiu na direção das ruínas de um edifício, parou e acenou com o rabo para eles.

— É estranho o comportamento dele. Ele deve estar perdido, pois esse não é o ambiente natural dele. Mas acho que ele quer que a gente o acompanhe — disse Maigriyah.

— Vamos confiar em um cão Krittibrayah? — questionou Mortrazha.

— Não temos escolha! — disse Lillillah olhando para o drone abduzindo sua USaM.

Ela ficou pensando o que explicaria à Central sobre  o que aconteceu à Unidade de Saúde Móvel. 

— E Bilbroowh? — questionou Maigriyah.

— Não tivemos escolha! — disse Lillillah se lamentando.

— Vamos logo, antes que a gente seja capturado também! — disse Mortrazha, preocupado.

Eles acompanharam o animal até uma outra ruína próxima. Adentraram e viram uma rampa íngreme. Ao lado eles avistaram uma moto de levitação. Maigriyah se aproximou dela e a analisou.

— Ela era do Bilbroowh. Mas é estranho…

Drihee acordou e se levantou assustado.

— Calma! Está tudo bem! — disse Lillillah tentando acalmá-lo.

— O que houve? Onde estamos? Cadê meu Ikihatsunukishi? — perguntou Drihee, confuso.

— Está preso à sua vestimenta — respondeu Lillillah.

— Está tudo bem? Acalme-se! — disse Mortrazha.

Maigriyah foi para perto deles. De repente, algo os empurrou até a rampa e todos escorregaram para escuridão.

4,6
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

16 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 8

CAPÍTULO

8

INIMIGO OCULTO

Era noite, mas as duas luas de Nairin, que estavam lado a lado, iluminavam o caminho deles.

— Lillillah, você não ia até o local onde encontrou seu Ikihatsunukishi? — questionou Mortrazha. 

— Exatamente! Vocês precisam ir até lá para saber o que houve com a filha de Mistrunihik — disse Adritiff, através do robô drone Yu.

— São tantas coisas estranhas acontecendo que havia me esquecido. Sim, vamos desviar o caminho e ir até a filha de Mistrunihik.

— Mistrunihik? — perguntou Maigriyah.

— Sim, o que me entregou o Ikihatsunukishi. Ele me deu um cristal que parecia estar na forma bruta e quando o toquei ele se transformou numa esfera e logo em seguida na arma que parece uma lança de combate. Depois disso o Ikihatsunukishi voltou a ser uma esfera e está assim até agora — disse Lillillah, olhando para seu Ikihatsunukishi em forma de uma esfera de cristal.

— Interessante e ao mesmo tempo confuso — disse Maigriyah.

Mortrazha deu um soco em uma pequena mesa ao seu lado. Todos se assustaram.

— O que houve? — perguntou Drihee.

Lillillah percebeu que Mortrazha a olhava, com raiva. Ela desviou o olhar dele. Maigriyah olhou para Drihee e perguntou, por gestos, o que estava acontecendo. Ele levantou os ombros, respondendo que não sabia. Maigriyah não entendeu o movimento.

— Por que mentiu para mim? Achei que podia confiar em vocês — disse Mortrazha, irritado.

Lillillah se tocou que, o que ela acabara de dizer, sobre ter conseguido o Ikihatsunukishi na casa de Mistrunihik, entrava em conflito com o que ela tinha dito para ele. Que havia encontrado o Ikihatsunukishi à beira de um rio.

Ela o ignorou, sentindo-se envergonhada.

— Vai fingir que não me ouviu? Diga-me, por quê? Por que mentiu?

— Desculpe-me, mas naquele momento em que conversamos, ainda não tinha certeza das suas reais intenções. Você já viu o que enfrentamos e o que possivelmente deveremos enfrentar. Temos que ter o máximo de cautela — disse Lillillah, sem olhar para ninguém.

Mortrazha permaneceu em silêncio e pensativo. Ele compreendeu, em partes, que Lillillah estava certa em ter cautela.

— Podem contar comigo! Estou com vocês nessa e espero poder contar com vocês — disse Mortrazha de cabeça baixa.

Uma mão foi estendida para ele. Mortrazha viu que era Drihee.

— Pode contar comigo também — disse Drihee, esperando que o amigo apertasse sua mão em cumprimento.

Mortrazha não compreendeu o gesto, mas por algum instinto, apertou a mão de Drihee. Ele balançou a mão de Mortrazha e sorriu.

— Vocês são estranhos — disse Maigriyah. — Vou descansar. Aqui, nessa USaM, não há muito espaço. Será que haverá lugar para todos descansarem?

Lillillah demorou a responder.

— Tem duas camas por levitação para os pacientes e uma de descanso para mim. Tem acolchoado, mas terá que ficar no chão.

— Eu fico no acolchoado — disse Mortrazha.

— Tudo bem! Vou descansar. Precisando me chamem — disse Maigriyah, indo se preparar para dormir.

Yu se aproximou cautelosamente de Lillillah e falou baixo:

— Vou indo. Estou acompanhando daqui e, se precisar, entre em contato imediatamente. Estou perto de conseguir uma resposta sobre o objeto que você deixou comigo. Mantenho você informada. Até.

O  robô drone foi para um canto e entrou em modo de repouso.

— Vou comer alguma coisa e descansar também — disse Drihee, indo até uma cama por levitação.

Mortrazha se aproximou de Lillillah.

— Desculpe-me pela grosseria. Só quero que compreenda que pode confiar em mim.

— Tudo bem, eu que peço desculpas pela minha cautela excessiva — disse Lillillah sem olhar para ele.

Mortrazha estendeu a mão para ela, esperando o mesmo comprimento que fez com Drihee. Ela sem entender, estendeu a sua.

— Esse comportamento é estranho — disse Mortrazha, sorrindo.

— Sim! Isso é coisa do Drihee. Queria saber de onde ele veio.

— Vamos descobrir todas as respostas. Só temos que confiar um no outro.

Lillillah olhou nos olhos dele e sorriu. Mortrazha foi descansar e Lillillah ficou acordada até chegar ao ponto no meio da viagem. A coordenada segura indicada por Hirahtray. A partir deste ponto eles desviariam do caminho para irem até a filha de Mistrunihik.

 Assim que chegaram ao local seguro, ela foi descansar.

 

***

 

— Já amanheceu! Acorde! — disse Lillillah para Drihee.

— Hã? Lillillah? Aconteceu alguma coisa?

— Não! Era para te avisar que estamos quase chegando.

— Entendi. Bom dia! — disse Drihee se espreguiçando.

— Bom dia? Por que bom dia? Não sabemos se teremos um bom dia — questionou Lillillah, confusa.

— É um cumprimento, eu acho — disse Drihee confuso e tentando se lembrar de algo.

— Chegamos! — disse Maigriyah se aproximando com Mortrazha.

Eles se equiparam e desembarcaram da USaM. Lillillah foi à frente e seguiu até a única habitação do local. Ela entrou cautelosamente e os outros a acompanharam, olhando para todos os lados, com atenção.

A habitação parecia não ter ninguém. Lillillah viu em cima de uma mesa a mesma caixa em que estava seu Ikihatsunukishi. Ela pegou e dentro tinha um dispositivo eletrônico. O mesmo se ativou sozinho e mostrou um holograma com uma coordenada. Maigriyah, surpresa, aproximou-se.

— Esse lugar parece familiar… AHHHH! — gritou Maigriyah se assustando com o robô drone, que apareceu de repente na sua frente.

— SAIAM JÁ DAÍ! VOCÊS FORAM CERCADOS PELOS HANKYTERS! — gritou Adritiff, desesperado.

Um disparo a laser acertou o robô drone, danificando-o seriamente. 

— ABAIXEM-SE! — ordenou Mortrazha se jogando no chão.

Todos se jogaram seguindo o instinto e diversos disparos vindos de todos os lados, destruía tudo. Quando os disparos cessaram, o robô drone, mesmo com falhas, se aproximou de Lillillah.

— Vou distraí-los lá fora e me autodestruir. Aproveitem para fugir — disse Adritiff.

— Tudo bem! Eu entro em contat…

— Nããããooo use meios de comunicação convencionais. Vou rastreá-los. Esperem que eu entre em contato de uma forma segura. Façam de tudo para saírem dessa. Usem o poder de vocês. Se forem capturados por eles, tenho quase certeza que não poderei fazer na—da p–or vo—c…

— O que houve? Adritiff? Adri…?

A comunicação começou a falhar. O robô drone saiu da residência e de repente os disparos voltaram. Logo em seguida uma forte explosão fez o chão tremer.

— AGORAAAA! VAMOS POR AQUI! — gritou Lillillah.

Todos se levantaram de forma desesperada e a seguiram. Eles saíram pelos fundos. Drihee foi o último a sair e parou pensativo. Ninguém percebeu que ele havia ficado para trás. Drihee se lembrou de uma discussão que teve com uma mulher que parecia ser bem próxima a ele. Seu coração apertou e um sentimento de desespero para conseguir saber quem era ela, tomou conta dele.

Um disparo acertou sua perna.

— AHHH! — gritou Drihee se contorcendo de dor.

— Atrás! Peguei um — disse um Hankyter pelo comunicador.

Outro Hankyter se aproximou dizendo:

— Deixe-o comigo. Vá atrás dos outros.

— Afirmativo.

Drihee pegou seu Ikihatsunukishi, ativou e apontou para o Hankyter. Eles ficaram se encarando, quando de repente um jato de água acertou o Hankyter. Lillillah correu até Drihee e o ajudou a fugir dali. Ela acionou a USaM por comando à distância e a levou para perto deles. Maigriyah e Mortrazha, aproximaram-se e todos entraram na USaM

Vários Hankyters correram na direção deles.

— NÃO VAMOS CONSEGUIR FUGIR! SÃO MUITOS! — gritou Mortrazha.

Antes de eles decolarem, Drihee, com o pensamento em fúria, por não ter conseguido lembrar de onde era a mulher em seu pensamento, apontou o seu Ikihatsunukishi para os Hankyters e lançou uma rajada de fogo neles. Os inimigos se dispersaram tentando escapar da labareda que consumia tudo.

Eles decolaram e fugiram em alta velocidade. Encontraram um lugar com uma floresta densa e se esconderam.

— Essa foi por pouco — disse Drihee.

Todos olharam para ele ao mesmo tempo.

— O que faremos agora? — questionou Mortrazha. — Temos que descobrir por que eles estão atrás da gente.

— Hankyters, são caçadores sem lei. Eles recebem serviços de diversas outras TERRAS e invadem qualquer lugar como espiões. Eles matam ou sequestram sem sentimento de culpa. Só existem para executarem as missões obscuras pelas quais são pagos. Não consegui investigar muito a respeito, mas acredito que eles façam serviços para a TERRA CENTRAL — disse Maigriyah, pensativa.

— Possível! Eu não confio na TERRA CENTRAL — disse Mortrazha.

— Antes de sermos atacados, você disse alguma coisa do lugar que vimos no holograma. Que lugar é esse? Precisamos ir até lá para sabermos o que houve com a filha de Mistrunihik — disse Lillillah, preocupada, enquanto cuidava do ferimento de Drihee.

— É um lugar remoto ao sul. Teríamos que atravessar o oceano ou seguir pela TERRA CENTRAL até chegar lá — disse Maigriyah.

— Estou lembrando que você comentou que esse lugar era familiar. Por que? — perguntou Lillillah.

— Eu e meu pai já fomos lá investigar sobre um possível local, onde poderia ter escritos antigos que relatam muitos fatos históricos de Nairin. Uma biblioteca perdida, mas quando chegamos lá não encontramos nada. Coincidência a coordenada do holograma indicar para lá — disse Maigriyah, pensativa.

— Vamos lá investigar. Precisamos saber o que houve com Ninitrik — disse Lillillah, terminando os curativos em Drihee.

— Mas e a missão que meu pai nos deixou? Temos que ir até a coordenada que ele nos deixou. Já desviamos o foco até aqui e quase fomos capturados. Temos que seguir o que ele falou para investigarmos — questionou Maigriyah.

— Acho melhor seguirmos o que ela disse. Se formos até esse lugar remoto do holograma, pode ser que caiamos em alguma armadilha. Não sabemos quem deixou esse holograma lá — disse Mortrazha .

Lillillah ficou pensativa com o comentário dele. Ela ficou dividida com as opiniões, mas a sua prioridade era encontrar Ninitrik, filha de Mistrunihik. Quando Lillillah ia falar algo…

— Eu me distraí e acabei me ferindo, mas enquanto eu e Lillillah tivermos nossos Ikihatsunukishi, acho que poderemos enfrentar esses tal de Hankyaters. Se essa menina a qual viemos procurar foi capturada. Vamos resgatá-la! — disse Drihee, querendo mostrar confiança.

Lillillah olhou nos olhos dele e sorriu.

— Mesmo vocês sendo Ikihatsunukishisen, se forem pegos pela TERRA CENTRAL, sofrerão. Eles têm poder para destruí-los, sem esforços — disse Mortrazha.

— Concordo com você, mas vamos atrás de Ninitrik primeiro. Vamos com cautela. Se não a encontrarmos, voltamos e seguimos até a coordenada que o senhor Hirahtray nos passou — disse Lillillah olhando para Maigriyah.

Elas sorriram uma para outra. Mortrazha pareceu ficar insatisfeito, mas não questionou. Maigriyah preparou uma rota segura até a coordenada do holograma e logo depois de um tempo, eles partiram.

 

***

 

— Vamos apagar esse fogo para não chamarmos atenção e não deixarmos rastros significativos — disse um dos Hankyaters para outros deles.

O Hankyater que foi atacado por Lillillah, se afastou dos outros e entrou em contato com seu superior.

— Eles fugiram, mas a missão está sob controle. A USaM está sendo rastreada e eles devem seguir as coordenadas. Farei de tudo para que os Ikihatsunukishisen não saiam do nosso objetivo.

4,6
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

16 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS

NAIRIN | CAPÍTULO 7

CAPÍTULO

7

AMIGO OU INIMIGO?

Lillillah estava levantando voo com a USaM para ir até a residência de Ninitrik, filha de Mistrunihik, quando Yu voou rapidamente para cima dela.

— AHHHHHH! ROBÔ INÚTILLL! — gritou Lillillah, dando um tapa nele.

Yu voltou para frente dela.

— Lillillah, sou eu novamente — disse Adritiff.

— Tenha cuidado com esse robô — reclamou Lillillah.

— Vocês precisam fugir! Acho que descobriram sobre vocês. Alguém da família que vocês foram ver solicitou um chamado de segurança, alegando que um dos seus parentes foi atacado. Vou te passar uma coordenada segura, para se esconderem — disse Adritiff, nervoso.

— Como você deixou? Achei que você era… O que? O que está acontecendo?

— O que está havendo, Lillillah? — perguntou Mortrazha, trocando olhares com Drihee.

— Perdi o controle da USaM! — disse ela, desesperada.

— Estou vendo daqui! Alguém hackeou a USaM — disse Adritiff.

Lillillah olhou para Drihee e Mortrazha, sem esperanças de se livrar do problema que eles haviam acabado de ter. Depois de um tempo em silêncio e apreensivos, tentando entender para onde estavam sendo levados, Adritiff por meio do robô drone Yu

— Como é possível? Vocês estão sendo conduzidos para a coordenada segura que eu ia direcioná-los, mas não sou eu que estou no controle. Como? O que está acontecendo?

— Como assim? Então quem está nos controlando? — questionou Lillillah, nervosa.

Drihee e Mortrazha trocavam olhares, preocupados. Quando Mortrazha ia dizer algo, Lillillah gritou:

— NÃÃÃÃOOO!

Ela socou os controles de direção da USaM. Eles estavam em alta velocidade e em pouco tempo chegaram a TERRA vizinha, CAIJUNHIUM.

— Estamos parando — disse Mortrazha, tentando ver onde estavam.

— TERRA CAIJUNHIUM. Povoado local, não aderiu à tecnologia e não tem acordo de colaboração e recebimento de recursos da TERRA CENTRAL. CAIJUNHIUM é uma TERRA neutra, porém não aceitam que outras TERRAS entrem aqui sem autorização.

— Se eles não aderiram à tecnologia, como que eles ficam sabendo quando alguém entra na TERRA deles? — questionou Drihee.

— Não aderir a uma tecnologia, não quer dizer que não podemos desenvolver as nossas próprias — disse uma voz feminina, saindo dos comunicadores da USaM.

— O que? Quem é? — perguntou Lillillah, nervosa.

— Essa voz é familiar — disse Adritiff — Maigriyah? O que você está fazendo? — perguntou o amigo de Lillillah, confuso.

— Ha! Ha! Agora admita que sou melhor do que você! Estou infiltrada no seu sistema há tempos e você não me detectou — disse Maigriyah, rindo.

— Quem é essa GAROTA? — questionou Lillillah, irritada.

— É uma amiga, eu acho. Ela trabalhou comigo na TERRA CENTRAL. Fiquei sabendo que você também foi embora de lá. Para onde você foi, Mai?

— Pode-se dizer que estou perto. Quando vi que estava investigando sobre os Ikihatsunukishisen, marquei em cima de vocês. Quero mostrar uma coisa para os Ikihatsunukishisen dessa USaM — disse Maigriyah, mudando o tom de voz.

— Como assim nos mostrar algo? Só porque você é conhecida do Adritiff não quer dizer que eu vá confiar em você. Onde estamos? — perguntou Lillillah, ainda mais irritada.

— Acalme-se, Lillillah. Acho que podemos confiar nela e…

— VOCÊ ACHA? SE VOCÊ NÃO TEM CERTEZA, COMO É QUE EU VOU CONFIAR? — disse Lillillah, nervosa, interrompendo Adritiff.

— Vocês podem sair — falou Maigriyah.

Lillillah, Drihee e Mortrazha olharam pelos visores, e viram que tinha uma menina e um ancião os aguardando.

— Eles parecem inofensivos — comentou Mortrazha.

Drihee já estava saindo.

— Ative seu Ikihatsunukishi, Drihee — ordenou Lillillah ativando o seu.

Ele parou e pensou por uns segundos se ia ou não ativar. Ele a ignorou e saiu.

— Teimoso — disse Lillillah indo atrás dele.

Mortrazha e Adritiff sob o controle do drone, os acompanharam.

— Podem confiar, não somos inimigos — disse o ancião, calmamente.

— Então você é mesmo o Ikihatsunukishisen do fogo! Mostre-me igual a ela — pediu Maigriyah, tentando ser mais simpática.

Drihee olhou para Lillillah que estava com o Ikihatsunukishi ativado, pronta para atacar. Ele pegou calmamente o seu Ikihatsunukishi em forma de cristal e ativou.

— Fascinante! — disse o ancião, sorrindo.

— Venham! Vamos conversar — disse Maigriyah.

— O que querem com a gente? Quem são vocês? — questionou Lillillah, parecendo querer atacar.

— Ela, vocês já sabem o nome. Eu me chamo Hirahtray. Maigriyah descobriu que vocês estão à procura de respostas sobre os Ikihatsunukishisen, mas antes disso me digam: como ele chegou aqui em Nairin? — perguntou Hirahtray, apontando para Drihee.

— Vocês ainda não responderam. Quem são vocês? — tornou a perguntar, Lillillah, irritada e a ponto de atacar.

— Garota, acalme-se! Não somos seus inimigos. Também estamos em buscas sobre os Ikihatsunukishisen há muito tempo. Vocês são uma descoberta um tanto inesperada. Eu já estava desistindo de rastrear algum de vocês. Desde o ataque à CENTRAL, há muito tempo, que não se houve falar sobre os Ikihatsunukishisen. Pelo que descobri, os poucos que ainda tinham naquela época, após o ataque à TERRA CENTRAL, tiveram seus Ikihatsunukishi confiscados e alguns até desapareceram. Hirahtray sempre me convencia a continuar pela busca de algum Ikihatsunukishisen. Quando meus vírus detectaram pesquisas sobre os Ikihatsunukishisen no sistema de Adritiff passei a monitorá-los com detalhes.

O robô drone que Adritiff estava controlando, voou até Maigriyah.

— Você é muito audaciosa! Como você invadiu meu sistema?

Maigriyah sorriu e voltou a atenção para Lillillah e os outros.

— Vamos, vou lhes mostrar o que temos de informações sobre os Ikihatsunukishisen — disse Hirahtray, caminhando em direção a uma residência antiga.

Drihee desativou o Ikihatsunukishi e acompanhou ancião. Maigriyah foi logo atrás. Mortrazha olhou para Lillillah e resolveu acompanhar Drihee. Ela sem alternativas, desativou seu Ikihatsunukishi e os acompanhou não muito satisfeita.

Assim que todos entraram na residência antiga, eles desceram uma escada velha de madeira que dava em uma porta de ferro velha. Hirahtray colocou a mão na porta e a mesma fez a leitura das suas digitais abrindo imediatamente. Era um elevador bem tecnológico. Todos entraram de uma vez e começaram a descer. 

Eles entraram no laboratório de Hirahtray e Maigriyah. Era bem avançado e com suporte a muitas tecnologias de rastreamento e hack para quebra e invasão de sistemas avançados.

— Interessante, disse Lillillah, enquanto olhava para todas as coisas com muita atenção.

— Agora está explicado como invadiu meu sistema. Como conseguiu acesso a toda essa tecnologia? — questionou Adritiff, falando através do drone.

Todos o ignoraram. Hirahtray foi até a central de dados.

— Olhem, as informações que tínhamos sobre os Ikihatsunukishisen se resumiam ao que descobrimos sobre vocês desde que Maigriyah os detectou pelo sistema de Adritiff.

— Você disse que tinha informações sobre os Ikihatsunukishisen antigos!questionou Lillillah irritada e desconfiada.

— E eu não menti. As dos antigos, todos já sabem. São do incidente, mas as informações recentes são sobre vocês, desde que Adritiff inseriu a identificação de nairiniano do Drihee no sistema da CENTRAL.

— Então você sabe que eu não sou daqui! — disse Drihee, confuso.

— Sei! E é exatamente isso que você não me respondeu! Como você chegou aqui em Nairin? — perguntou Hirahtray.

— Eu não sei! Na verdade não me lembro de muita coisa. Parece que perdi minhas memórias — disse Drihee, tentando se lembrar de algo.

Mortrazha encarou Drihee. Lillillah ia falar como ele surgiu de repente, mas…

— Eu o encontrei depois dele ser atacado por um Oryxullan. Como ele não se lembra de nada, não sabemos de onde ele veio.

— Compreendo! Isso não será importante, por enquanto. Preciso que vocês dois, Ikihatsunukishisen, se mantenham unidos e que façam uma coisa.

Lillillah e Drihee trocaram olhares.

— Temos informações sobre um possível descendente da Líder pós-retorno. Preciso que vocês o encontrem. A possível localização dele já foi enviada para a USaM — disse Hirahtray.

— Por que eles podem ir? Já temos essa informação há um tempo e você nunca me deixou ir lá investigar — questionou Maigriyah.

— Você irá com eles.

— Hã? Mas agora não quero. Você está com a saúde muito debilitada, não…

— Vá! Eu vou ficar bem! Eles vão precisar de você. Guie-os nessa missão.

Mas, pai…

Lillillah e Mortrazha ficaram surpresos. A palavra pai fez com que uma memória sobre alguém próximo a Drihee o atordoasse. 

— Está tudo bem? — perguntou Mortrazha para Drihee.

— Sim, está! —  disse Drihee, enquanto tentava entender a lembrança repentina.

— Apesar de já estar anoitecendo, vão! Não percam tempo. Tem uma coordenada segura onde poderão parar para descansar. Depois prossigam ao amanhecer. Estarei aguardando por respostas — disse Hirahtray, parecendo cansado.

Maigriyah foi até ele e o abraçou. 

— Não deixe de tomar seus medicamentos — disse ela olhando nos olhos dele.

Ele sorriu e acariciou a cabeça de sua filha. Maigriyah preparou suas coisas, se despediu do pai e partiu com Drihee e os outros. Hirahtray os acompanhou até a saída da residência antiga. Sua filha, um pouco antes de embarcar na USaM, olhou para ele, como se fosse chorar, e logo depois entrou.

Hirahtray voltou para o laboratório com um pouco de dificuldade. Ele foi até sua área de descanso e pegou sua caixa de medicamentos.

— Acho que não preciso mais tomar esse elixir de vida — disse Hirahtray, vendo que precisava tomá-lo.

Ele sentou em um local acolchoado, e com a saúde debilitada, deitou e falou consigo mesmo:

— Obrigado, meu irmão! Você cumpriu sua promessa. Mesmo que não tenha sido você a voltar para mim com as respostas, acredito que seu descendente possa tê-la e irá trazer de volta a glória dos Ikihatsunukishisen e, possivelmente, nos livrar desses seres malignos destruidores de mundos que ainda vagam por Nairin e pelo Universo.

Hirahtray virou o rosto, fechou os olhos lentamente e no último suspiro, tentou chamar Maigriyah.

4,6
4,6 out of 5 stars (based on 11 reviews)
Excelente64%
Muito bom36%
Média0%
Ruim0%
Muito ruim0%

Ótimo início.

29 de outubro de 2022

Adorei como o autor escreve e como é dinâmico os acontecimentos do livro.

O primeiro capítulo ficou ótimo.

Sullivan

Bom Ate

18 de agosto de 2020

Ate o Momento esta bem legal nao tenho costume de ler mas este esta me mantendo

Marcelo

Fácil

16 de agosto de 2020

Muito fácil de ler e entender

Eudimar

CAPÍTULOS